Segundo a Wilson Sons, a embarcação Hyundai Grace deve chegar ao Tecon Rio Grande em 25 de maio, cerca de um mês depois de ter deixado o porto de Busan, na Coreia do Sul (Foto: Divulgação/Wilson Sons)
Região Sul
Wilson Sons anuncia parceria com rota exclusiva da Ásia ao Cone Sul
Contrato com a sul-coreana HMM pretende consolidar o Tecon Rio Grande como hub da área
A Wilson Sons anunciou uma parceria com a Hyundai Merchant Marine (HMM), uma dos principais armadores do mundo, e a operadora Bengal Tiger Line (BTL), de Cingapura, que vai consolidar o Tecon Rio Grande (RS) como um hub de contêineres da área denominada Cone Sul. A solução anunciada envolve a integração de um serviço feeder, projetado para a transferência ágil de cargas entre portos menores e um terminal concentrador, com uma rota direta e otimizada entre a Ásia e a América do Sul.
Pela primeira vez na história, um porto no sul do Brasil será a primeira escala na costa leste do continente para uma rota direta da Ásia, garantindo tempos de trânsito mais rápidos para cargas tanto da região sul quanto dos mercados do Prata.
O novo serviço semanal da HMM, o Far East-India-Latin America Service (FIL), conta com 12 navios fazendo escalas regulares em Rio Grande e uma capacidade total de aproximadamente 64 mil TEU (medida equivalente a um contêiner de 20 pés). A rota foi projetada para atender às necessidades de exportadores e importadores do sul do Brasil, além de conectar embarcadores uruguaios e argentinos aos mercados asiáticos.
Como um importante hub logístico para o Cone Sul, o terminal da Wilson Sons concentrará cargas da região e se conectará à linha feeder operada pela Bengal Tiger Line. Por meio de uma rotação estratégica que inclui Rio Grande, Buenos Aires e Montevidéu, o serviço RBM da BTL promoverá uma integração eficiente e otimizará os fluxos comerciais em toda a região.
O navio feeder de Singapura, o Tiger Plata, possui uma capacidade de transporte de 1.700 TEU e também fará escalas semanais.
Segundo anunciou a Wilson Sons, a operação terá início com a partida da embarcação Hyundai Grace do porto sul-coreano de Busan, em 16 de abril, chegando em Rio Grande em 25 de maio.
“Além de resolver um gargalo logístico complexo, esse modelo garante uma confiabilidade de escala sem precedentes e uma redução significativa nos tempos de trânsito das cargas, economizando até quatro dias para mercadorias importadas”, escreveu a companhia em comunicado.
Gargalo logístico
De acordo com a empresa, o acordo é uma resposta às restrições estruturais enfrentadas pelos países do Mercosul vizinhos ao Brasil.
A profundidade reduzida dos canais que levam aos portos da Argentina e do Uruguai limita a capacidade de carregamento das embarcações de médio porte que atendem a costa leste da América do Sul, forçando-as a realizar escalas duplas ao longo da costa brasileira, em portos como Santos (SP), Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, para aliviar a quantidade de carga e permitir a navegação para os terminais em Buenos Aires, na Argentina, e Montevidéu, no Uruguai. A restrição de profundidade também impede a entrada da nova geração de navios New Panamax, que não conseguem atracar nas instalações portuárias argentinas e uruguaias.
Essa realidade representa um grande desafio para a conectividade do Cone Sul com os principais mercados do mundo, tais como Ásia, Europa e Estados Unidos.
A adoção de navios feeder menores para servir os portos do Prata se apresenta como uma solução que possibilita que embarcações de grande porte se dediquem aos portos brasileiros mais profundos, como é o caso de Rio Grande. Esse arranjo operacional não apenas permite o aproveitamento integral da capacidade de carregamento dos navios, mas também traz ganhos substanciais de eficiência e economia de custos para armadores e embarcadores.
Essas vantagens incluem o emprego de navios maiores, como a classe New Panamax, maximizando a quantidade de carga transportada por viagem; a redução dos tempos de trânsito, o que pode até viabilizar a exclusão de um navio em determinadas rotas, melhorando assim a eficiência operacional; a eliminação de escalas duplas; a melhoria dos níveis de serviço com o aumento da confiabilidade das escalas; e a maior sustentabilidade dos portos envolvidos, garantindo alinhamento aos compromissos globais de neutralidade de carbono até 2050.