A situação da Transnordestina foi debatida pelos participantes no painel “Perspectivas do transporte ferroviário para o desenvolvimento da região Nordeste”Crédito: Divulgação/Brasil Export
Região Nordeste
Transnordestina ainda é o maior desafio ferroviário da Região Nordeste
Modal aguarda decisão sobre trecho até Suape, conclusão até Pecém e o destino de trechos não operacionais da ferrovia
A Transnordestina, maior obra linear em execução no Brasil e fundamental para a economia do Nordeste, ainda é o maior desafio ferroviário da região. Iniciada em 2006, a conclusão está atrasada em 11 anos e o traçado inicial que previa cerca de 1.700 km foi reduzido para 1.206 km, com prazo de entrega para 2029.
Com o novo roteiro, o trecho que chegaria até o Porto de Suape (PE) foi excluído do projeto no fim de 2022 por inviabilidade econômica, sendo mantidos apenas os trilhos que ligarão a cidade de Eliseu Martins (PI) até o Porto do Pecém (CE), finalizando no município pernambucano de Salgueiro. Mas, com a mudança de gestão no Governo, a discussão sobre levar a Transnordestina até Suape voltou e agora segue aguardando uma decisão.
Além desse imbróglio, há o desafio de concluir os trabalhos até Pecém dentro do cronograma estabelecido e resolver o que será feito em relação a alguns trechos da Transnordestina que não são mais operacionais.
Esses foram alguns dos destaques feitos por Felipe Queiroz, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), durante sua participação no painel “Perspectivas do transporte ferroviário para o desenvolvimento da região Nordeste”, ontem (20), no Fórum Nordeste Export, promovido pelo Grupo Brasil Export, em João Pessoa (PB).
“Em abril, a ANTT entrou com processo na Secex para discutir a modelagem e a precificação para devolução de trechos não operacionais da ferrovia”, explicou o diretor da agência.
Secex é a Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (SecexConsenso), nova pasta instituída no Tribunal de Contas da União (TCU), em janeiro deste ano, com a intenção de resolver conflitos contratuais, como a devolução de concessões à União de forma amigável.
Questionado se é viável construir um trecho ligando Pecém e outro até Suape ao mesmo tempo, Felipe respondeu que o projeto ainda necessita de um estudo que indique “se isso pode acontecer”.
Queiroz também citou que a maioria dos trilhos da malha ferroviária que atende o Nordeste é bitola métrica, ou seja, tem um metro de largura, o que não atende à demanda de grandes cargas.
“O Nordeste tem estrutura ferroviária, mas por uma série de motivos, entre elas a bitola, não opera hoje. A lição que o Nordeste nos traz é que projetos ferroviários precisam de governança e visão de Estado para o futuro”, comentou.
Participaram ainda do painel Anderson Abreu, gerente-geral de Relações Institucionais da VLI; e Humberto Mota, presidente da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL). O jornalista e diretor de Redação do BE News, Leopoldo Figueiredo, foi o mediador.