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O projeto prevê que o novo Porto de Singapura terá capacidade para movimentar 65 milhões de TEU em 2040, por isso a necessidade de ser ainda mais automatizadoCrédito: Divulgação

Singapura

Singapura sabe que o futuro depende de estar à frente em inovação, diz diretor da ABTRA

Atualizado em: 8 de maio de 2023 às 8:52
Vanessa Pimentel Enviar e-mail para o Autor

Angelino Caputo faz balanço da viagem que realizou ao país junto à comitiva da Missão Portuária – Brasil Export 2023

“Singapura sabe que o futuro depende de estar à frente em inovação”, diz Angelino Caputo, diretor-executivo da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), ao voltar para o Brasil após viagem a Singapura – eleito o país mais inovador da Ásia repetidas vezes pelo Global Innovation Index, ranking anual que analisa a capacidade dos países em obterem sucesso com inovação.

Caputo desembarcou no país no dia 24 de abril e ficou até o dia 28, participando da Missão Portuária – Brasil Export 2023, que incluiu visitas ao PIER71, principal ecossistema de inovação focado no setor marítimo, e à Autoridade Portuária local MPA (Maritime Port Authority).

Para Angelino, o país chegou a um nível de excelência em tecnologia e inovação graças a constantes investimentos, públicos e privados, em ideias que, desde o nascedouro, apresentam potencial de sucesso. “Adotaram isso como cultura, é algo que permeia a sociedade”, explica.

E, segundo ele, são exatamente esses fatores que ainda diferem do cenário encontrado no Brasil: pouco ou nenhum investimento em projetos que têm potencial, mas que ainda estão em fase inicial; e pouca popularização da cultura tecnológica.

“Até que a ideia vire um projeto de fato, que possa ser comercializado, demora. Singapura adota as boas ideias desde o começo e dá toda a estrutura para que elas possam se desenvolver. No Brasil não, os investidores só aparecem quando a ideia já está praticamente viabilizada, o que faz com que muitas fiquem pelo caminho”, explica.

Para ele, o principal objetivo de viagens como esta é mostrar para quem participa das comitivas que “inovação é tentativa e erro”, mas que quando dá certo, impacta positivamente não só os setores produtivos, mas toda a sociedade. 

“Inovação tem um poder transformador e o Brasil, para se tornar uma grande potência, precisa investir em novas tecnologias”, pontua.

Tecnologias apuradas

A última vez que o diretor da ABTRA esteve em Singapura havia sido em 2019. Naquele ano, ao visitar o porto, ele viu que os portêineres eram movimentados de forma remota. Os operadores ficavam em uma sala e cada um deles conseguia operar quatro equipamentos de forma simultânea. Quase quatro anos passaram e agora cada operador já consegue operar oito portêineres ao mesmo tempo.

“E a meta deles, investindo em tecnologia, é que em breve esses operadores possam operar 20 portêineres de uma só vez. Inovação na prática”, cita. 

Isso porque o Porto de Singapura vai mudar de lugar para expandir e os trabalhos já estão em andamento. “A capacidade deles de planejar a longo prazo é de fazer inveja. É um projeto de estado, não de governo, por isso é executado”, comenta.

Angelino conta que, atualmente, o complexo movimenta 37 milhões de TEU por ano, 10 vezes mais que a quantidade movimentada no Porto de Santos (SP), o maior da América Latina. O projeto prevê que o novo Porto de Singapura terá capacidade para movimentar 65 milhões de TEU em 2040, por isso a necessidade de ser ainda mais automatizado.

Questionado sobre como o país consegue automatizar tantas funções sem gerar desemprego, Caputo explica que o porto tem programas de requalificação profissional, proporcionando aos funcionários a possibilidade de migrar e atender a novas demandas.

Ao concluir o balanço da viagem, Caputo comenta que o PIER71 segue sendo o “seu modelo” a ser perseguido no Brasil. O hub de inovação reúne em um grande prédio empreendedores de tecnologia que pensam e criam soluções específicas para o setor marítimo.

“Como pode Santos ter o porto mais importante do país e não ter ali um hub de inovação?”, questiona, dizendo também que a instituição de Singapura possui parcerias com diversos países do mundo, mas não está presente na América do Sul, algo que precisa ser trabalhando, visando uma possível colaboração, o que poderia trazer ganho para o setor portuário nacional.

“Viagens como essa abrem oportunidades de futuras parcerias. O setor precisa viajar mais, mas não só para ver guindastes, dragagem, e sim para conhecer as tecnologias adotadas em outros países. É preciso olhar para o futuro”, ressalta.

Além de Caputo, fizeram parte missão portuária autoridades como os diretores da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) Felipe Queiroz e Lucas Asfor; o presidente da Companhia Docas da Paraíba (CDP), Ricardo Barbosa; o secretário de Governo da Prefeitura de Santos, Fábio Ferraz; do CEO do Brasil Export, Fabrício Julião; o presidente do Conselho do Singapura Export, Joel Julius, e integrantes do grupo que venceu o Brasil Hack Export, maratona tecnológica promovida pelo grupo Brasil Export em 2020.

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