Porto de São Francisco do Sul informou que a paralisação afetou a rotina do porto, com navios a espera para operação de carregamento e descarregamento (Foto: Divulgação)
Nacional
Portos registram poucos impactos nas operações com greve nacional
Mesmo com paralisação desde às 7h da manhã, Autoridades Portuárias atualizaram situação de movimentação e operação nesta terça-feira (22)
A paralisação nacional de trabalhadores portuários avulsos, que ocorre desde as primeiras horas desta terça-feira, 22 de outubro, não causou impactos significativos nas operações dos portos brasileiros. Na maioria dos casos, conforme apurado pelo BE News, as movimentações e operações ocorrem normalmente, com alguns complexos registrando lentidão.
O BE News apurou a greve nos portos de Paranaguá (PR), Itaqui (MA), Santos (SP), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Rio de Janeiro (RJ), Niterói (RJ), Itaguaí (RJ), Vitória (ES). A greve acontece também em portos do Nordeste, como Salvador e Aratu (BA), Suape e Recife (PE) e Fortaleza (CE).
Na maioria dos terminais, as paralisações começaram às 7h, enquanto que em alguns portos os trabalhadores suspenderam as respectivas atividades às 8h.
A ação é coordenada pela Federação Nacional dos Portuários (FNP), Federação Nacional dos Estivadores (FNE) e pela Fenccovib (entidade que representa conferentes, consertadores, vigias, trabalhadores de bloco, arrumadores e amarradores de navios). Juntas, elas representam mais de 50 mil funcionários que atuam nos principais complexos portuários do Brasil. A greve prevê paralisação de 12 horas.
Na região Sul, sindicatos que representam trabalhadores da orla portuária do Rio Grande (RS) também aderiram à greve nacional. A Portos RS, Autoridade Portuária dos portos públicos do estado gaúcho, não se posicionou a respeito da paralisação. A companhia também não informou sobre impactos nas operações portuárias dos três portos públicos do estado.
Em Santa Catarina, trabalhadores que atuam no Porto de Itajaí começaram a mobilização às 7h e seguem até às 18h. O Porto de Itajaí comunicou que as operações no terminal de contêineres arrendado à JBS, bem como as atividades no cais público, ocorrem normalmente, porém em ritmo lento, pois uma parte dos trabalhadores avulsos aderiu à paralisação.
Em São Francisco do Sul, os trabalhadores suspenderam as atividades também às 7h. Segundo a imprensa local catarinense, cerca de 700 trabalhadores aderiram. A Autoridade Portuária de São Francisco do Sul afirmou que a paralisação afeta a rotina do porto. Desde a manhã havia navios com carga de fertilizantes, produtos siderúrgicos, madeira e soja, em espera para serem carregados e descarregados.
Trabalhadores do Porto de Paranaguá (PR), o segundo maior complexo portuário público em termos de movimentação de cargas, também participaram da greve. Os profissionais de diversos sindicatos trabalhistas se reuniram desde às 7h em frente ao Palácio Dom Pedro II, reivindicando seus direitos.
A Portos do Paraná, em nota, informou que a paralisação seguirá até às 19h nos complexos de Paranaguá e Antonina. “A paralisação ocorre de forma pacífica no Paraná com algumas operações impactadas pela falta de mão-de-obra. A movimentação geral segue acontecendo nos portos paranaenses”, disse a companhia.
Sudeste
Em Santos, trabalhadores portuários que representam sindicatos da categoria se reuniram em frente a Brasil Terminal Portuário (BTP), terminal de contêineres da margem direita. A manifestação ocorreu de forma pacífica. O BE News procurou a Autoridade Portuária de Santos (APS) a respeito dos impactos das operações no cais, mas não obteve resposta.
Sindicatos que representam trabalhadores portuários avulsos do Porto de Santos aceitaram a cláusula de paz proposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT-2) durante audiência realizada na última sexta-feira. A liminar prevê a participação de 50% da mão de obra operando no maior complexo portuário do país. Segundo o Tribunal, três sindicatos aceitaram a cláusula proposta: Sintraport, Sindestiva e Sindogeesp.
A Vports, concessionária que administra os portos do Espírito Santo, comunicou que a diretoria mantém diálogo com os líderes da manifestação de trabalhadores avulsos, visando não comprometer os acessos e as operações nos complexos de Vitória e Vila Velha. As operações ocorrem de maneira normal, segundo a empresa.
No Rio de Janeiro, havia expectativa de uma grande adesão de trabalhadores avulsos na paralisação nacional. No entanto, conforme informou a PortosRio, em razão de uma liminar obtida pelo Sindicato dos Operadores Portuários do Estado do Rio de Janeiro (Sindoperj) e pelo Sindicato dos Operadores Portuários do Município de Itaguaí (Sindopita), não houve paralisação das atividades portuárias nesta terça-feira. A Autoridade Portuária reiterou que os portos operam normalmente, sem qualquer prejuízo ao fluxo de mercadorias.
Nordeste
Trabalhadores portuários avulsos bloquearam o acesso ao Porto do Itaqui, no Maranhão. O grupo fechou a via utilizando carros e, carregando cartazes, reivindicam os direitos trabalhistas para a categoria.
Ao BE News, a Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP) informou que esperava pela manifestação com a participação de 50% dos trabalhadores, conforme o comunicado sindical local. No entanto, a totalidade das operações foi interrompida pela manhã, em descumprimento a uma decisão judicial da Justiça do Trabalho, que havia determinado a suspensão da greve sob pena de multa diária de R$ 50 mil.
A EMAP afirmou que o cenário impactou as operações que não envolvem a mão de obra avulsa, como a coleta e a saída de cargas pelo modal rodoviário, além do acesso de funcionários, que foi temporariamente suspenso pelo bloqueio na entrada do porto.
Por fim, a Autoridade Portuária anunciou que está tomando as medidas para garantir a continuidade dos serviços essenciais e que as vias de acessos foram totalmente liberadas.
Após o anúncio da greve nacional, a Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba) emitiu um comunicado aos líderes sindicais do estado de que não serão permitidos atos como bloqueios e obstrução de portões e vias de acessos aos portos públicos, bem como aliciamento a trabalhadores que optarem a não participar do movimento.
O diretor-presidente Antônio Gobbo reforçou o respeito aos direitos reivindicados pela classe trabalhadora portuária.