Porto Murtinho deverá ganhar posição de destaque como centro de distribuição de cargas, na opinião do pesquisador do Ipea, Pedro da Silva Barros. Crédito: Divulgação/Governo MS
Região Centro-Oeste
Porto Murtinho deve se tornar centro logístico com Rota Bioceânica
Previsão foi feita pelo Ipea em encontro que discutiu benefícios da obra
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) desenha para a cidade de Porto Murtinho (MS) um cenário transformador, a médio prazo, com o início das operações de transporte de cargas pela Rota Bioceânica, que ligará o Brasil ao Paraguai, Argentina e Chile. O município será beneficiado pela ponte Brasil-Paraguai, que ainda está em obra, e ligará Murtinho a Carmelo Peralta, no Paraguai.
Segundo o órgão, a estratégica localização da cidade fronteiriça como eixo central da Rota Bioceânica (Atlântico-Pacífico) vai gerar um novo ciclo de desenvolvimento para a região, que deve se tornar um hub logístico.
“Porto Murtinho estava no final do caminho, posição que se reverte com esse corredor. Surge uma cidade articuladora, com uma logística multimodal (hidrovia e rodovia) de grande atratividade”, analisa o pesquisador do Ipea, Pedro da Silva Barros.
Para ele, Murtinho deixa de ser periférica e ganha posição de destaque como centro de distribuição de cargas.
O pesquisador analisou as previsões da obra durante um encontro com o prefeito murtinhense Nelson Cintra, na última segunda-feira (5), que reuniu o grupo de trabalho do projeto de integração oceânica composto por atores de governança, públicos e privados, dos quatro países que integram a obra: Brasil, Paraguai, Argentina e Chile.
O Paraguai avança com as obras de sua responsabilidade na região do Chaco, com a licitação do último trecho a ser pavimentado da Ruta 15, de 220 km, que interligará as fronteiras com o Brasil e a Argentina.
Já o prefeito Nelson Cintra expôs as ações que estão sendo desenvolvidas em sua gestão para preparar o município para o desenvolvimento. Entre elas, ele destacou a parceria do governo estadual e da bancada federal que visa buscar recursos da ordem de US$ 35 milhões para estruturar o município.
Ainda de acordo com Cintra, a presença de 11 prefeitos de Mato Grosso do Sul no Fórum Internacional do Corredor Bioceânico, realizado em Antofagasta (Chile), no fim do mês passado, demonstra que há envolvimento regional.
O pesquisador do Ipea declarou que “é preciso saber utilizar bem essa oportunidade imensa que se projeta”, e parabenizou a participação dos prefeitos no fórum, alegando que a ação foi importante para conhecer o trajeto da Rota Bioceânica e os “vizinhos”.
Barros também detalhou diagnósticos do Ipea que apontam um leque de possibilidades de crescimento mercadológico, além da competitividade dos produtos brasileiros com a redução dos custos de transporte, classificando o acesso a um mercado regional como uma porta mais acessível às pequenas e médias empresas que queiram se internacionalizar.
“Por isso a importância do governo de Mato Grosso do Sul de estar atento às dinâmicas do novo corredor”, explicou.
“O desafio para Porto Murtinho, nesse momento, é manter as externalidades positivas gerados pela construção da ponte (sobre o Rio Paraguai) e os acessos, que já movimentam a economia, e aproveitar as oportunidades comerciais que advirão com o fluxo de cargas e pessoas, que serão muito maiores”, avaliou Barros.
A Rota Bioceânica também deve atrair terminais logísticos e a instalação de portos secos. O novo caminho encurta em 17 dias a viagem de mercadorias entre Mato Grosso do Sul e a Ásia, e deve ser concluído até 2025.