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tecnologia & inovação

A vida real é analógica!

4 de abril de 2023 às 9:49
Angelino Caputo Enviar e-mail para o Autor

Hoje em dia é tão comum falarmos de coisas digitais que o termo já está completamente banalizado. Todo mundo usa, mas a grande maioria das pessoas não tem a menor ideia do que isso realmente significa, só sabe que uma coisa digital é melhor do que aquela mesma coisa, quando não é digital. Vale para TV digital, celular digital, música digital etc. Mas se a coisa não for digital é o que mesmo?

Na verdade, o termo oposto a digital é analógico. Tudo na natureza que pode variar de forma contínua é analógico. Assim, o volume do rádio, quando temos aquele antigo botão de girar, um copo de água que vai enchendo embaixo de uma torneira, a intensidade da luz no pôr do sol, entre outras coisas, são bons exemplos de coisas analógicas. A diferença entre um pouquinho a mais ou pouquinho a menos não dá para distinguir.

Já o digital é uma maneira inventada pelo homem para representar as coisas analógicas da natureza, de forma que possam ser armazenadas, processadas e transmitidas por computadores e modernos sistemas de telecomunicações. Normalmente o que se faz é quantificar a intensidade daquilo que é analógico, num processo conhecido na engenharia como conversão analógica/digital. De uma forma bem simples, tiram-se amostras da coisa analógica ao longo de um intervalo de tempo, quantificam-se essas amostras e as armazenam.

Vamos seguir com o exemplo do copo d’água. Digamos que o copo tenha 10 cm de altura. Então coloco um sistema para olhar a altura da coluna de água a cada 10 segundos. Vamos supor que o copo vai enchendo numa velocidade de 1 cm por minuto. A cada minuto o sistema mede o nível 6 vezes e vai encontrando os níveis da água e registrando esses valores, mas ele teoricamente perde as informações que estão nos segundos diferentes dos múltiplos de 10.

No final do processo eu posso traçar um gráfico de pontos digitais representando como foi o processo de enchimento do copo, mas não será uma linha contínua (analógica). Eu posso ficar satisfeito com esse resultado por achar que ele me traz uma boa representação do processo. Porém se eu achar que a curva está muita imprecisa eu posso reconfigurar o sistema para tirar uma amostragem a cada 1 segundo e não mais a cada 10 segundos. O problema é que vou precisar de 10 vezes mais memória para armazenar as informações, mas a precisão aumenta.

Vocês se lembram dos discos de vinil? Ali as músicas estavam armazenadas de forma analógica. Se olhassem com uma lupa a superfície do disco veriam uma série de ranhuras por onde navegava uma agulha, que vibrava proporcionalmente às frequências e volume da música original, transformando essas vibrações em impulsos elétricos que faziam vibrar o auto falante da vitrola. Já para se gravar essa mesma música num CD um sistema fazia amostragens dessas curvas analógicas e armazenava as informações na forma de números digitais.

Na hora de reproduzir a música um processo inverso, chamado conversão digital/analógica, lia os dados e os transformava em impulsos elétricos que excitavam a caixa de som, já que os nossos ouvidos são analógicos. Por isso alguns puristas diziam que a música limpa era a do vinil, porque não perdia nenhuma informação no processo de digitalização.

Com o aprimoramento da capacidade dos computadores e das memórias, além de avançados algoritmos de compressão de dados (MP3, por exemplo), a granularidade das amostras ficou tão pequena que é impossível se perceber qualquer perda no processo de digitalização. Além disso, a transmissão a longa distância de sinais analógicos é sujeita a várias interferências da própria natureza (lembram das tvs com fantasmas e chuviscos).

Já na transmissão digital o sistema receptor só tem que entender os diversos valores digitais que estão chegando para remontar o sinal analógico, antes de entregá-lo de volta ao ser humano, como por exemplo, uma imagem de TV. No caso de eventual perda de qualidade teremos uma granulação da tela, mas se o sinal chega com uma qualidade mínima a TV consegue converter todas essas informações numa imagem perfeita para ser entregue aos nossos olhos, que continuam analógicos. Só demora um pouquinho para processar tudo e remontar o sinal. Por isso, o gol sai “mais cedo” na TV velha do vizinho, que continua 100% analógica! Uma coisa é certa, digitalizar aumenta a precisão e a segurança dos processos. Vale aqui para o nosso mundo logístico/portuário.

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