Estilo BE
Um colecionador de aventuras e histórias do mar
Um jornalista que se dedica a colecionar histórias e grandes aventuras ocorridas pelos oceanos, uma livraria em São Paulo voltada aos pequenos e a carreira do cantor e ator Sidney Magal nos palcos paulistanos. Estes são alguns dos destaques desta edição do Estilo BE. Confira.
“O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas
– mas que elas vão sempre mudando”
Sempre volto a Guimarães Rosa e concordo com ele. O bonito é mesmo aproveitar as chances para se lapidar. Somos capítulos de uma história longa ou curta, convivendo com personagens alternando-se em papéis de protagonistas ou secundários. Somos trechos fragmentados de um grande e aleatório romance. Somos contos ou crônicas, conforme as narrativas escolhidas. Somos um diálogo constante com o enredo desconhecido que nos assusta. Somos um inesgotável tecer de páginas do livro que nos foi dado construir nessa experiência fascinante que é a vida. Somos o que somos, mas sempre é possível pelo menos mudar a leitura, com uma boa revisão dos acertos e dos erros que os precedem.
Foco: Colecionador de histórias do mar
Todos os sábados eu procuro a coluna “Histórias do Mar”, do jornalista Jorge de Souza, na Uol, e leio com prazer. Ex-editor da revista Náutica, ele publicou dois volumes com as histórias pesquisadas pelo mundo e já está trabalhando no terceiro, sem pressa. O número impressiona: são 400 relatos nos livros e ainda tem 500 esperando a vez.
O engraçado foi descobrir que quem escreve sobre o mar mora no meio do mato, em São Roque, São Paulo, cercado de árvores e bichos. Nem por isso as notícias e fatos curiosos deixam de chegar: “Eu participo de vários informativos dentro e fora do Brasil sobre navegação e portos do mundo. Toda história que publico converso com pessoas, eu pratico jornalismo”.
Jorge nasceu no Rio de Janeiro e foi criado em Santos, São Paulo, onde ficou até se formar pela Faculdade de Comunicação, em 1979. O interesse pelo mar surgiu ainda menino, quando ia com o pai até a Ponta da Praia para ver os grandes navios e visitar o Museu de Pesca.
A afinidade com o mar não era grande, mas trabalhando na Editora Abril durante 20 anos começou a ouvir casos interessantes na fase da revista Náutica. Virou um colecionador de histórias: “Pensei que um dia eu escreveria um livro, e foi o que fiz quando saí da redação. Meu princípio é só publicar casos verídicos que eu consigo apurar. Resolvi fazer uma coletânea de histórias usando o vício do jornalismo de sintetizar bastante. A conselho de amigos montei a Agência 2 e editei meus dois livros. Para minha surpresa, desde o primeiro o interesse e as vendas foram ótimos”.
Os livros são vendidos pelo site Histórias do Mar e encontrados em grandes livrarias, como a Travessa do Rio de Janeiro e a Livraria da Vila em São Paulo. Convidado para escrever na Uol há cinco anos, ficou surpreso com o interesse. “Eu nem conheço os editores da Uol, só trocamos mensagens, mas eles dizem que a coluna alavanca o site aos sábados. Recebo muitas sugestões de leitores e analiso todas”.
O segredo é um texto claro, instigante e com informações bem apuradas: “Eu publico uma história e remeto a um fato semelhante ou parecido que já aconteceu e está nos livros. Meu dia a dia é isso, pesquiso muito e diariamente encontro inspiração. Na Uol publico coisas mais factuais; no livro a liberdade é maior. As histórias são de 1500 para cá”, explica.
Se passou pela cabeça ficar sem assunto, Jorge logo percebeu que esse não seria um problema. “Tive duas surpresas nesse processo: primeiro achei que as histórias seriam repetitivas, parecidas na essência, mas não são, nunca foram, tem detalhes que diferenciam umas das outras. A segunda é que todo dia acontece alguma coisa nova, mesmo nos dias de hoje. Essa riqueza de conteúdo que o mar pode proporcionar é imensa. O mar é enorme, tem mistério, é uma área não monitorada do planeta”, comenta.
