A Alemanha identificou o primeiro caso de febre aftosa nos últimos 40 anos em uma manada de búfalos. O Brasil conquistou o status de país livre da doença sem vacinação (Foto: Divulgação/Governo do Amapá)
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Sindicato defende reforço na vigilância para evitar febre aftosa
Caso na Alemanha acende alerta no setor sobre o risco de retrocessos sanitários e impacto nas exportações
A confirmação de um caso de febre aftosa em uma manada de búfalos na Alemanha após quase 40 anos reforçou a importância da fiscalização em portos, aeroportos e fronteiras no Brasil. Como maior exportador de carne do mundo, o país deve manter vigilância constante para preservar seu status sanitário e evitar prejuízos ao agronegócio. O alerta é do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).
“A ocorrência de um foco de febre aftosa teria um impacto econômico enorme para o país. De imediato, as exportações de diversos produtos seriam suspensas, como as carnes produzidas na região e até mesmo produtos vegetais, como as sementes que muitos países só compram se vierem de estados livres da doença. Paralisação de indústrias frigoríficas e laticínios, suspensão do comércio de carne e leite, forte impacto para os trabalhadores, para os produtores e seus familiares”, destacou o secretário de Planejamento do Anffa Sindical, Serguei Brener.
O Brasil conquistou o status de país livre de febre aftosa sem vacinação. Brener alerta que uma eventual reintrodução do vírus significaria retrocessos. “Seria necessário sacrificar animais para evitar a disseminação do vírus, voltar a vacinar, lembrando que os custos anuais para a vacinação de bovinos contra a febre aftosa eram de R$ 500 milhões, e incrementar as atividades de vigilância”, explicou.
Embora não ofereça riscos à saúde humana, a febre aftosa é altamente contagiosa e pode causar graves prejuízos econômicos, como suspensão de exportações e perda de rebanhos.
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em 2023, o Brasil exportou mais de 2,8 milhões de toneladas de carne bovina, gerando US$ 13 bilhões em receita. Um surto de febre aftosa poderia comprometer a economia e a imagem do país no mercado global.
Déficit de profissionais
Segundo o Anffa Sindical, o sistema de defesa agropecuária enfrenta um déficit crítico de profissionais. Cerca de 1.200 auditores fiscais federais agropecuários estão próximos da aposentadoria, enquanto o último concurso público ofereceu apenas 200 vagas, insuficientes para suprir a demanda.
“Observamos ainda neste período, saídas de médicos veterinários para a iniciativa privada como consequência da defasagem salarial e da sobrecarga de trabalho, que em diversos locais superam os limites diários de horas permitidos por lei, além de ser realizado em locais insalubres, comprometendo também a saúde física e mental dos servidores”, enfatizou Brener.