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A primeira passagem de um navio nessa profundidade é um marco para a exportação do agronegócio pela Bacia Amazônica

Nacional

Rio Amazonas: calado de 11,90m é aprovado em teste com graneleiro na barra norte

Atualizado em: 21 de fevereiro de 2022 às 18:54
Vanessa Pimentel Enviar e-mail para o Autor

A barra norte, conhecida por ser um trecho raso e lamoso, com cerca de 42,6 km de extensão na foz do Rio Amazonas, delimita o calado de todos os navios que passam pela Bacia Amazônica. Porém, esse desafio vai sendo aos poucos superado por embarcações cada vez mais carregadas graças ao estudo das marés e à sondagem da profundidade (batimetria) dos rios que compõem a bacia, feitos pela Praticagem da Bacia Amazônica Oriental.

No último fim de semana, ocorreu o primeiro de 12 testes para validação do novo calado de 11,90 metros pela Marinha. O navio ASTRAEA SB saiu carregado de soja de Santarém, na sexta-feira (18). No sábado (19), em Fazendinha, Macapá, houve a troca da dupla de práticos que se revezava na condução da embarcação. De lá, o navio navegou 150 milhas náuticas (277,8km) até a travessia da barra norte, com 11,75 metros de calado. O trecho de 23 milhas náuticas (42,6 km) requer uma navegação muito precisa para que a embarcação não toque o fundo. Por isso, é feita em baixa velocidade e com monitoramento o tempo todo da folga abaixo da quilha.

Um representante da Autoridade Marítima (do Centro de Hidrografia e Navegação do Norte) e um inspetor naval PSC (Port State Control) acompanharam todo o procedimento a bordo. Eles desembarcaram com os práticos no Espadarte, no nordeste do Pará, de onde o graneleiro seguiu viagem rumo ao Egito.

O próximo teste será realizado com 11,75 metros de calado. Depois, virão mais dois, com 11,80m. Em seguida, quatro testes com 11,85m e, finalmente, mais quatro testes com 11,90m, todos aproveitando a maré de 3,10m ou mais.

Barra norte Rio Amazonas

A primeira passagem de um navio nessa profundidade é um marco para a exportação do agronegócio pela Bacia Amazônica

Para o prático Adonis dos Santos, presidente da Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot), o primeiro teste indica a consolidação do aumento do calado autorizado pela Marinha no início deste mês.

“É um marco que vai potencializar a exportação do agronegócio pelo Arco Norte e a produtividade dos terminais de Itacoatiara (AM), Santarém (PA) e Santana (AP), promovendo a expansão da hinterlândia (área de abrangência comercial) dos portos da Amazônia. Todo o investimento é custeado exclusivamente pela praticagem”, destacou.

HISTÓRICO.

Os estudos da praticagem na análise das marés se aprofundaram em 2017, quando foi instalado um marégrafo no Canal Grande do Curuá, cujas informações são compartilhadas com a Marinha e com a UFRJ.

Já a sondagem das profundidades dos rios é feita pela praticagem, de modo complementar às sondagens oficiais, há mais de dez anos, trabalho considerado essencial porque, na Amazônia, os bancos de areia se movimentam constantemente sob as águas, alterando os canais de navegação.

A partir do início do projeto, o calado permitido aumentou de 11,50 metros para os 11,90 metros atuais, autorizados em fase de testes, possibilitando carregar mais de US$ 1 milhão em carga por navio.

No último dia 8, a praticagem anunciou mais um investimento que pode contribuir para elevar o calado até 12,50 metros. O protocolo para implantação do sistema de calado dinâmico foi assinado pela Unipilot com o Comando do 4º Distrito Naval.

O sistema integrado de coleta e processamento de dados calcula o quanto um navio pode aumentar o seu volume submerso, sem risco de encalhe, considerando informações como os intervalos de maré, entre outras.

Até o fim deste mês, será fundeada a primeira de três boias meteoceanográficas, equipadas com sensores que vão gerar dados de correntes, altura da maré e densidade da água, durante todos os dias da semana. O custo do projeto é de R$ 3,6 milhões.

Somados a bauxita, contêineres, petróleo e derivados, produtos como soja e milho são cada vez mais escoados pelos rios da Amazônia. A produção do agronegócio do Centro-Oeste chega em barcaças pelo Rio Madeira até Itacoatiara (AM) e pelo Rio Tapajós até Santarém (PA). Nos terminais portuários, a carga é transferida para os navios que descem o Rio Amazonas.

Em 2020, o Arco Norte alcançou paridade de movimentação de soja e milho com o Porto de Santos, respondendo por 31,9% do total embarcado no país, o dobro da sua participação em 2009. A exportação de grãos acima do paralelo 16 saltou de 7,2 milhões em 2009 para 42,3 milhões em 2020, segundo a Confederação Nacional da Agricultura.

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