Quando surge uma notícia no dia a dia, ele faz uma coluna extra durante a semana. O bom do trabalho é não ter prazo e gostar muito do que faz: “Eu tenho mais de 500 histórias para escrever, vou pinçando, deixo parada um tempo, volto ao texto. Com a Internet a busca ficou mais fácil, eu pesco coisas mais factuais para a Uol e outras para o livro, eu descubro porque fico fuçando. Se alguém dá uma dica de época ou nome como informação, eu vou atrás. A Internet é uma baita ferramenta de pesquisa, mas é duvidosa, você tem que checar primeiro para ver se existiu e não é lenda”.
O tema preferido dos leitores envolve naufrágios: “Mesmo quem não é do mar ou não tem barco quer saber mais. Os naufrágios são fascinantes porque têm desfechos dramáticos, às vezes trágicos. Para algumas pessoas, o barco é gente e um naufrágio é a morte, o final de uma história ou o início de um mistério que é mais atraente ainda. Muita coisa do mar você nunca vai saber de fato o que aconteceu”.
Pergunto sobre o Titanic e revela que não pretende escrever sobre ele: “O Titanic vai ser sempre assunto, mesmo para quem não tem a menor afinidade com o mar. É um clássico com todas as metáforas do ser humano, tem arrogância, tem prepotência, tem aventura. E como o navio foi achado, traz mais curiosidade ainda, mas o conteúdo já foi tão vasculhado que tudo que eu escrevesse seria superficial”.
O envolvimento maior ocorreu com a última história do primeiro livro, um fato que tinha acabado de acontecer em 2018 e não foi solucionado até agora: o veleiro Misteriosa, encontrado em Angra dos Reis com as velas arriadas, motor ligado, leme travado e sem o experiente capitão, o argentino Erwin Rosenthal, de 83 anos.
O desaparecimento seguido de morte despertou atenção: “Conversei com a família e testemunhas, fiz um papel que a polícia não fez, foi omissa no caso e continua sendo. O processo está engavetado e a impunidade também. Até hoje mantenho contato com a viúva. É uma história que me marcou muito e continuo pesquisando, para mim ela não terminou”.
Para saber mais e comprar os livros: https://historiasdomar.com
Mergulho: Uma livraria muito especial
As educadoras Julia Souto e Tereza Grimaldi (de azul) uniram as experiências em trabalhos com escolas e educativos de museus, o amor pelos livros e o interesse em literatura infantil para abrir em São Paulo a Livraria Miúda, no bairro da Pompeia. A mistura deu certo, e elas comentam a experiência e dão dicas de livros para os pequenos.
Quando abriram a livraria e como surgiu a ideia?
Abrimos a Miúda em 2021, mas o embrião do projeto nasceu em 2018. Queríamos trabalhar com infância, literatura e artes, mas em um espaço não institucionalizado, em que pudéssemos fazer a gestão da agenda cultural de maneira autônoma, que pudéssemos promover uma curadoria estética e ética das narrativas voltadas para as crianças.
Como está o retorno?
Desde a abertura estamos surpresas com a recepção da comunidade, da cidade, do público que pesquisa literatura infantil e do mercado do livro de modo geral. A cidade de São Paulo ainda é muito carente de livrarias de rua, embora estejamos vivendo uma retomada desses espaços, e, no nosso caso, percebemos que faltam lugares aprimorados para o público infantil.
Quantos volumes e que atividades são realizadas no espaço?
Temos em média dois mil títulos. Além da curadoria sofisticada que fizemos, temos uma agenda cultural permanente para as crianças com oficinas de multiliguagens, contações de histórias, lançamentos de livros, teatro e música. Outra agenda traz cursos para adultos, para pesquisadores e interessados em educação, infância e literatura.
