O diretor-superintendente da Praticagem de São Paulo, Hermes Bastos Filho, explicou o funcionamento do sistema e disse que o único fator variável é o “elemento humano”
Região Sudeste
Praticagem detalha gestão de tráfego em Santos
Prático Hermes Bastos Filho explicou em “live” do Santos Export como são planejadas e executadas as operações de navegação de navios no maior complexo portuário da América Latina
O que faz um prático e de que forma são realizadas as operações no canal de navegação no Porto de Santos? O diretor-superintendente da Praticagem de São Paulo, o prático Hermes Bastos Filho, apresentou as atividades da gestão de tráfego no maior complexo portuário da América Latina durante live promovida pelo Conselho do Santos Export,na tarde de ontem, com transmissão direta da sede da Praticagem de São Paulo, em Santos.
Bastos explicou detalhadamente como as operações são planejadas e executadas, considerando a demanda de navios, o tamanho das embarcações, condições do clima e das marés, calado, o tempo de atracação — entre entrada e saída dos berços —, adequações para suprir as deficiências e garantir a eficiência de cada operação de navio.
O prático destacou ainda que todo o planejamento da gestão de tráfego leva em conta a característica de estuário do canal de navegação do Porto de Santos. “No nosso caso, é um porto estuarino. Então, nós adotamos condições de tráfego adequadas às características do porto”, afirmou.
O controle de tráfego é feito por meio do Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT) da Praticagem de São Paulo.
Segundo Bastos, as atividades envolvem “soluções para melhorar a programação, soluções de problemas que encontramos no dia a dia e o que nós buscamos para aumentar a eficácia das nossas operações”.
O CEO do Brasil Export, Fabrício Julião, indagou sobre se é possível empregar mais tecnologia no sistema otimizando o controle de tráfego. Bastos respondeu que há variáveis que dificultam a sua inclusão no sistema como o “elemento humano”, por exemplo. “Quando fomos à Singapura, eles apresentaram um sistema em que apertavam um botão e alocava prático, rebocador etc. Então, no final, eles nos disseram: mas a única variável que a gente não controla é o prático. A capacidade e a habilidade de cada um muda muito e isso não dá para computar no sistema”, afirmou.
Já o diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), Ricardo Molitzas, que também é presidente do Conselho do Santos Export, perguntou se é possível adotar um sistema de comunicação mais eficaz entre os terminais e os práticos para otimizar as operações de navios.“Se a gente tivesse uma integração mínima inicial entre esses atores já não ajudaria um pouco no processo? E à medida que formos decifrando algumas coisas, a gente vai automatizando gradualmente, mas pelo menos a comunicação não poderia ser melhorada a curto prazo?”, perguntou.
“Quando a gente assume que podemos, efetivamente, fazer essa otimização como uma rotina do porto, de superar todos os problemas, inclusive individuais, é possível que coloquemos isso como um sistema de requisição para verificarmos o que é possível”, finalizou Bastos.
Atracações no Porto
Segundo dados da Santos Port Authority (SPA), no primeiro trimestre do ano, ocorreram 1.224 atracações de navios no Porto de Santos, 4,1% superior ao registrado em 2021 (1.176).
Excluídos os navios de passageiros e da Marinha, foram registradas 1.205 atracações, sendo 1.035 de navios de longo curso (aumento de 4,8% ante o ano de 2021) e 170 navios de cabotagem (queda de 2,9%).