Ausência de defensas na Ponte Newton Navarro, necessidade de melhorias na infraestrutura do terminal e calado insuficiente são apontados para o baixo aproveitamento do Porto de Natal (Crédito: Divulgação/Codern)
Região Nordeste
Quase 80% da exportação do RN saiu por portos de outros estados
RN exportou por via marítima US$ 676 milhões de dólares, mas somente US$ 139,7 milhões passaram pelo Porto de Natal
A principal via de exportação dos produtos do Rio Grande do Norte, em 2022, foi a marítima (91%), o que gerou uma receita de US$ 676 milhões de dólares para o modal. Porém, deste total, somente US$ 139,7 milhões passaram pelo Porto de Natal, o que mostra que 78% dos embarques potiguares foram feitos por portos de outros estados, principalmente por Pernambuco e Ceará.
Os dados são do boletim “Comércio Exterior do RN”, elaborado pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (CIN/Fiern) e divulgado neste mês.
Os portos mais utilizados para as exportações da produção do RN foram Suape, em Pernambuco, por onde saíram o equivalente a US$ 351 milhões; Pecém, no Ceará, por meio do qual foram exportados US$ 142,8 milhões; Santos (SP), com US$ 19 milhões e Salvador, com US$ 15 milhões.
Os dados mostram também que as exportações do RN cresceram 43,2% no ano passado, em comparação a 2021. O fuel oil (diesel marinho) foi o principal item da pauta de exportações do Estado, com aumento de 80,7%.
O RN tem três portos: o de Natal, o de Areia Branca e o Porto de Guamaré, mas somente o Porto de Natal realiza operação com carga geral. Areia Branca movimenta sal e Guamaré apenas cargas usadas pela Petrobrás na operação da refinaria Clara Camarão.
Os problemas para o pouco aproveitamento do Porto de Natal, apontados inclusive pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern), que administra o complexo, vão de ausência de defensas na Ponte Newton Navarro, o que impede as operações noturnas, necessidade de melhorias na infraestrutura do terminal e a pouca profundidade do calado, de 11,5 metros.
O carro chefe das movimentações do porto natalense é a exportação de frutas, devido a vantagem geográfica de ser o mais próximo de outros continentes, o que é importante para manter o produto fresco, possibilitando viagens mais curtas.
Mas este tipo de operação está em risco desde que a CMA CGM anunciou, no ano passado, que não vai mais operar pelo complexo, e era ela a responsável por metade das movimentações feitas no complexo.
Na época, o diretor-presidente da Codern, Brigadeiro Carlos Eduardo, disse que o porto estava em busca de alternativas e em contato com outras empresas do segmento. Explicou ainda que a saída da CMA CGM pode representar uma perda em receita de R$ 5 milhões anuais, caso não consiga atrair novos operadores.
Em uma recente entrevista a um jornal do RN, o diretor institucional da Associação Brasileira dos Exportadores de Frutas (Abrafrutas), Luiz Roberto Barcelos, afirmou que a situação pode se agravar ainda mais se nada for feito para aprimorar a infraestrutura portuária local.
Ele explicou que os navios não querem ir para Natal porque não tem como “encostar”. Afirmou ainda que o porto é pequeno para receber mais que uma companhia, que não tem espaço para a retroárea, nem para um depósito de contêineres. Alegou também falta de tomadas para os contêineres refrigerados e um local específico para abrigar as carretas que chegam ao complexo.
Barcelos, que também é cofundador da Agrícola Famosa, principal exportadora de frutas do Rio Grande do Norte, contou que a falta de espaço em Natal fez com a que empresa fretasse um navio para embarcar melão pelo Porto de Fortaleza (CE).
Luiz Henrique Guedes, responsável técnico pela elaboração do boletim do CIN/Fiern, detalhou que, no cenário atual, as frutas potiguares têm sido exportadas por Natal e Fortaleza, Já o embarque de fue oil (diesel marinho), que obteve crescimento em 2022 na pauta dos produtos do RN, foi liderado por Suape, que representou, em valores, US$ 330,1 milhões.
Ponte
Com quase 15 anos de existência, a Ponte Newton Navarro liga os bairros da Zona Norte e os municípios do litoral norte de Natal aos bairros da Zona Leste e do litoral sul, num caminho sob o Rio Potengi.
Porém, para as atividades portuárias ela representa um obstáculo pela falta das defensas na base de sua estrutura, importantes para a proteção da ponte caso aconteça uma colisão com navios e embarcações que passam por ali.
Sem elas, o Porto de Natal não realiza operações 24 horas, como ocorre em outros portos do país e é fator fundamental para atrair novos negócios.
Para realizar a obra na ponte, o Governo do Estado necessita de um recurso estimado em R$ 80 milhões, até o momento não disponível nem previsto. A intenção é que este assunto seja retomado entre a Codern e o governo neste