O 5G veio para ficar, vai trazer muita novidade ainda, mas temos de dar tempo para o seu amadurecimento (crédito: Agência Brasil)
tecnologia & inovação
E o 5G? Já chegou aí?
A coluna tecnologia & inovação é uma contribuição do Conselho Brasil Tech Export, presidido pelo diretor executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Angelino Caputo.
Muito se falou em 2022 sobre a chegada, no Brasil, da quinta geração da tecnologia móvel conhecida como 5G, do seu caráter revolucionário e do seu potencial para transformar significativamente a nossa sociedade.
Já estamos em meados de 2023 e eu pergunto: alguém aí já sentiu alguma diferença? Isso é muito comum com as tecnologias. Normalmente cria-se uma expectativa de que, num estalar de dedos, tudo vai mudar, mas não é bem assim. Precisa-se de tempo para a instalação da infraestrutura e principalmente para surgirem as aplicações que maximizam os resultados dessas novas tecnologias.
Além disso, temos de lembrar que estamos num país continental, com muitas desigualdades existentes. Um estudo do IBGE de 2021 constatou que 92,3% dos domicílios urbanos brasileiros e 74,7% dos rurais possuem algum tipo de conectividade. Já o CGI.BR (Comitê Gestor da Internet no Brasil) apurou que 100% dos domicílios da classe A brasileira possuem pelo menos um computador, enquanto apenas 13% das classes D e E possuem têm esse tipo de equipamento.
Ao analisar a forma de conexão à internet no Brasil, a PwC constatou que apenas 20% dos usuários possuem acessos de qualidade, e aqui estamos falando de acessos por fio ou móveis em 4G.
Nessa linha, a implantação do 5G segue como possível. A Anatel já autorizou alguns atrasos no cronograma e, hoje, temos a tecnologia disponível em apenas 200 cidades do país, mas ainda com poucos usuários, já que normalmente é necessária a troca do aparelho para se usar a nova velocidade. E mesmo nessas cidades, não são todos os bairros que contam com a nova tecnologia. Apenas como parâmetro da implantação, as cidades com 30 mil habitantes deverão receber o 5G apenas somente em 2026.
Mas e aqui, no nosso mundo corporativo da infra de transporte, como está a chegada do 5G? Essa pergunta é importante, pois a tecnologia permite, além das redes públicas fornecidas pelas operadoras como Vivo, TIM e Claro, a criação de redes privativas, principalmente para o suporte à automação de processos e para aplicações de IoT (Internet das Coisas), em substituição a outras tecnologias chamadas wireless (sem fio), como o próprio Wi-Fi ou as redes LoRa (Long Range – longo alcance e baixa potência).
Nesse sentido, o máximo que observamos até agora foram anúncios isolados sobre estudos por parte de alguns terminais portuários de Santos, na expectativa de que, com o 5G, obtenham um número maior de dispositivos conectados em seus pátios e uma redução significativa de antenas e pontos de rede Wi-Fi.
Resumindo, o 5G veio para ficar, vai trazer muita novidade ainda, mas temos de dar tempo para o seu amadurecimento, assim como acontece com as outras tecnologias da chamada quarta revolução industrial, que estão avançando e nos surpreendendo a cada dia, tais como: Inteligência Artificial, Blockchain, Big Data, Machine Learning, IoT e sistemas cyberfísicos, entre outras. A nós, amantes de tecnologia e inovação, cabe torcer por toda essa transformação digital da nossa sociedade e, na medida do possível, influenciar no resultado.