Como incentivar o amor pela leitura?
O mais importante é disponibilizar o livro e a leitura constantemente na vida da criança. Frequentar bibliotecas, livrarias, ter livros em casa… Acreditar nas suas escolhas, em seus temas de interesse, valorizar a leitura da criança, nas hipóteses que fazem para criar e interpretar mundos, além de fomentar a criação, a fabulação e o imaginário infantil.
O que diferencia a Miúda de outras livrarias infantis?
Temos uma curadoria muito bonita, pautada na bibliodiversidade de temas, assuntos, estéticas, autores, editoras e também nossa agenda de encontros para crianças e adultos. Como somos da educação e, por muito anos pesquisamos as infâncias e as artes dentro da perspectiva da criação e do pensamento infantil, acho que isso nos diferencia… de alguma forma esse nosso caminho está visível aqui na Livraria Miúda.
Podem indicar 5 livros para crianças?
Onde está Tomás – Micael Chirif e Leire Salaberria – Editora Jujuba – R$52,90. A mamãe está sempre procurando pelo menino, que, entre uma cena e outra, se esconde no mundo real e parte para a aventura no mundo da imaginação. As ilustrações são um convite a procurar por ele.
O mundo no Black power de Taió – Kiusam Oliveira e Taísa Borges – Ed Peirópolis – R$55. Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. O cabelo se transforma numa metáfora para a riqueza cultural de um povo.
Orikis – Luiz Antonio Simas e Luciana Nabuco – Ed Tulipa – R$76,90
Oriki é uma palavra de origem Iorubá e significa poesia. O livro é uma coletânea de pequenos contos recheados de ensinamentos e reflexões, ampliando repertório literário com os mitos africanos.
Guayarê – Yaguarê Yamã – Ed Biruta – R$52. Para o povo maraguá, uma criança se torna adulta entre os treze e quinze anos de idade. Essa passagem é celebrada com rituais que já são uma tradição da tribo. O menino Guayarê, de 7 anos, vai contar esse e outros costumes da tribo.
Drufs – Eva Furnari – Ed Moderna – R$64. Neste livro você poderá ler certas coisinhas interessantes (ou desinteressantes) que os alunos da professora Rubi escreveram sobre suas próprias famílias. Eva Furnari fez ilustrações intrigantes e usou seus próprios dedos como personagens.
Livraria Miúda
Endereço: Rua Coronel Melo de Oliveira, 766, Pompeia, São Paulo
Funcionamento: terça a sexta, das 11h às 19h • sábado, das 10h às 17h.
Teatro: Brilhos, cores e música
Para uns ele é brega; outros adoram. Já vi muitos dizerem que não gostam, mas no meio do show cantam e dançam junto com ele. O espetáculo musical “Sidney Magal: Muito Mais Que Um Amante Latino” estreia no Teatro Porto, em São Paulo, no dia 21 de outubro. A montagem é baseada na biografia oficial do cantor escrita por Bruna Ramos da Fonte, lançada na comemoração dos 50 anos de carreira do artista. A direção artística é de Débora Dubois. O figurino leva a assinatura do premiado Fábio Namatame. O ator Juan Alba, com passagens por novelas nas principais emissoras do país, e Luís Vasconcelos dividem o palco e interpretam o papel de Sidney Magal em diferentes fases da vida,
Serviço:
De 21 de outubro a 11 de dezembro
Sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 17h.
Teatro Porto
Al. Barão de Piracicaba, 740 – Campos Elíseos – São Paulo.
