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Atualizado em: 3 de junho de 2023 às 12:51
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

BORDAR A VIDA NA COLCHA DE RETALHOS DO COTIDIANO É TAREFA PARA QUEM TEM A
CAPACIDADE DE OUVIR A PRÓPRIA VOZ. GOSTO DA IMAGEM DE PASSAR A AGULHA NAS
LINHAS E ENTRELINHAS; CHULEAR AS BORDAS DOS DESTEMPEROS E MÁGOAS PARA QUE
NÃO SE DESFIEM MAIS. GOSTO DE PENSAR QUE AS EMOÇÕES BEM ALINHAVADAS SEGURAM
AS QUEDAS E QUE OS DRAPEADOS VÃO DOBRANDO ORGULHOS E DESVARIOS DO CAMINHO.
NO ACABAMENTO FINAL, DECORAR COM VIÉS COLORIDOS OS DIAS DE CHUVA E VINCAR
COM ESPERANÇA CADA AMANHECER. UMA BOA COSTURA SUAVIZA AS ESPERAS.

Foco

A engenheira que virou gestora

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O forte era a área de exatas, desde menina. Talvez por isso, Mariana Pescatori escolheu com segurança cursar Engenharia Civil na UnB, em Brasília, e nunca se arrependeu. A diretora do Departamento de Novas Outorgas e Políticas Regulatórias Portuárias do Ministério de Portos e Aeroportos está há mais de 15 anos na logística portuária, e é uma referência no setor. 

Mesmo sem calcular prédios ou obras por estar na área de políticas de transportes, ela diz que escolheu a carreira certa: “A Engenharia me formou para o raciocínio lógico e para a capacidade de gestão, que são muito exigidos no setor público”.

Desde a faculdade, encara com naturalidade o ambiente majoritariamente masculino ao seu redor: “Eu nunca me senti intimidada. Até há pouco tempo, eu não tinha essa percepção da importância das mulheres em desbravar o ambiente portuário. Participando de várias conversas e reflexões, vejo que é essencial abrir caminho para outras mulheres. Felizmente, temos muitas em altos cargos, como Natália Marcassa, Flavia Takafashi e Gabriela Costa”.

A vida profissional de Mariana começou em 2007, quando passou no concurso da Agência Nacional da Aviação Civil. Em seguida, foi para a Secretaria de Assuntos Estratégicos em um período curto, quando trabalhou pela primeira vez com Fabrizio Pierdomenico em um planejamento para 2022, na Secretaria de Portos. 

Em 2010, foi chamada por ele para ficar diretamente na Secretaria de Portos, e se encantou: “Era a oportunidade de estar num setor em que havia um GAP de profissionais, não havia concurso para ter novas cabeças pensantes. Comigo entraram profissionais que hoje são referência no setor, como Diogo Piloni e Fábio Lavor. Ali me apaixonei pelo setor portuário e nunca mais voltei para a aviação”.

Com foco na área de inovação, área que gosta muito, tocou projetos importantes na secretaria como os do Porto sem papel, do VTMS ((Vessel Traffic Management Information Syst ou Sistema de Gestão de Tráfego de Embarcações) e o Documento Eletrônico de Transporte.

Na gestão anterior atuou como Diretora na Secretaria-Executiva do Ministério da Infraestrutura. Quando voltou da licença maternidade, ficou um tempo no gabinete do Ministro Marcelo Sampaio e também como diretora de Mercado e Inovação e diretora-presidente substituta na Empresa de Infraestrutura do Governo Federal, Infra S/A. 

De volta à secretaria, ao lado de Pierdomenico, está entusiasmada: “Fiquei muitos anos na Secretaria de Portos, mas estava na área de planejamento. Estar à frente da área de políticas regulatórias e outorgas portuárias é um grande desafio. Nós cuidamos da estruturação de todos os novos projetos de arrendamentos e também de pleitos de alteração de contratos. Houve delegação de competências para que os portos de Paranaguá, São Francisco do Sul e Suape façam a gestão seus contratos. Todos os outros contratos de arrendamento, alterações, pedidos de prorrogação continuam passando pelo Ministério”.

Entre as prioridades, está a montagem da carteira de novos projetos 2023 a 2026, incluindo toda a parte de outorgas, com as diretrizes definidas pelo Ministro Márcio França. “Com a diretriz de manutenção das Autoridades Portuárias Públicas, estamos revisitando as modelagens para levar adiante a concessão dos serviços de zeladoria dos portos”.

O Porto de Santos é um dos destaques nesse desenho. Mariana garante que a equipe está debruçada no projeto, com estudos e a parceria do BNDES para atualizar a visão de manutenção da Autoridade Portuária pública, com a concessão de serviços de dragagem, acessos terrestres, garantindo contratos a longo prazo para os serviços privados.

Sobre a concessão dos serviços de zeladoria, ela explica algumas formas em estudo: “No caso específico de Santos, temos dois caminhos: seguir como em Itajaí, com leilão para a concessão dos serviços, ou o sistema de condomínio: No Porto de Santos temos maturidade e atuação grande da comunidade portuária, os arrendamentos de longa data e players do setor bem consolidados para uma boa gestão”.

