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tecnologia & inovação

Presidente, é consulta em tela, robô, API ou push?

Atualizado em: 28 de março de 2023 às 10:58
Angelino Caputo Enviar e-mail para o Autor

Não tem jeito. Tem hora que o assunto tecnológico é espinhoso e grande parte dos executivos já olha atravessado, com vontade de mudar rapidamente o rumo da prosa.

Mas de vez em quando não tem jeito, uma ou outra decisão exige um conhecimento mínimo de TI, quer seja para entender por que não é possível obter o que se deseja, quer seja para justificar eventuais investimentos adicionais.

Todos os processos produtivos, hoje, são profundamente dependentes de TI. Isso gerou uma infinidade de sistemas e bases de dados que são mutuamente acessados por prestadores de serviços e usuários, numa verdadeira teia global que movimenta toda a economia moderna.

Os problemas começam a aparecer quando as informações necessárias para se avançar no processo não estão no sistema de nossa propriedade, mas sim em sistemas de terceiros.

Vamos imaginar que um determinado recinto alfandegado precisa, por exemplo, saber se a Receita Federal já liberou um contêiner para ser entregue ao importador. Parece fácil. Basta o funcionário do recinto entrar numa tela do sistema da RFB e consultar a situação do contêiner. Se ainda não estiver liberado, ele repete a operação mais tarde. Quando estiver tudo ok, ele digita esse novo status no sistema do recinto e o processo segue adiante.

E quando forem, nesse exemplo, muitos os contêineres? Quantos funcionários seriam necessários para ficar acessando o sistema da RFB? E quanta ineficiência na redigitação das informações já lidas na tela de outro sistema! Por isso, o pessoal de TI ajuda com um truque muito comum chamado robô. Isso não é nada mais, nada menos que um programa de computador que simula uma pessoa fazendo consultas no sistema alheio. Para isso, o robô inclui as credenciais, nome e CPF, por exemplo, de algum humano autorizado a fazer aquelas consultas.

Ocorre que um robô desses é milhares de vezes mais rápido que o ser humano real e, normalmente, o sistema que está do outro lado, respondendo às consultas, não está dimensionado para esse tanto de consultas simultâneas, principalmente se forem vários robôs simultâneos acessando.

É nesse momento que o pessoal de TI do sistema provedor de informações pede um orçamento adicional para reforçar os computadores, discos e links de comunicação, pois o sistema está próximo de ter sua capacidade esgotada.

Uma equipe de TI mais esperta, no entanto, pode impor contramedidas eletrônicas para evitar o uso indiscriminado de robôs. A própria Receita Federal fez isso pouco tempo atrás, limitando progressivamente o acesso intensivo a algumas bases de dados por um mesmo CPF.

O fato é que ninguém (a não ser alguns hackers do mal) produz um robô para sabotar o sistema alheio. A princípio, eles são feitos para se obter informações críticas para o processo empresarial.

Uma alternativa para isso é a disponibilização de API – Application Programming Interface, ou interface de programação de aplicativos. Uma API nada mais é do que uma forma de comunicação entre sistemas. Ela permite a integração entre dois sistemas, em que um deles fornece informações e serviços que podem ser usados pelo outro, sem a necessidade desses sistemas conhecerem detalhes de implementação de software do outro.

O interessante das APIs é que são “consultas parametrizadas”. Existe uma espécie de protocolo previamente combinado, onde o lado que solicita as informações identifica tudo o que precisa saber, o status de uma lista de contêineres, por exemplo, e o lado que fornece já passa todas essas informações de uma única vez e no formato desejado. Sem contar a vantagem dessas informações já alimentarem diretamente o sistema requisitante. Um exemplo bem recente de API é o Módulo Recintos, onde os recintos alfandegados fornecem informações de controle aduaneiro diretamente para os sistemas da RFB.

Outra forma inteligente de se trocar informações é combinar a utilização de Push. Pode até ser por API, mas o que diferencia aqui é o momento em que a informação é fornecida. A ideia é que um lado combina com o outro que não precisa ficar perguntando sobre alguma coisa. Quando aquilo acontecer, deixa que eu te aviso imediatamente. Isso aumenta muito a eficiência e reduz o custo de TI, mas tem que ser combinado entre as partes.

 

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TAGS Inovação e Tecnologia Receita Federal teia global TI