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O maior porta-contêiner operado no Brasil hoje é o 366M, operado pela MSC, com capacidade para 15 mil TEUs. A entidade afirma que, dos 17 portos com operação de contêiner no país, apenas seis estão homologados para receber o navio, entre eles Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Foto; Divulgação/APS

Nacional

Portos nacionais não suportam novos navios, diz Centronave

29 de outubro de 2024 às 18:20
Da Redação Enviar e-mail para o Autor

Embarcações maiores chegam ao mercado em 2026, mas terminais não têm calado nem berços adequados

Quase metade da capacidade dos grandes navios porta-contêineres que chegam ao mercado até 2026 não pode ser aproveitada no Brasil devido à defasagem dos calados (profundidade) e berços (área de atracação) dos terminais brasileiros. As informações são de um estudo feito pelo Centro de Navegação Transatlântico (Centronave).

A entidade analisou números da plataforma Alphaliner, que reúne dados sobre o setor. Segundo o levantamento, até 2026, o mercado vai receber aproximadamente 4,5 milhões de TEUs (unidade de contêiner de 20 pés) em nova capacidade relacionada a navios que carregam mais de 10 mil TEUs – os maiores e mais novos do setor. Mas, apenas 47% desse montante é suportado nos terminais brasileiros, de acordo com o Centronave.

Um dos desafios é o calado ideal: para que os portos possam receber navios de porte maior, a profundidade deve ser de pelo menos 16 metros – em maré baixa. Outro entrave na operação é a elevada ocupação dos berços nos complexos portuários brasileiros.

Para driblar o calado insuficiente aos grandes navios, as empresas não carregam a capacidade total das embarcações, já que o peso de mais contêineres inviabilizaria a saída dos navios.

De acordo com o Centronave, o maior porta-contêiner operado no Brasil hoje é o 366M, operado pela MSC, com capacidade para 15 mil TEUs. A entidade afirma que, dos 17 portos com operação de contêiner no país, apenas seis estão homologados para receber o navio, entre eles Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Ainda assim, as restrições de infraestrutura atrapalham a operação em plena capacidade nesses terminais, diz a associação.

O Centronave estima uma perda de receita anual para o país de US$ 20,6 bilhões (mais de R$ 116,5 bilhões) em importações e exportações devido às restrições. O número leva em consideração rotas que partem de Santos para Europa, Ásia e Mediterrâneo.

Como solução ao problema, o setor cobra o governo para que sejam realizadas mais obras de dragagens nos terminais. No porto de São Francisco do Sul (SC), por exemplo, a autoridade portuária pretende publicar ainda em 2024 o edital para contratar a empresa que fará o alargamento e o aprofundamento do acesso à Baía de Babitonga, onde estão localizados o terminal e o Porto de Itapoá. Com a dragagem, a profundidade do canal de acesso aos dois portos chegará a 16 metros.

Segundo Claudio Loureiro, diretor executivo do Centronave, há uma demanda de alguns segmentos que exige elevação na quantidade de carga transportada pelos porta-contêineres ou aumento na frequência de navios. Por causa das restrições de calado e do gargalo nos berços, nenhuma das duas medidas pode ser implementada pelos armadores (transportadoras).

“É dramático. Eu tenho navio grande que não posso usar na sua plenitude. E os terminais que poderiam operar a plenitude não operam porque o navio não chega. Precisaria de dragagem de aprofundamento, dragagem de manutenção e mais área”, afirma Loureiro.

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