A participação dos portos do Arco Norte nas exportações das duas commodities cresceu segundo o anuário e já representa 40% do escoamento de soja e milho no País, frente aos portos do sudeste e sul. Foto: Divulgação
Região Nordeste
Porto do Itaqui é o principal exportador de milho do Matopiba
Cais maranhense também exporta quase 30% da soja da região do Arco Norte
O Porto do Itaqui, no Maranhão, foi responsável por 94,29% do milho exportado pela região do Matopiba (que envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e 26,3% do volume de soja, de acordo com o Anuário Agrologístico 2024, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A participação dos portos do Arco Norte nas exportações das duas commodities cresceu segundo o anuário e já representa 40% do escoamento de soja e milho no País, frente aos portos do sudeste e sul, puxados por Santos (SP), o maior do Brasil.
“O porto do Maranhão torna-se o principal da região por diversos motivos, entre eles seu calado, muito parecido com portos grandes, como Rotterdam, na Holanda, e confirmam o caráter exportador de grãos, além do minério, dos portos do arco norte”, explica o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Guth.
Ainda segundo os dados, o volume de milho exportado pelo Maranhão foi de 5,55 milhões de toneladas. O porto maranhense exportou, por sua vez, 10,41 milhões de toneladas de soja.
Thomé diz que esse resultado é reflexo dos avanços não apenas dos portos da região, mas também dos modais de transporte, como o ferroviário.
“Esse progresso impulsiona esse novo eixo, ao tornar a região economicamente atrativa aos agricultores, que encontram fretes mais baratos em relação às rotas para os portos do Sul e Sudeste. Além disso, há um crescente investimento no embarque de grãos e internalização de fertilizantes, o que promove, para muitas cargas direcionadas ao Arco Norte, o frete de retorno. Cenário que tende a se repetir também na nova região do Sealba (Sergipe, Alagoas e Bahia)”. Frete de retorno é uma modalidade que aproveita o espaço vazio do veículo na volta ao local de origem.
Exportações baianas
A Bahia ainda é o principal estado exportador de soja do Matopiba. No entanto, em termos percentuais, foi o que menos cresceu comparativamente aos outros estados pertencentes a esta região nos últimos anos, segundo a Conab.
No período entre 2019 e 2023, o incremento das exportações baianas foi de 38,7% contra 81,3%, 103,8% e 64,1%, respectivamente, nos estados do Maranhão, Piauí e Tocantins.
“Cabe ressaltar que o volume de exportação de soja do Maranhão vem se aproximando daquele exportado pela Bahia, com uma tendência do estado maranhense se tornar o principal exportador da oleaginosa da região. Isso porque quase tudo que o Maranhão produz é exportado, enquanto a Bahia reserva parte da produção para plantar, consumir e exportar farelo de soja”, diz o analista.
Crescimento
Em comparação a 2019, o volume exportado pelo Arco Norte em 2023 apresentou aumento. No caso da soja, de 30,4%, em 2019 para 33,8% em 2023. O milho subiu de 33,4% para 42,5%.
No porto de Santos, somente a soja teve incremento usando como base a mesma comparação: 6,9% a mais em 2023, na comparação com 2019. O milho, por sua vez, teve queda no volume exportado de 5%.
“Se o comparativo for mais mais longe, essa elevação da importância do Arco Norte para as exportações é ainda mais significativa”, destaca Guth.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em 2010 a participação dos portos da região Norte nas exportações de soja e milho era de cerca de 8%. Cenário totalmente diferente ao encontrado em 2022, quando essa contribuição chegou a 40,3%.
“No último ano, todavia, eles perderam um pouco de espaço na participação (36,9%) para os portos do Sul e Sudeste do país. Mas vale destacar que isso ocorreu, sobretudo, pelo redirecionamento de parte dos embarques, por questões de navegabilidade das hidrovias do Norte do país, face à forte seca registrada”, conclui.