Porto de Pecém deve gerar 80 mil vagas de empregos nos próximos anos (crédito: Porto de Pecém/Divulgação)
Região Nordeste
Pecém completa 21 anos e prepara hub de H2V
Empreendimento vai demandar investimentos públicos e privados no total de R$ 2,2 bi
O jovem Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará, cresceu rapidamente desde sua implantação. Completou 21 anos de operações na última terça-feira, dia 28, e abriga diversos empreendimentos voltados à movimentação de carga, produção industrial e siderurgia. Apesar de trabalhar para desenvolver todas essas frentes de negócios, o principal objetivo, a fim de manter o complexo na vanguarda do universo portuário nacional, está claro: dotá-lo da infraestrutura necessária para o hub de hidrogênio verde, viabilizando a exportação de até 1 milhão de toneladas de H2V.
A direção do porto projeta que os investimentos necessários vão somar R$ 2,2 bilhões, incluindo aplicações não só aportes do Governo do Ceará – responsável por sua gestão -, mas também da iniciativa privada: cerca de R$ 1,2 bilhão serão desembolsados exclusivamente pelas empresas instaladas no Pecém.
“Estamos planejando esse investimento à medida que os contratos vão se concretizando. Assim, devemos criar um corredor de utilidades, por onde vão circular os dutos de amônia, gás natural, eventualmente de hidrogênio, e a parte de energia elétrica”, ressaltou o presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueiredo.
A iniciativa privada terá a responsabilidade de construir os gasodutos, a estrutura para a tancagem dos combustíveis e o terminal para receber a produção e realizar as movimentações. No porto, dentre as obras que cabem ao Complexo, o píer 2 deve sofrer adaptações após o fim do contrato do Pecém com a Petrobras para a operação de amônia e hidrogênio verdes. Além disso, uma nova subestação será implantada para garantir a autosuficiência de energia para os eletrolisadores (usinas nas quais é gerado o H2V).
Nomeado para o cargo no final do último ano, Figueiredo considera esta uma chance única para o desenvolvimento do estado cearense. “É uma oportunidade de mudar não só a vida de quem está diretamente envolvido, mas de impulsionar a economia para os cearenses que mais precisam. O potencial de geração de empregos é estimado em 80 mil vagas nos próximos anos”, observou. Segundo ele, o corredor de utilidades impactará positivamente todos os segmentos que atuam no Pecém, não somente aqueles ligados ao hidrogênio verde.
“Estamos em reuniões com o Banco Mundial que apontou que o Ceará tem a condição para produção e exportação de H2V. Além disso, o Governo do Estado tem reunido esforços para atrair e manter investidores no estado. Por isso, o ano que vem deve ser decisivo para a consagração do hub de hidrogênio verde. Nossa expectativa é de que, em 2024, sejam tomadas as decisões finais de investimento. É quando toda a parte de engenharia já está elaborada, o licenciamento está obtido e a infraestrutura compartilhada está resolvida. Só os três pré-contratos que temos assinados já somam US$ 8 bilhões em investimento, em cinco anos”, explicou o presidente.
Entre as demais ações para desenvolver o complexo, Figueiredo destacou o início das obras da Portocem, uma usina termelétrica movida a gás natural, previsto para o próximo mês. Será o segundo maior investimento que o Ceará já recebeu, atrás apenas da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), hoje administrada pela ArcelorMittal. O empreendimento, que conta com investimento de R$ 4,7 bilhões, deverá entrar em operação comercial em 2026. “A direção do complexo está muito feliz pelo que o Porto do Pecém já contribuiu para o desenvolvimento do Ceará nesses 21 anos e mais ainda pelo papel que o Porto irá desempenhar no futuro, transformando a economia do estado”, finalizou.