Alemoa, no Porto de Santos /Divulgação
Região Sudeste
Porto de Santos e startups firmam parceria para melhorar operações
Sistemas da Navalport e Logshare vão otimizar atracação de navios e compartilhamento de cargas transportadas por caminhões
O Porto de Santos (SP) quer otimizar o processo de programação e gestão dos berços de atracação e melhorar o processo de compartilhamento de cargas transportadas por caminhões. Para isso, a Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o complexo portuário santista, assinou ontem (23) dois acordos de cooperação técnica com as startups Navalport e Logshare, que fazem parte do sistema Cubo Itaú, um hub que reúne soluções inovadoras e tecnológicas para o mercado, em São Paulo.
A Navalport, que já tem experiência em projetos portuários, pretende otimizar a gestão dos berços e implantará sua plataforma num prazo de seis meses. O projeto vai integrar os sistemas operacionais dos terminais portuários ao sistema de agendamento para caminhões da SPA (Sealog), e ao sistema que monitora os navios (Automatic Identification System – AIS). Será implementado também o Port Insight, ferramenta inédita concebida para melhorar a gestão de berços de atracação e as filas de navios, diminuindo assim o tempo de espera no Porto de Santos.
Já a Logshare, que atua no segmento de varejo e indústria, planeja uma ferramenta que permita aos motoristas que abastecem o complexo com cargas de exportação já tenham outra carga agendada para o retorno da viagem.
Para isso, a Logshare implementará uma plataforma para carga combinada a partir da integração com o Sealog, o sistema de agendamento de caminhões da SPA. A expectativa da Autoridade Portuária é que, se bem-sucedida, a solução otimize a contratação dos veículos que têm como destino o Porto de Santos, para que possam retornar aos seus pontos de origem com cargas, o chamado “backhaul”. Essa operação gera ganhos e redução de custos para caminhoneiros, transportadoras, embarcadores e setor portuário.
O sistema a ser implantado pela Logshare já é aplicado em outros ambientes, mas inédito no setor portuário e procurará responder a um desafio em nível internacional, já que, segundo a startup, essa operação ainda não é feita com eficiência em nenhum lugar do mundo.
Os acordos são válidos por 12 meses renováveis pelo mesmo período e não têm quaisquer ônus financeiros para a SPA. A Companhia disponibilizará dados e informações para que as startups implantem seus produtos que, futuramente, poderão ser replicados em outras operações portuárias no mundo.
O diretor de Operações da SPA, Marcelo Ribeiro, afirma que a meta é “estabelecer um novo paradigma tecnológico para o Porto de Santos, buscando estimular a geração de inovações com alto potencial de impacto e ganhos de eficiência que possam ser implementadas, também, em todo o setor portuário nacional”.
As duas parcerias integram o Programa de Inovação da Autoridade Portuária que pretende colocar o Porto de Santos em um novo patamar de inovação tecnológica. O programa intensifica a cooperação entre a SPA, terminais portuários, instituições científicas e tecnológicas, institutos de pesquisa e startups na busca por soluções compartilhadas para a atividade portuária.
Startups
A Logshare é uma startup especializada em “backhaul” (retorno do veículo ao seu ponto de partida com carga). A empresa presta serviço de otimização de fretes para grandes indústrias e varejo nacional, como GPA (Grupo Pão de Açúcar).
A Navalport conta com ampla experiência em projetos portuários e tem em seu portfólio clientes como a Petrobras e o Porto de Trombetas (PA).
Os dois acordos foram desenvolvidos no âmbito do Comitê de Inovação da SPA, criado em 2021 com o objetivo de integrar o Porto de Santos ao ecossistema de inovação. Por meio dessa agenda, a SPA pretende firmar parcerias não apenas com startups, mas, também, expandir a relação com universidades, comunidade portuária e agentes públicos e privados da região na busca de padrões e semelhanças em serviços, viabilizando seu compartilhamento para racionalizar investimentos e acelerar o processo de inovação em busca de maior eficiência operacional.
A primeira ação foi um acordo de cooperação técnica com a Wilson Sons e DockTech voltado para aperfeiçoamento e uso de tecnologia inédita de monitoramento do leito marítimo. Desenvolvida pela startup israelense DockTech, a solução mapeia, em tempo real, a profundidade do canal de navegação e é capaz de entender o padrão de assoreamento dos portos, prevendo como as variações no leito afetam a segurança da navegação e o transporte de cargas.