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“Santa Catarina entrou na pauta do Governo Federal”

Atualizado em: 9 de dezembro de 2023 às 12:26
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

Mesmo enfrentando um ano difícil com recorde de chuvas, tragédias ambientais e mortes, Beto Martins mantém o otimismo e acredita que 2024 vai fechar o ciclo do El Niño e trazer boas notícias e maior protagonismo para Santa Catarina. “A logística do Estado voltou a ser planejada, o Governador Jorginho Mello acredita que o desenvolvimento passa por estes importantes modais e a Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias tem vários projetos e investimentos para celebrar o novo ano”. 

Beto Martins faz questão de dizer que o povo de Santa Catarina e seus governantes não são de ficar chorando com  os problemas, são resilientes e forjados na superação  para enfrentar os desafios e acreditam na força do trabalho e em ações concretas para alavancar a economia do Estado.

Um bom exemplo é a inauguração do primeiro Porto Seco esta semana, em Dionísio Cerqueira, divisa com Argentina. “É um projeto que contará com a presença da Multilog, empresa com grande expertise na área, e vai mudar completamente a vida da cidade e da região. Algumas pessoas e empresas já começam a investir em atividades do comércio exterior para se utilizar do porto seco. Centenas de empregos vão trazer autoestima para a população e há um movimento positivo com potenciais novos negócios”.

No final de março deste ano, quando assumiu a recém-criada Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias de Santa Catarina, o ex-prefeito de Imbituba e ex-secretário de Turismo do Estado teve que deixar a condição  de CEO (atualmente só acionista) na empresa Fertisanta, terminal de grãos, fertilizantes e ração animal em Imbituba. “É sem dúvida um dos maiores desafios da minha vida profissional,  afinal somos um estado singular na área de logística, com seis portos, 21 aeroportos e muitos traçados importantes de ferrovias. Já finalizamos o diagnóstico e agora estamos andando de forma intensa na direção do melhor planejamento e especialmente na execução de importantes investimentos”, ele conta. 

Com 35 anos de experiência na atividade portuária, Beto Martins revela que começou a trabalhar aos 17 anos como auxiliar de navegação e foi um dos primeiros despachantes aduaneiros de Imbituba. Desde 2014 esteve à frente da Fertisanta e conseguiu mudar o perfil da empresa com a chegada do grupo belga Manuchar. O terminal é hoje um dos mais atuantes na movimentação de cargas no porto de Imbituba.

Nascer em Imbituba, uma cidade jovem emancipada em 1958, é motivo de orgulho, mesmo que por acaso. “A maioria buscava uma melhor estrutura hospitalar em Tubarão, a maior cidade próxima. Fui vereador aos 25 anos e prefeito aos 33 ano, exercendo dois mandatos (2005/2012)”.

Entre as questões que envolvem o novo cargo está a temporada de cruzeiros em Santa Catarina, mas ele garante que é preciso entender melhor a realidade:  “As pessoas têm uma ideia equivocada de que navio de cruzeiro pode entrar em qualquer porto. Não podemos parar um porto como Imbituba ou São Francisco do Sul, que estão batendo recordes de movimentação de carga e descarga de mercadorias em um ano de intensa operação de embarques de grãos, para um navio de cruzeiro atracar”.

A solução é construir portos turísticos especializados no atendimento aos cruzeiros: “Temos um grande projeto aprovado por Antaq, Secretaria Nacional de Portos e outros órgãos, para converter Balneário Camburiú em um dos melhores píeres de cruzeiros do Brasil. Por enquanto, Itajaí tem condições para receber essas embarcações, em função da atual pouca ocupação dos berços. O governo tem dado apoio para esse setor de cruzeiros, mas é preciso buscar portos específicos e especializados”.

Como durante anos a pauta do setor no Estado estava ligada às rodovias, outros modais ficaram em segundo plano. “Não havia protagonismo no diagnóstico, no planejamento e muito menos na execução. Hoje nossos grandes desafios são as TUPS (Terminais de Uso Privado) de Portonave, no complexo de Itajaí, e Itapoá, que  integra o complexo da Baía da Babitonga, vizinha a São Francisco no litoral norte de Santa Catarina”.

O secretário alerta que tanto o canal de acesso da Baía de Babitonga quando o de Itajaí não comportam receber os navios de 366 e 400 metros com as atuais condições de acesso e profundidade. “É incoerente. Só no ano passado movimentamos 55 milhões de toneladas somando cargas gerais, cargas a granel e contêineres. Mais da metade disso são cargas que não tem nem como origem nem como destino Santa Catarina. A grande indústria paulista, do  Paraná e do Rio Grande do Sul importam por aqui e nós exportamos grãos de Goiás, Paraná Mato Grosso e RGS por São Francisco e Imbituba. Somos um corredor do Brasil e estamos com este grande problema, especialmente na área de contêineres, visto que não tivemos importantes investimentos do Governo Federal há muito tempo”. 

Antes da criação da Secretaria, os terminais contrataram projetos, fizeram licenciamento ambiental e deram suporte para tentar resolver a questão, mas não receberam resposta do Governo. Agora é diferente: “O Governador me chamou para sentar na mesa de reuniões com Ministério da Casa Civil e conseguimos demonstrar a importância de três grandes projetos para a infraestrutura portuária do estado, na primeira rodada de negociações do PAC, num valor total de R$ 600 milhões, envolvendo o complexo de Babitonga, em parceria com a inciativa privada; Itajaí, num processo de licitação de uso provisório até a licitação definitiva com edital em construção; e a revitalização do molhe de abrigo de Imbituba.”

O momento é de agilizar essas conquistas: “Não podemos ficar só dependendo de PAC, que pode levar anos para se consolidar. Queremos ajudar o Governo Federal, temos a estrutura de gestão montada, temos relação com as empresas acionistas e nossos portos são exemplo de gestão.  As questões políticas devem ter menos protagonismo. O que é bom e me conforta é que o setor portuário e logístico é muito técnico, tem corpos técnicos nos órgãos que permanecem independente de governos”.

Na área de ferrovias, Beto divulga dois grandes projetos, com investimento de R$ 32 milhões de reais nos trechos que ligam Chapecó a Correia Pinto e à malha nacional; e outro dos portos de Itajaí e Navegantes até Araquari. “Com o novo marco regulatório das ferrovias, com a real possibilidade  de atrairmos investimentos privados neste setor tão esquecido nas últimas décadas, poderemos construir um case de sucesso em nosso estado”.

Com quatro aeroportos privados e Florianópolis eleito o melhor do Brasil há cinco anos, também há projetos e investimentos para o setor: “Mandamos para a Assembleia Legislativa um projeto de incentivo fiscal ao querosene de aviação nesta semana. Esse projeto vai reduzir o custo  do combustível para as Cias aéreas, lembrando que no Brasil este insumo é de grande impacto na conta final das empresas. Em contrapartida, a companhia aérea deve corresponder em produtividade, fazer voos internacionais, implantar mais linhas e operar em mais aeroportos catarinenses”.

Bom, trabalho não falta. Para relaxar, a receita é uma só: o tênis; “É o único esporte que me consegue fazer esquecer dos problemas e dos grandes desafios. Jogo tênis há 20 anos, não consigo ficar sem essa prática. Todo final de semana volto para Imbituba, são 70 quilômetros da capital . Sexta-feira ninguém me segura, vou para minha cidade curtir a brisa do mar, frequentar as praias maravilhosas e reencontrar os amigos de sempre”.

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