O meganavio MSC Orion demandou a movimentação de 800 contêineres. A embarcação atracou no Tecon Salvador na manhã de quarta-feira e partiria na mesma data, à noite. Foto: Divulgação/Codeba
Região Nordeste
Tecon Salvador recebe primeiro navio de 366m e inaugura nova rota
Com capacidade para até 15 mil TEU, o MSC Orion é o maior para transporte de contêineres no Brasil
A Wilson Sons, maior operadora de logística portuária e marítima do país, recebeu o meganavio MSC Orion, de 366 metros de comprimento, no Terminal de Contêineres (Tecon) de Salvador (BA) na manhã de quarta-feira (24). O navio partiria pela noite. A embarcação é a primeira dessa classe a navegar na Baía de Todos-os-Santos e conta com um calado de 16 metros e capacidade para transportar até 15 mil TEU. A operação movimentou 700 contêineres.
Apesar disso, a adoção do calado dinâmico feita pela Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) possibilita que o navio possa operar em sua plena capacidade no terminal.
O complexo portuário de Salvador foi o segundo do Brasil a receber a autorização da Marinha, representada pela Capitania dos Portos da Bahia, para operar esse tipo de embarcação, ainda em 2018. A permissão adiantada teve o objetivo de antecipar o porto às mudanças que as principais rotas mundiais apresentavam e se adaptar às novas demandas com uma maior eficiência para os terminais brasileiros.
O navio, que é o maior para transporte de contêineres no Brasil, vai operar sem restrição de horário ou capacidade no terminal.
Além de ser o primeiro navio de classe 366 a atracar no Tecon, a embarcação irá inaugurar a nova rota regular entre a região Nordeste do país e a Ásia. O serviço terá saídas semanais, visando fortalecer a relação do Brasil com os mercados do continente asiático, especialmente a China, principal parceira comercial do país. Essa também é a primeira rota regular com navios de 366 metros do Brasil para a Ásia.
A nova linha beneficiará exportadores e importadores das regiões Norte e Nordeste, além de estados do Centro-Oeste e Sudeste. A linha direta também beneficia a exportação de produtos como carne, algodão, celulose, frutas, químicos, entre outros. Já nas importações, o setor automotivo deve se beneficiar. Outros segmentos que devem aproveitar a nova rota são os de energia renovável, fertilizantes, químicos e petroquímicos.
O diretor-executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço, afirmou que a chegada dos navios de 366m e o início da nova rota regular são a “realização de um sonho”, celebrando a celeridade no transporte e o aumento de disponibilidade de cargas, beneficiando os importadores e exportadores da Bahia e dos treze estados que compõem a zona de influência geográfica.
“O tempo de trânsito para o Extremo Oriente, que é exatamente o serviço atendido por esse navio, cai em 23 dias. Isso representa muito aumento de produtividade e de competitividade para o importador e exportador baiano e de todos os treze estados”, ressaltou.
Novos desafios
A Codeba ainda planeja a chegada de navios maiores no Porto de Salvador. Segundo o presidente da autoridade portuária, Antonio Gobbo, a meta é adequar os canais de acesso através do Plano Integrado de Dragagem do Complexo Portuário da Baía de Todos os Santos para receber navios da classe de 400 metros, embarcações que devem ser protagonistas no transporte de contêineres nos próximos anos.
De acordo com Gobbo, a modelagem para os investimentos necessários para essa expansão já foi definida.
“Nós temos programada a dragagem de aprofundamento dos canais de acesso, prevista para ser iniciada já no ano que vem. Já estamos finalizando a contratação do projeto executivo e vamos ter uma profundidade média entre 17 e 18 metros pros canais de acesso a partir do ano que vem. Isso requer um investimento na ordem de R$200 milhões a R$220 milhões”, explicou o presidente da Codeba, ressaltando que a autoridade portuária possui recursos próprios e verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal voltadas para a realização de alguns tipos de dragagem no complexo portuário.
“É importante colocar que o Plano Integrado de Dragagem abrange não somente o Porto de Salvador, mas também um dos berços do Porto de Aratu/Candeias e o Porto de Ilhéus. Só em Ilhéus, por exemplo, temos destinados R$105 milhões entre PAC e recursos próprios”, salientou.
A chegada de navios maiores aumenta a demanda para a entrada e saída de cargas no terminal, o que gera desafios logísticos para a região próxima ao porto. Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia, Angelo Almeida, o planejamento para absorver esse crescimento passa por investimentos na infraestrutura para o escoamento dessas cargas. Ele ressalta a integração com o governo federal para promover projetos de infraestrutura logística, especialmente em relação ao desenvolvimento das ferrovias no estado.
“Compete ao governo federal acelerar o processo de avanço no nosso modal ferroviário. O presidente Lula e o presidente do BNDES (Aloizio Mercadante) vêm com boas notícias, uma parceria que está se estruturando para alavancarmos a ferrovia Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), e agora estão em estudos as modelagens para construir o modal ferroviário em torno da Baía de Todos-os-Santos, seguindo por Feira de Santana, para que possamos engatar na Fiol, logo em breve”, afirmou.