Telefone (11) 3366.8700
Ingresso: De R$ 40,00 a R$ 90,00
Vendas: www.sympla.com.br/teatroporto
Visuais: Frida na Bahia
Salvador recebe a mostra “Frida Kahlo, A Vida de Um Ícone”, com projeções em 360° e realidade virtual na biografia imersiva de uma jornada pela vida de uma das artistas mais influentes de todos os tempos. Frida Kahlo, mulher à frente do seu tempo, é apresentada em reproduções de pinturas, explorando a biografia da artista por meio de coleções de fotografias históricas, filmes originais, ambientes digitais, instalações artísticas, itens de colecionador, além de música original criada para reproduzir os momentos mais relevantes de sua história.
Serviço
Salvador Shopping
Av. Tancredo Neves, 3133, Salvador – BA
Até 04/12/2022
Horário: De segunda a sábado, das 10h às 21h; domingos e feriados, das 10 às 20 horas
https://fridakahlosalvador.com.br
Leitura: Cuidados na Internet
As mulheres são o público alvo do livro de Nina Jankowicz, ex-diretora executiva do Conselho de Governança da Desinformação, órgão criado pelo governo Biden e especialista no combate às notícias falsas. “Lugar de Mulher É Online e Onde Mais Ela Quiser”, da editora Vestígio, traça um manual de como proteger seus dados e privacidade online. A partir de sua experiência pessoal e a de outras mulheres que sofreram abusos constantes no ambiente digital, ela dá dicas preciosas para usar a internet, ambiente que considera perigoso e ofensivo para as internautas.
Be +
Chegar aos 90 ainda é raro, mas chegar aos 90 como Ziraldo Alves Pinto é uma bênção. A novidade é a estreia da série do Menino Maluquinho na Netflix, mas para celebrar o aniversário no dia 24 ainda haverá lançamentos em quadrinhos, exposição, novas edições e livro de homenagens. Parabéns Ziraldo, você é um gênio!
Muita gente reclama dos bares, do trânsito e do agito, mas mesmo assim a Vila Madalena, em São Paulo, foi eleita nessa semana o 13º bairro mais legal do mundo em 2022 pela revista internacional especializada em turismo Time Out, que divulgou o ranking anual pelo quinto ano seguido. E quem conhece, como a professora Thereza Vasques, frequentadora assídua, garante que há muito para se descobrir na área cultural da região.
Cientistas do Centro de Inteligência Artificial e Tecnologia da USP desenvolveram novos algoritmos capazes de prever condições meteorológicas e oceânicas com uma precisão 20% maior em comparação aos métodos convencionais. A matéria da CNN mostra a importância dessa descoberta para prever o comportamento do oceano e contribuir para otimizar o funcionamento dos portos.
Vem da Meio & Mensagem a lista Top 10 marcas mais valiosas do mundo divulgadas pelo Ranking BrandZ, da Kantar. O estudo teve como base o desempenho financeiro e critérios de reputação. São elas, pela ordem: Apple, Google, Amazon, Microsoft, Tencent, McDonald’s, Visa, Facebook, Alibaba e Louis Vuitton.
BE –
O desrespeito à nossa história é um absurdo. Um bom exemplo é a atuação de vândalos que volta e meia roubam os óculos da escultura de Carlos Drummond de Andrade, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Agora o monumento recebeu novos óculos e placa de identificação com o nome do poeta e o ano de inauguração. Tomara que permaneçam.
Estudo da Fundación Mapfre aponta que 60% dos mortos no trânsito são idosos e reforça a importância de oferecer uma mobilidade segura para o público sênior, com um trânsito menos violento e mais acessível. Por outro lado, o estudo reforça que o processo de envelhecimento pode levar a perdas sensoriais e cognitivas que afetam a capacidade do idoso para dirigir. Especialistas recomendam bom senso para saber quando é hora de parar.
Desinformação não! Outubro Rosa é fundamental para alertar as mulheres: só no Brasil, foram estimados 66.280 casos novos de câncer de mama em 2021, com um risco de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. Vamos ajudar a divulgar dados sobre a doença e as recomendações do Ministério da Saúde para prevenção, diagnóstico precoce e rastreamento.