O painel que discutiu possíveis soluções para os gargalos do Porto de Santos foi um dos mais esperados do segundo dia do Santos Export Crédito: Gabriel Imakawa/Brasil Export
Região Sudeste
Única via de acesso para caminhões ao porto, via Anchieta está próxima do limite
Governo de São Paulo estuda qualificar uma obra para nova ligação entre planalto e planície
O segundo painel de debates do Santos Export – Fórum Regional de Logística, Infraestrutura e Transportes discutiu possíveis soluções para os gargalos do Porto de Santos. Esse foi um dos temas mais esperados no segundo e último dia do evento, encerrado ontem (16). Única via de acesso para a chegada de caminhões pelo modal rodoviário, a via Anchieta está chegando no seu limite, segundo afirmou o representante do Grupo EcoRodovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). Já no modal ferroviário, a Fips (Ferrovias Internas do Porto de Santos) já prevê um cronograma de obras, mas ainda sem previsão de data.
Conforme números apresentados pela EcoRodovias, e também pelo Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), pelo menos até 12 mil caminhões descem pela via Anchieta por dia, com o número podendo ser diretamente afetado em razões de intercorrência na rodovia, principalmente no que diz respeito ao seu trecho de serra.
Segundo Rui Klein, diretor de Concessões Rodoviárias Estaduais do Grupo EcoRodovias, atualmente o sistema atual opera, em condições regulares, de maneira pressionada.
“Nós fazemos um monitoramento contínuo, que divide os níveis de A a F, sendo F a rodovia totalmente sem condições. Os trechos de serra atuam no C e no D, que são o intermediário e suportável. Para o volume que se propõe, a descer de forma regular, a rodovia está chegando no seu limite. A necessidade de obras, necessidade de contingências e outros assuntos que afetam o porto, a gente já começa a sentir e sente impactar o nível de serviços”, comentou Klein.
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo (Semil), Natália Resende, mencionou sobre obras qualificadas junto ao Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) que estão ligadas à região da Baixada Santista. Afirmou também que obras ligadas à infraestrutura diretamente ligadas ao Porto de Santos são prioridade da gestão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Nós vemos o porto como uma prioridade, tanto que, dos investimentos que citei, muitos são para essa região. Os estudos (de uma nova ligação planalto-planície) são de longo prazo. Pretendemos ao longo deste ano fazer as devidas qualificações, como tem sido feito na nossa gestão. Vamos perseguir sempre a maior celeridade possível nos nossos projetos e pode ter certeza que é o que vamos fazer considerando a importância da Baixada”, afirmou.
O prefeito de Santos, Rogério Santos (PSDB), enfatizou a preocupação que a Prefeitura tem com a ligação Planalto-Planície. “Nós temos alguns gargalos localizados, na parte do Planalto, na serra, no município e na parte interna do Porto. E tudo isso afeta ou do ponto de vista logístico ou econômico dentro da cidade de Santos”.
Rogério ainda lembrou das consequências que o incêndio ocorrido no terminal da Ultracargo, em abril de 2015, causou no Porto e na cidade de Santos. “Parou a safra agrícola do país no Sistema Anchieta-Imigrantes e impactou diretamente a cidade por conta da necessidade da entrada dos caminhões num plano emergencial”.
Representando os transportadores, André Neiva, presidente do Sindisan, afirmou que a necessidade de uma nova via para os caminhões é “para ontem”.
“Vi muita gente falando da terceira via. Mas os caminhões só descem por uma via. Então estamos discutindo a segunda via. Essa segunda ligação deve ser prioridade. O setor precisa, o Porto de Santos, maior porto do Brasil, precisa. É preciso um maior empenho com essa obra”, comentou.
Ferrovias
Outra importante solução voltada para eliminar os gargalos do Porto de Santos é a Fips (Ferrovias Internas do Porto de Santos), formada pela concessionária que tem a participação das empresas VLI, Rumo Logística e MRS.
De acordo com João Almeida, diretor-presidente da Fips, após a sua criação, ela encontra-se na fase de transição assistida em comitês de trabalho junto com a Autoridade Portuária de Santos (APS) e suas associadas. Ainda não há data para início de obras, mas no próximo semestre será definida a lista de prioridades da companhia, conforme segue o acordo contratual.
“Depois dessa fase de transição, vamos nos organizar e fazer o cronograma de obras. Pretendemos seguir o que está no contrato. Acho difícil alguma obra já para começar neste ano. Temos as três maiores concessionárias do segmento de cargas do país por ferrovias e estamos juntos para garantir que esses gargalos do Porto de Santos sejam resolvidos”, analisou.
O painel sobre os gargalos do Porto de Santos contou, também, com a participação de Felipe Queiroz, presidente da Agência Nacional de Transportes Terrestres; e Silvana Alcântara, diretora de Relações Institucionais e Regulatório da VLI. O jornalista Leopoldo Figueiredo, diretor de Redação do BE News, foi o mediador do debate.