Durante o painel técnico do Sudeste Export, os debatedores trouxeram à tona desafios e oportunidades em transporte de combustíveis e petróleo com foco na transição energética (Foto: Divulgação/Grupo Brasil Export)
Sudeste Export
Transição energética e integração logística movem o futuro do setor de granéis líquidos
Especialistas apontam oportunidades no Brasil, mas alertam para desafios na coordenação entre setores público e privado
Representantes do setor de granéis líquidos, petróleo e gás destacaram as principais oportunidades de crescimento e negócios que podem ser impulsionadas com a melhoria da infraestrutura portuária e a integração logística entre os modais de transporte no país. As discussões ocorreram durante o segundo dia do Fórum Sudeste Export, promovido pelo Grupo Brasil Export em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, na terça-feira (17).
Décio Amaral, presidente da Ultracargo, destacou que a transição energética e os combustíveis renováveis estão no centro das oportunidades para o setor. No entanto, ele chamou atenção para os desafios enfrentados, especialmente em relação à logística reversa, que envolve as refinarias localizadas na costa abastecendo o interior do país. “A penetração do etanol no Nordeste ainda é baixa, embora tenha crescido nos últimos 18 meses, impulsionada pelo etanol de milho, que é mais competitivo em custo”, explicou Amaral.
Segundo ele, a ausência de uma integração eficiente para o escoamento dos produtos até os portos de comércio exterior ou refinarias requer uma reformulação completa da malha logística brasileira. O executivo destacou que a Ultracargo pretende se posicionar como um dos principais provedores de infraestrutura para a movimentação de granéis líquidos, com a criação de três corredores estratégicos de transporte: de Rondonópolis (MT) a Santos (SP), de Itaqui (MA) a Porto Nacional (TO) e a hidrovia a partir de Vila do Conde (PA).
“Para uma empresa de infraestrutura, o gargalo é uma tremenda oportunidade de negócio. Esse é o lado bom, o lado meio cheio do copo. O lado meio vazio é a dificuldade de mobilização do setor público de forma coordenada para viabilizar a implantação dos projetos”, detalhou Amaral. “Não é falta de dinheiro, mas sim falta de coordenação e viabilização para que o setor privado consiga concluir seus investimentos”, concluiu.
Bruno Melo, gerente executivo comercial da Santos Brasil, mencionou a situação do Porto de Santos, que enfrenta gargalos logísticos há anos. “Há uma escassez de píeres, o que gera filas e prejudica o fluxo de entrada de combustíveis, impactando diretamente no preço ao consumidor final”, pontuou.
Para Melo, os donos das cargas de granéis líquidos poderiam reduzir custos se houvesse uma maior profundidade nos canais de entrada e berços, permitindo o uso de navios maiores. Outro ponto citado foi a crescente competição pelo uso da tancagem disponível, à medida que diferentes produtos químicos, etanol e óleos vegetais competem pelo mesmo espaço nos terminais de Santos.
“Vejo como alento o projeto da iniciativa privada em Santos em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Agência Nacional de Transportes Aquaviário (Antaq), que é integrar o escoamento através da ferrovia. É muito interessante, e pode trazer eficiência tanto para a entrada quanto para a saída de granéis líquidos”, finalizou.
Thiago Lemgruber, diretor-presidente da OSX Brasil, abordou o crescimento da demanda no mercado de óleo e gás, especialmente na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, e ressaltou a importância do Porto do Açu, no mesmo estado, para o atendimento dessa demanda.
“Sem o Açu, o crescimento da produção de petróleo no Brasil não teria atingido os níveis atuais. O complexo se tornou uma ferramenta essencial na cadeia de suprimentos offshore”, afirmou.
Lemgruber também mencionou as oportunidades relacionadas ao descomissionamento de plataformas e à reciclagem verde no Porto do Açu como formas de impulsionar a indústria de óleo e gás. Além disso, destacou que o complexo está se preparando para atender à futura demanda de energia eólica offshore, com mais de 40 gigawatts de projetos em licenciamento no Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O Sudeste Export 2024 foi uma edição regional do Brasil Export, o principal fórum de debates sobre o avanço dos setores de portos, logística, transportes e infraestrutura no Brasil. A programação foi veiculada pela TV BE News nos canais 82 da Sky, 58 da parabólica e 19 para a Grande Campinas em sinal aberto. Além disso, pode ser acessado pelo canal @tv_benews no YouTube e pelo site www.tvbenews.com.br.