O Far East-India-Latin America Service teve início com a partida da embarcação Hyundai Grace do porto sul-coreano de Busan, em abril, chegando ao Tecon Rio Grande em maio. Foto: Divulgação/Wilson Sons
Região Sul
Tecon Rio Grande dá início a serviço ligando o Cone Sul à Ásia
Diretor-presidente do terminal operado pela Wilson Sons fala ao BE News sobre a importância da nova rota
O Tecon Rio Grande, terminal operado pela Wilson Sons no sul do país, deu início ao serviço semanal Far East-India-Latin America Service (FIL), que conecta diretamente a área denominada Cone Sul com a Ásia. O serviço é fruto de uma parceria da Wilson Sons com a Hyundai Merchant Marine (HMM) e com a Bengal Tiger Line (BTL), que classifica o terminal de contêineres como um hub da região.
O BE News conversou com o diretor-presidente do Tecon Rio Grande, Paulo Bertinetti, que classificou o novo serviço como muito importante para a região Sul e países do Mercosul pela ligação direta com o mercado asiático, bem como a produção de custos do serviço.
O FIL envolve a integração de um serviço feeder, projetado para a transferência ágil de cargas entre portos menores e um terminal concentrador, neste caso o Tecon Rio Grande, com uma rota direta e otimizada entre a Ásia e a América do Sul.
Segundo anunciou a Wilson Sons, a operação teve início com a partida da embarcação Hyundai Grace do porto sul-coreano de Busan, em abril, chegando em Rio Grande no mês de maio.
Segundo Bertinetti, o serviço se coloca como uma importante solução para os grandes armadores, que procuram os principais portos do mundo com bom calado, para receber seus navios com capacidade máxima.
“Nosso foco não é buscar cargas dos outros portos, e sim fazer um trabalho que a gente possa somar, com nosso calado, com equipamentos maiores e com condição de receber grandes navios, consequentemente concentrar a carga de Buenos Aires (Argentina) e Montevidéu (Uruguai)”, explicou.
Entre os benefícios, conforme explicou o executivo da Wilson Sons, refere-se a escala direta da Ásia com um terminal em Rio Grande, e o tempo de trânsito mais rápido, uma vez que os navios grandes deixam de ir aos portos do Mercosul, que carecem de boa infraestrutura portuária, mas são alimentados pelo serviço feeder e continuam com a sua produtividade e movimentação de cargas.
“A cada semana o serviço escala duas vezes o mesmo porto, com o navio da HMM, vindo a Rio Grande como o primeiro porto. Ela só faz uma escala em cada porto brasileiro, então deixa de ir a Montevidéu e Buenos Aires com os grandes navios. Ela é alimentada por um serviço feeder, com a Bengal Tiger. E aí, a carga do Prata vem e vai de Rio Grande sem ter que ir nos portos com menor calado”, explicou.
A Wilson Sons informou que, até o momento, o serviço FIL já realizou um total de nove escalas no Tecon Rio Grande. Foram movimentados 10.584 TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés).
“Quando se vê a conclusão do projeto com o acontecimento dele, com um retorno do mercado com satisfação, para nós é tipo missão cumprida. Estamos levando isso para outros mercados, outros armadores, justamente para mostrar que não concorremos com os outros portos, nós somamos com as nossas condições para todas ganharem alguma coisa”, celebrou o executivo.
Mercado asiático
Bertinetti destacou o grande e importante crescimento no mercado asiático, que se desenvolveu bastante entre exportações e importações. Os países do continente asiático também têm olhado com atenção especial para o mercado brasileiro.
“A gente sempre trabalhou muito com soja para a China, e o contêiner começou alguns anos depois. Naquela região toda houve um crescimento muito grande e a própria Coreia (do Sul) é um exemplo disso. Eles são fortes na indústria e nós somos bons importadores de produtos modernos que são da Ásia. Então, consequentemente, a gente tem uma ligação comercial hoje bastante forte”, comentou.
Com o serviço FIL, o Tecon agora tem ligação com a Índia. Os acordos comerciais, com produção de custo, deixam o Rio Grande do Sul em uma importante posição estratégica comercial.
“Esse serviço direto com a Ásia veio para somar. Nós agora temos uma escala na Índia que o Rio Grande antes não tinha. E aí estamos falando de madeira para a Índia, que é muito importante. Nós temos fábricas de tratores aqui no estado, que são da Índia, que consequentemente vai ter uma ligação com componentes. Isso tudo soma da melhor do comércio do Rio Grande do Sul”, analisou.