Segundo o diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, serão instalados cabos submarinos coletores para escoar a energia dos aerogeradores para abastecer o Porto Ilha. Foto: Divulgação/Senai RN
Região Nordeste
RN pode ser o 1º estado a operar parque eólico offshore
Projeto encabeçado pelo Senai avança em reunião com empresas, setor público e moradores locais
O Rio Grande do Norte pode ser o primeiro Estado do País a operar um parque de energia eólica offshore (dentro do mar). Isso porque um projeto de instalação de uma planta experimental em Areia Branca – iniciativa encabeçada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) – teve “sinal verde” dos representantes de empresas, do setor público, pescadores e população local, após reunião, no último dia 6, onde foram apresentadas a infraestrutura prevista, os estudos, objetivos e resultados esperados.
A proposta é que o ativo entre em operação em 2027 e norteie os investimentos no mar, além de medir e prevenir os impactos da chegada deste tipo de atividade industrial na costa brasileira.
O projeto consiste na instalação de dois aerogeradores no mar, com potência somada de 24,5 megawatts (MW). O parque eólico offshore vai se conectar com uma subestação instalada no Porto-ilha de Areia Branca, onde é feita a movimentação salineira do Rio Grande do Norte. As torres eólicas ficarão a 4,5 quilômetros do Porto-ilha, fora da zona da pesca, a uma profundidade de 7 a 8 metros no mar.
Segundo o diretor do Senai-RN e do Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, serão instalados cabos submarinos coletores para escoar a energia dos aerogeradores para abastecer o Porto Ilha.
“Essa é uma atividade consequente da evolução da energia eólica que começou em terra e agora migrou para o mar, com equipamentos muito maiores. Hoje está funcionando basicamente no mar do Norte, entre o Reino Unido e os Países Baixos, no Nordeste americano e na China. O Brasil ainda não tem, mas esse que estamos falando tem um potencial enorme e provavelmente esse de Areia Branca será o primeiro do País. Será um parque experimental para desenvolver tecnologia e uma cadeia de fornecedores e, num primeiro momento, fornecer energia para o terminal salineiro”, explicou Rodrigo Mello.
A energia eólica offshore, no Brasil, ainda aguarda regulamentação, mas iniciativas como essa já estão atraindo atenção e investimentos.
A planta-piloto será um sítio de testes, em condições reais de operação, para futuros aerogeradores que serão implantados no mar do Brasil. O projeto está em fase de licenciamento ambiental no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A expectativa do SENAI-RN é que a licença saia ainda este ano.
“Precisamos respeitar o tempo de análise do Ibama. O projeto é dividido em três etapas. A primeira é a licença. Depois, cerca de um ano e dois meses, a gente espera concluir os projetos básico e executivo. Depois teríamos mais um ano e meio de construção e montagem para que dentro de 2027 a gente possa comissionar e colocar para rodar”, detalhou Rodrigo sobre o cronograma do empreendimento.
Os estudos ambientais foram entregues ao Ibama em julho e abrangem análise das condições físicas, biológicas e socioeconômicas da região, que inclui os municípios vizinhos de Grossos e Tibau. A tecnologia empregada permitirá a montagem das torres em terra, que serão posteriormente transportadas e instaladas no mar com o auxílio de rebocadores, sem a necessidade de grandes embarcações.
Atualmente, o Rio Grande do Norte tem 14 projetos de complexos eólicos offshore (25,4 GW) apresentados ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e aguardando sanção da regulamentação pelo Congresso Nacional.