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Segundo o relatório, houve mais de 70 incêndios somente em navios porta-contêineres nos últimos cinco anos.

Internacional

Navegação fica mais segura, mas incêndios preocupam

14 de maio de 2022 às 12:55
Bárbara Farias Enviar e-mail para o Autor

O relatório da Allianz aponta um declínio de 57% em perdas de embarcações em dez anos

As perdas totais de navios acima de 100 mil toneladas brutas recuaram. Em 2021, 54 embarcações tiveram perda total contra 65 do ano anterior. No entanto, o número de vítimas subiu e os incêndios em navios preocupam o setor naval. É o que aponta o relatório anual Safety & Shipping Review 2022, da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS).

Segundo o levantamento, a redução de embarcações com perda total representa um declínio de 57% em 10 anos (127 em 2012). Durante o início dos anos 90, a frota global estava perdendo mais de 200 navios por ano.

Os resultados impressionam considerando a estimativa de que a frota global atual gire em torno de 130 mil embarcações. Há 30 anos, cerca de 80 mil navios atendiam o comércio internacional. Atualmente, o setor naval transporta aproximadamente 90% de todas as mercadorias produzidas no mundo.

“As perdas totais estão em mínimos históricos – cerca de 50 a 75 por ano nos últimos quatro anos, em comparação com mais de 200 nos anos 90”, afirmou o capitão Rahul Khanna, diretor da Global de Consultoria de Risco Marine, da AGCS. “Entretanto, a trágica situação na Ucrânia causou uma perturbação generalizada no Mar Negro e além, exacerbando a cadeia de abastecimento, o congestionamento nos portos e os problemas de crise da tripulação causados pela Covid-19. Ao mesmo tempo, algumas das respostas do setor ao boom da navegação, como a mudança no uso ou o prolongamento da vida útil dos navios, também são pontos de atenção. Enquanto isso, o número crescente de problemas enfrentados pelas grandes embarcações, tais como incêndios, encalhamentos e operações complexas de recuperação, continua a desafiar os armadores e suas tripulações”, destacou.

De acordo com o relatório, houve quase 892 perdas totais na última década. A região marítima do sul da China, Indochina, Indonésia e Filipinas é o principal hotspot global de perdas, sendo responsável por uma em cada cinco perdas de 2021 (total 12) e uma em cada quatro na última década (total 225), impulsionadas por fatores que incluem altos níveis de comércio, portos congestionados, frotas mais antigas e clima extremo. Globalmente, os navios de carga (27) representam metade das embarcações perdidas no último ano e 40% durante a última década. Os naufrágios (afundamentos/submergidos) foram a principal causa das perdas totais durante o ano passado, representando 60% (32).

Enquanto as perdas totais diminuíram em 2021, o número de vítimas ou incidentes de navegação relatados aumentou. As Ilhas Britânicas tiveram o maior número (668 de 3 mil). Os danos às máquinas foram responsáveis por mais de um incidente em cada três no mundo (1.311), seguido por colisão (222) e incêndios (178), com o número de incêndios aumentando em quase 10%.

 

Incêndios a bordo

Em 2021, os incêndios a bordo do porta-veículos roll-on roll-off (ro-ro) Felicity Ace e do navio porta-contêiner X-Press Pearl resultaram em perdas totais.

Segundo o relatório, houve mais de 70 incêndios somente em navios porta-contêineres nos últimos cinco anos. Cerca de 5% dos contêineres embarcados podem consistir em mercadorias perigosas não declaradas. Os incêndios em grandes navios podem se espalhar rapidamente e serem difíceis de controlar, muitas vezes resultando no abandono pela tripulação, o que pode aumentar significativamente o custo final de um incidente.

“Muitas vezes, o que deveria ser um incidente controlável em uma grande embarcação pode terminar em uma perda total. A operação de salvamento é uma preocupação crescente. As preocupações ambientais estão contribuindo para o aumento dos custos de salvamento e remoção de destroços, já que se espera que os armadores e seguradoras façam seu máximo para proteger o meio ambiente e as economias locais”, disse Khanna. “Anteriormente, um naufrágio poderia ter sido deixado in-situ se não representasse perigo para a navegação. Agora, as autoridades querem que os naufrágios sejam removidos e o ambiente marinho restaurado, independentemente do custo”, complementou.

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