Governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, reconheceu o esforço dos quatro paísesCrédito: Secom/MS
Mercosul
Rota Bioceânica já é realidade para os países envolvidos no projeto
Afirmação consta em documento publicado após fórum que discutiu a mega estrada
Para os governos brasileiro, paraguaio, argentino e chileno, a Rota Bioceânica já é vista como uma realidade. O otimismo com o projeto da mega estrada que terá 2.396 quilômetros de extensão e passará pelos quatro países consta na “Declaração de Salta”, documento divulgado pela Argentina com o resumo dos resultados obtidos após o término do 3º Fórum de Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico, realizado nos dias 13 e 14 de abril em Salta, no noroeste argentino.
O evento reuniu autoridades das quatro nações e discutiu os avanços já obtidos para a viabilização da Rota Bioceânica e temas pertinentes como comércio, logística, transportes, viabilidade das obras e procedimentos fronteiriços.
O documento diz que “a Rota Bioceânica já é uma realidade em face do que ficou evidenciado em cada uma das exposições que deram conta dos investimentos realizados, bem como os prazos informados para a qualificação de cada um dos trechos para a operação completa do corredor”.
O texto também aponta para a necessidade da implementação de um sistema de teste de carga que permita verificar, com dados e números, se a redução de tempo e o impacto dessas operações são realmente vantajosas em comparação ao transporte de cargas feito pelo oceano Pacífico, “para que a transferência seja realizada de forma eficiente e se torne uma realidade”.
Destaca, ainda, que é preciso solucionar problemas regulatórios para todos os territórios, como controle fitossanitário e alfandegário.
Neste ponto, os representantes dos quatro países envolvidos e de seus territórios subnacionais, acordaram em pensar a Rota “como um Corredor de Desenvolvimento de territórios, entendendo que cada uma das regiões terá um papel distinto” no sentido de criar um plano de integração maior que possibilite capitalizar oportunidades de progresso para cada região envolvida.
A declaração ressalta também “os benefícios que cada uma das regiões pode alcançar, não só em termos econômicos, mas como um desenvolvimento integral dos governos locais, com base em projetos de integração produtiva, oferta de serviços, novos fluxos de comércio, turismo e investimento, criação de novos postos de trabalho, maior demanda por treinamento, incorporação de novas tecnologias, acesso à digitalização, entre outros. Nesse sentido, a ideia é pensar o corredor bioceânico como forma de promover e gerar uma nova geoeconomia”.
Como resultado positivo do fórum, foi destacado o trabalho de articulação público-privado realizado por meio de quatro mesas temáticas, onde se discutiram questões relacionadas com os Procedimentos Comerciais e Fronteiriços; Obras Públicas, Logística e Transporte; Turismo; e o apoio acadêmico necessário neste esquema de desenvolvimento.
“As conclusões servirão de subsídio para orientar as ações a seguir e chegar ao IV Fórum com resultados concretos”, conclui a declaração.
Representando o Brasil no Fórum, estiveram: o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck; o deputado estadual Paulo Corrêa; o prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, e a prefeita de Jardim, Clediane Areco Matzenbacher.
“Os resultados são concretos e visíveis em cada um dos países envolvidos na viabilização da Rota. Aqui na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai nós temos o avanço das obras da ponte que vai ligar Porto Murtinho a Carmelo Peralta e seguimos com o trabalho institucional do Governo do Estado junto ao governo federal, junto às prefeituras e demais parceiros”, destacou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.
Participaram ainda o vice-governador da Província de Salta, Oscar Antonio Marocco; o governador do departamento de Boquerón, Darío Rafael Medina Velázquez; o governador regional de Antofagasta, Ricardo Diaz Cortes; a representante da governadora regional de Tarapacá, Carolina Quinteros Muñoz; o representante do governador da província de Jujuy e ministro do Desenvolvimento Econômico e Produção, Juan Carlos Abud Robles.
A próxima reunião será realizada na cidade de Iquique, no Chile, na segunda quinzena de novembro.
Projeto
Se a Rota Bioceânica for concluída, ligará os dois maiores oceanos do planeta, Atlântico e Pacífico, partindo do Brasil e chegando aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando também por Paraguai e Argentina.
Para o transporte de cargas, a obra pode resultar em redução do tempo de deslocamento, melhorando a logística e elevando a competitividade das exportações dos quatro países para a Ásia.