Tragédia no RS: chuvas causam 28 mortes e rompimento de barragem

Lula está na região; autoridades afirmaram que vão articular ações emergenciais principalmente para resgate de vítimas

As fortes chuvas que atingem o estado do Rio Grande do Sul (RS) desde o início desta semana não param de causar estragos e já foram responsáveis pela morte de ao menos 28 pessoas. Nesta quinta-feira (02), uma barragem rompeu devido ao nível da água, colocando alguns municípios em situação de risco. 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi à região acompanhado de ministros de Estado, onde se reuniu com o governador Eduardo Leite (PSDB) para avaliar a situação.

O governador  informou que a barreira que rompeu faz parte da Usina Hidrelétrica 14 de julho, localizada entre os municípios de Cotiporã e Bento Gonçalves.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) explicou que a estrutura já estava submersa e identificou uma movimentação mais turbulenta da água, possivelmente pelo comprometimento da chamada ombreira direita, uma das laterais onde a barragem está apoiada.

“O grande problema agora é a velocidade com que a água vai descer rumo a Santa Bárbara e Santa Tereza. A altura da água não deve mudar muito, porque o nível do Rio das Antas estava passando sobre a barragem. O risco agora é a vazão a partir da barragem 14 de Julho”, disse Artur Lemos, secretário da Casa Civil.

A Ceran, companhia responsável pela barragem, comunicou que já estava sendo feito um monitoramento a respeito da possibilidade de rompimento da estrutura.

O Governo Estadual, a partir da Defesa Civil, orienta que moradores dos municípios de Santa Tereza, Muçum, Roca Sales, Arroio do Meio, Encantado, Colinas e Lajeado deixem áreas consideradas de risco e procurem abrigos públicos ou outros locais de maior segurança.

Imagem do Centro de Controle mostra água invadindo o Cais Mauá (Foto: Reprodução/Ceic Porto Alegre)

O Rio Guaíba, em Porto Alegre, ultrapassou a cota de inundação, chegando a 3,09 metros. O volume foi tão intenso, que a água chegou a invadir o Cais Mauá, área que pertence ao Porto de Porto Alegre. As comportas de contenção do sistema de proteção contra enchentes foram fechadas desde às 12h, para evitar que a região Central da Capital seja inundada.

Segundo dados da Defesa Civil, o temporal no estado afetou diretamente um total de 147 municípios. As áreas mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.

Governo vai garantir recursos

Foto: Maurício Tonetto/Secom

O presidente Lula está no Estado onde se reuniu com o governador Eduardo Leite no município de Santa Maria, um dos mais afetados pela questão da chuva. As autoridades afirmaram que vão articular ações emergenciais para recuperação do Estado, e principalmente, no resgate de pessoas que ainda estão em situações de risco e ou desaparecidas.

O Governo do Estado decretou estado de calamidade pública na noite de quarta-feira (1º) e a partir desse decreto, o Governo Federal terá mais ações rápidas quanto à destinação de recursos para recuperação e reconstrução do Estado.

“Tudo que estiver no alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através dos nossos militares, vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva. No primeiro momento, a gente só tem que salvar vidas, a gente só tem que cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos”, comentou o presidente.

“Precisamos de todos os recursos técnicos e humanos para salvar vidas neste momento. Estamos testemunhando um desastre histórico, infelizmente. Os prejuízos materiais são gigantescos, mas nosso foco neste momento são os resgates. Ainda há pessoas aguardando o socorro”, comentou Leite, citando que os números de mortos e feridos são “absolutamente preliminares” e que deverão subir.

O resgate tem sido feito por equipes do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, além de equipes de resgate dos municípios afetados.

Na quinta-feira (2), militares da Força Aérea Brasileira (FAB) foram deslocados para o auxílio de resgate às vítimas do temporal no estado. O balanço inicial da FAB divulgou que, até o período da manhã, 110 pessoas foram resgatadas, com crianças e gestantes no grupo. 80 militares estão envolvidos na operação.