Primeiro-ministro apoia gasoduto ligando país e Espanha

Proposta foi apresentada pelo chanceler federal alemão Olaf Scholz, em coletiva de imprensa nesta semana

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, se declarou totalmente a favor da proposta alemã que prevê a construção de um gasoduto que atravessaria o país e a Espanha, tendo como destino a Europa Central. A questão foi levantada pelo chanceler federal alemão Olaf Scholz, em uma coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira.

“A Alemanha pode contar 100% com o empenho de Portugal para a construção do gasoduto. Hoje para o gás natural, amanhã para o hidrogênio verde. Até lá, o Porto de Sines poderá ser utilizado como plataforma logística para acelerar a distribuição de gás natural liquefeito (GNL) para a Europa”, disse António Costa.

Sobre o tema, fontes do Ministério da Transição Ecológica espanhol disseram à Cadena SER (cadeia de rádio mais antiga da Espanha) que a integração das políticas energéticas europeias tem “grandes vantagens”.

Em sua proposta, Scholz disse que a construção de um gasoduto em Portugal e na Espanha para ligar a Península Ibérica à Europa Central, através de França, libertaria o continente da dependência energética da Rússia. “Este gasoduto iria aliviar massivamente a situação atual do abastecimento”, afirmou Scholz.

O governo português já tinha afirmado em outras ocasiões que as interligações são uma grande prioridade estratégica nacional. “É uma questão que tem sido colocada no centro das prioridades do Governo”, declarou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, após a reunião de quinta-feira.

A guerra na Ucrânia retomou o debate sobre as interconexões energéticas entre Portugal e Espanha e entre a Península Ibérica e a França.

Como é hoje

Em Portugal, o gás natural chega sobretudo por mar, em navios metaneiros, via Porto de Sines, onde é armazenado no terminal de GNL da REN.

Por terra, há apenas dois gasodutos: um que liga Campo Maior a Badajoz e outro que liga Valença do Minho a Tuy. Chegou a ser prevista uma terceira interligação de gás com a Espanha, mas o projeto foi cancelado.

Já o país vizinho está ligado ao gás natural produzido no norte de África por dois gasodutos através de Tarifa e Almeria (o Maghreb-Europe Gas, que liga a Marrocos, e o Medgaz, que liga à Argélia).

Na fronteira com França (País Basco e Navarra) há outros dois gasodutos: um entre Irun, do lado espanhol, e Biriatou, do lado francês; e um segundo em Larrau. Também foi cancelado o projeto de gasoduto Midcat que deveria ligar a Espanha e a França através dos Pireneus.

Quanto aos pontos de entrada marítimos de GNL, a Espanha conta com os portos de Ferrol, Bilbao, Huelva, Cartagena, Valência e Barcelona.