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Por conta do grande temporal que atingiu o Rio no dia 3 de janeiro, o cabeço de amarração foi arrancado, fazendo com que o MSC Música se desprendesse do cais (Crédito: Reprodução)

Região Sudeste

Acidente no Rio acende alerta sobre manutenção de cabeços nos portos

Atualizado em: 9 de fevereiro de 2023 às 10:44
Cássio Lyra Enviar e-mail para o Autor

Cabeço de amarração do complexo carioca foi arrancado e causou danos no MSC Música

O acidente envolvendo o navio de cruzeiro MSC Música, que estava atracado no Porto do Rio de Janeiro, no dia 3 de janeiro, levantou a importante questão voltada para a segurança dos cabeços nos terminais portuários brasileiros. Não houve feridos e segundo a Autoridade Portuária PortosRio, a embarcação foi amarrada ao cais novamente.

Por conta do grande temporal que atingiu a cidade naquele dia, o cabeço de amarração foi arrancado, fazendo com que o MSC Música se desprendesse. Os cabeços são estruturas fixadas no cais, onde ficam presos os cabos que mantêm os navios atracados. O cabeço e os chumbadores, que costumam pesar mais de uma tonelada, atingiram o navio.

Diante do cenário recente do aumento do tamanho e peso das embarcações que navegam nas águas brasileiras, aumenta também a responsabilidade de verificar as condições e qualidade desses equipamentos.

O engenheiro Francisco Gaudêncio, diretor técnico da Bowline — empresa de consultoria técnica voltada para os ramos do transporte marítimo e de cargas — e representante da BollardScan no Brasil, analisou os vídeos que circularam pela internet do acidente e acredita que um desastre maior poderia ter acontecido.

“Você pensa em um cenário. Com o navio atracado no Porto, imaginando que estivesse em condições normais de clima, com pessoas na escada deixando a embarcação, pessoas na amarração, o risco humano seria exponencial. São poucos os acidentes com cabeços, mas quando há são danos graves e extremamente sérios”, comentou.

Somados, os portos brasileiros têm cerca de 6,5 mil cabeços de amarração. Para evitar acidentes são necessárias manutenções preventivas nessas estruturas, que também incluem os chumbadores e o concreto no entorno.

No Brasil, a Bowline é a única empresa que realiza testes de integridade por meio de sensores, ou seja, a tecnologia, que vem da Holanda, impede danos às estruturas, pois não são aplicadas cargas reais, mas sim um sistema de vibração.

“Trata-se de testes em cabeços em forma não destrutiva. É uma tecnologia recente, autorizada desde 2018. Para registros, temos mais de 3 mil cabeços testados em todo o mundo. No Brasil, fizemos um teste no Porto de Açu (RJ)”, explicou Gaudêncio.

Após a simulações de carga, as estruturas avaliadas pela Bowline recebem uma certificação internacional da Lloyds Register, com validade de três anos, além de um seguro. “Nunca foi necessário utilizar esse seguro, mas se algo acontecer, a empresa fornecerá um novo cabeço, sua instalação e um novo teste, desde que sejam seguidas as indicações do relatório fornecido”.

 

No mercado

Com a tecnologia, o engenheiro afirma que a empresa tem trabalhado para expandir os seus serviços através de abordagens tanto nos portos públicos como em terminais privados.

“Trabalhamos com abordagens institucionais. Não fazemos uma gestão por atacado, vamos no aspecto reativo, que é quando um cliente ou clientes precisam, apresentamos soluções imediatas. É uma dinâmica que o mercado em si já está muito acostumado. Tem uma questão de demanda quanto às autoridades públicas onde estamos esperando essa transição de governos. Então, estamos fazendo abordagens em diversos aspectos”, concluiu.

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