Mariana avalia que o esquema condominial será melhor executado, uma vez que todos os arrendatários terão interesse em que tudo funcione da melhor maneira e com melhor custo. “Vamos ter os próprios operadores fazendo o serviço. É um modelo desafiador de governança, algo parecido como fizemos com a FIPS (Ferrovia Interna do Porto de Santos”, mas lá eram três players. No Porto de Santos temos 54, é preciso pensar em uma estrutura de governança que funcione para decidir no momento oportuno”.

Essa ideia também pode contemplar a solução para um gargalo antigo: a dragagem. “Entendemos que também para a dragagem o setor privado trará perenidade maior, será um contrato a longo prazo. A empresa de dragagem poderá manter sua draga no país, atendendo também a outros portos. O custo ficará mais barato. Queremos modelos com incentivos para uma dragagem bem-feita e um canal com a profundidade necessária”.

A questão das hidrovias é outro desafio para o Ministério. Comenta que o diretor Dino Andrade continua coordenando esse assunto no Projeto BR do Rios: “Temos que pensar em alterações para viabilizar as hidrovias em nosso país e torná-las perenes. Há várias obras emblemáticas que precisamos tirar do papel, como no caso da hidrovia do Tietê-Paraná”.

Otimista para 2023, acredita que vai ser um ano positivo: “Mesmo em anos difíceis de pandemia o setor mostrou ser resiliente e tivemos boa movimentação. No campo das outorgas, já chamamos as associações representativas do setor para pensar em tornar esses processos mais céleres. O poder concedente centralizado não pode atrasar, precisamos repensar fluxos de processos e reduzir as nossas burocracias”.

Mariana é mineira de Patos de Minas, mas só de nascimento. O irmão do seu pai era médico e morava na cidade, mas logo depois do parto a família voltou para Brasília. “Sou mineira apenas de gostar de pão de queijo”, brinca.

Casada com Thiago, que conheceu na Anac, é mãe de Malu e Laura, respectivamente com 7 anos e um ano e meio. Trabalhou durante a gravidez e a volta da licença maternidade também tem sido agitada: “É uma loucura, mas não tenho culpas, acho que mães que trabalham são um grande exemplo para essa nova geração de meninas. Eu não me cobro muito, quando estou com elas, realmente estou. Bom que Thiago é um grande parceiro e muito presente, dividimos tudo”.

 

Gastronomia

Vai de macarrão assustado?

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Essa é a segunda receita que eu publico do meu amigo Gera Di Giovanni, autor do livro “Cozinha lacônica” e colaborador da coluna. Eu já gostei do nome do prato. Ele explica que a receita rápida é ideal para dias de muita fome e pouco tempo. 

O modo como ensina, acho o máximo:

“Coloco depressinha a água (abundante e salgada) para ferver e vou cozinhando o spaghetti. Ao mesmo tempo, tiro a pele da linguiça, pico uma abobrinha em tiras, refogo tudo numa mistura de azeite com manteiga e alho e, quando estiver no ponto (linguiça fritinha e abobrinha al dente), junto ½ copo de vinho branco e deixo evaporar. Então, é só corrigir o sal, juntar a pasta, misturar vem, adicionar o parmesão ralado e servir. Toda essa faina não passa de 25 minuto. Saboreio com vinho tinto”.

 

Leitura

Olha o Itamar de novo!

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Depois do sucesso de “Torto Arado”, o escritor Itamar Vieira Junior está de volta com “Salvar o fogo”, da Editora Todavia. É um romance épico e lírico sobre a força das mulheres e o poder dos laços familiares, mostrando que os segredos e os fantasmas do passado também estão ligados às sombras do próprio país. Conta a história de Moisés, que vive com o pai, Mundinho, e sua irmã, Luzia, estigmatizada por seus supostos poderes sobrenaturais. Em Tapera do Paraguaçu, povoado rural na Bahia, Luzia ainda sonha em reunir a família novamente, trazendo os outros irmãos que foram embora.

 

Ópera

“Auto da Compadecida” pelo Brasil

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Depois de estrear com sucesso no ano passado nas capitais de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a Orquestra Ouro Preto está de volta com a turnê nacional de “Auto da Compadecida, a ópera”, montagem para o texto de Ariano Suassuna. Belo Horizonte, Manaus e Rio de Janeiro estão na programação. Escrito por Suassuna em 1955, o texto é considerado uma obra-prima pelos especialistas em literatura. Os personagens principais, Chicó e João Grilo, fazem contraponto com o poder da Igreja, representado pelo bispo e pelo padre da cidade, além da figura do coronel.

Serviço

Esta é a segunda temporada da ópera, que vai em seguida para Belo Horizonte, nos dias 13 e 14 de junho, com apresentações no Palácio das Artes e ingressos a preços de R$ 40 e R$ 80. Em seguida, o espetáculo chega ao Teatro Amazonas, em Manaus, nos dias 24 e 25 de junho, com ingressos entre R$ 25 e R$ 80. A turnê termina no Rio de Janeiro, no dia 15 de julho, com uma super montagem gratuita no Posto 2 da Praia de Copacabana, zona sul da capital fluminense, às 17h30.

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