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O presidente Lula com representante da BYD do Brasil: somente neste ano pelo menos três grandes fabricantes chineses de veículos elétricos afirmaram que irão investir no país (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Nacional

Relatório aponta que China vai aumentar investimentos em carros elétricos

Atualizado em: 1 de julho de 2024 às 2:08
Júnior Batista Enviar e-mail para o Autor

De acordo com o estudo, em média 56% das exportações do país asiático miram os mercados brasileiro e mexicano

Em relatório divulgado pela Allianz Research, departamento de análise da Allianz Trade, economistas apontam que o México e o Brasil são os principais destinos dos investimentos chineses em automóveis na América Latina. Em média, 56% das exportações chinesas são para estes países, neste ano.

A alta exportação para países emergentes, que representam quase 60% das vendas para o exterior, se opõe, contudo, ao mercado doméstico da China, que vê uma queda na sua capacidade industrial.

Segundo a análise, o aumento do investimento estrangeiro poderia transferir parte da capacidade de produção da China para o exterior, compartilhando conhecimento e tecnologia. Consequentemente, os chineses ganhariam capital adicional e ajudariam a desenvolver a capacidade de fabricação em outros países.

“Entre abril de 2023 e março de 2024, pelo menos 41 projetos chineses de fabricação e logística foram anunciados para o México (em comparação com menos de 20 no ano anterior) e pelo menos 39 para o Vietnã (em comparação com menos de 10 no ano anterior)”, diz o estudo.

A taxa de utilização da capacidade industrial chinesa caiu, no entanto, de 77,2% no 1º trimestre de 2021 para 73,6% no 1º trimestre de 2024, o nível mais baixo desde 2016 (desconsiderando o cenário provocado pela Covid-19). Para os economistas, um desequilíbrio cíclico está novamente em jogo com medidas de estímulo do lado da oferta e uma demanda doméstica ainda fraca.

Isso porque o mercado chinês está dando espaço aos seus exportadores para baixar ainda mais os preços. A intenção é manter ou expandir a participação no mercado externo: “O aumento do investimento externo poderia ser uma solução vantajosa para todos a fim de mitigar o superávit comercial, mas ele provavelmente enfrentará resistência geopolítica”, acreditam os autores do relatório.

Brasil

O superávit chinês, na realidade, deve aumentar ainda mais, com as economias emergentes totalizando mais que metade das exportações chinesas. O relatório especifica que esses mercados respondem por uma média de 55,6% das exportações chinesas entre 2015 e 2019 vs. 56,3% nos primeiros meses de 2024. Mais especificamente, no setor de veículos elétricos, são México e Brasil os principais destinos dos investimentos do país no setor de automóveis da América Latina.

Desde o início deste ano, pelo menos três grandes fabricantes chineses de veículos elétricos se comprometeram a investir no Brasil para aproveitar o pacote verde de US$ 19 bilhões do Governo Federal, anunciado no final de dezembro de 2023. O programa nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), sancionado na última quinta-feira (27), tem o objetivo de incentivar a indústria automotiva a produzir veículos mais sustentáveis, distribuindo os investimentos até 2028 com a meta de reduzir as emissões de carbono em 50% até 2030.

Já o investimento chinês no México cresceu principalmente como um movimento estratégico para contornar as tarifas e restrições dos EUA. No ano passado, 33 fornecedores chineses de automóveis foram registrados no México, 18 dos quais exportaram para os Estados Unidos.

Com uma guerra de preços cada vez mais acirrada no mercado doméstico corroendo a lucratividade dos fabricantes de veículos elétricos (VEs), a exploração de oportunidades no exterior se tornou uma prioridade para muitos.

“Como a Europa e os Estados Unidos, dois dos maiores mercados de veículos elétricos do mundo depois da China, estão impondo barreiras comerciais contra os VEs chineses, muitos fabricantes chineses estão voltando sua atenção para os países em desenvolvimento, especialmente no Sudeste Asiático e na América do Sul”, analisam os economistas.

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