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Segundo Nadiara Pereira, as chuvas isoladas e rápidas provocadas pelo El Niño não são suficientes para comprometer as atividades portuáriasCrédito: Vitor Lima Senna/Associação Comercial de Santos

Região Sudeste

El Niño acende sinal de alerta para produção no Norte e Nordeste, diz especialista

Atualizado em: 15 de junho de 2023 às 9:43
Cássio Lyra Enviar e-mail para o Autor

Meteorologista Nadiara Pereira deu uma palestra sobre o fenômeno climático na Associação Comercial de Santos

O fenômeno natural denominado El Niño pode causar significativas mudanças de teor climático no Brasil e em todo o mundo. Mas também traz reflexos que são diretamente influentes na produtividade de diversas regiões do país. O assunto foi tema de uma palestra realizada ontem (14), na Associação Comercial de Santos (ACS), em Santos (SP), conduzida pela meteorologista e apresentadora Nadiara Pereira, do Instituto Climatempo. A mudança de tempo esperada deverá trazer boas notícias para a região sul do Brasil, mas acende o alerta para uma possível escassez no Norte e no Nordeste.

O El Niño é um padrão climático que causa aquecimento ou temperaturas acima da média na superfície do Oceano Pacífico tropical central e oriental. O fenômeno ganhou o noticiário internacional recentemente, após a  Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) confirmar oficialmente no último dia 8 as condições para a formação do El Niño, que deve persistir até pelo menos o início de 2024.

Segundo Nadiara, o El Niño está em evidência depois de quase três anos. Durante esse período, outro fenômeno climático, o La Niña, foi o destaque.

“O El Niño é caracterizado pelo aquecimento do oceano, e ele tem os efeitos opostos do La Niña, pelo qual passamos por três anos consecutivos, que trouxe chuvas mais regulares para a metade norte do Brasil e uma seca para a região da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil. Agora, o El Niño geralmente intensifica sistemas meteorológicos, aumenta a chuva nas regiões mais ao Sul, que devem se recuperar desses anos de seca, enquanto que nas áreas mais ao Norte há o aumento para o risco de estiagem”, comentou a meteorologista.

Embora as notícias pareçam ser boas para a produção no sul do país, há ressalvas quanto ao provável excesso de chuva, que pode impactar negativamente a colheita dos cultivos de inverno, como o trigo, por exemplo.

“O que a gente traz de alerta é que na Região Sul deve ter mais chuvas. Então isso pode impactar na hora da colheita dos cultivos de inverno, como o trigo. Pode impactar em alguns momentos o excesso de chuva na produtividade, mas não deve ter falta de umidade. Deve produzir bem mais nas áreas de Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul. Devemos ter um pouco mais de regularidade de chuvas. Em alguns momentos o excesso pode trazer problemas de forma mais pontual”, analisou Nadiara.

A atenção maior será para a produção agrícola das áreas do Norte e também do Nordeste, onde pode ocorrer alguma redução em termos de produtividade da soja, do café e da cana de açúcar, entre outros produtos. “No Norte, a gente tem que ficar um pouco mais atento, pois pode haver redução de produtividade por causa da falta de chuva em alguns momentos”.

Segundo a especialista, outra região que pode sofrer um pouco mais é o chamado Matopiba, uma área majoritariamente de cerrado que compreende o encontro dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Nessa fronteira agrícola, especialmente na Bahia, que produziu bem nos últimos três anos, a próxima safra corre riscos pela falta de umidade. Ainda de acordo com ela, também podem passar por situação semelhante Mato Grosso e Goiás, dois importantes produtores de soja. O ano também pode ser menos produtivo para Espírito Santo e Rondônia, que se destacam na produção de café.

Nadiara também detalhou um pouco mais os efeitos do fenômeno na produção de cana. “O pessoal já está muito atento porque este ano produziu muito bem. Agora, com a expectativa de El Niño, a gente pode ter um pouco mais de umidade nas principais áreas produtoras do centro sul do Brasil, e isso pode impactar o corte e a moagem. É muita cana para ser colhida e podemos ter problemas com excesso de umidade, especialmente no início da primavera”, disse a especialista.

Atividades portuárias

Segundo Nadiara Pereira, as atividades portuárias não devem ser tão impactadas pelo El Niño.

“Nos portos, o que a gente tem de impacto é a diferença da característica das chuvas. La Niña traz um risco maior de períodos prolongados e úmidos, risco maior para invernar, bastante nebuloso, com névoa. No El Niño, a chuva costuma correr de forma mais isolada e rápida; (são) as chamadas pancadas. As atividades portuárias não são tão impactadas por esses períodos prolongados por tempos fechados”, completou.

ASPAS 

“O que a gente traz de alerta é que na Região Sul deve ter mais chuvas. Então isso pode impactar na hora da colheita dos cultivos de inverno, como o trigo”

Nadiara Pereira, meteorologista e apresentadora do Instituto Climatempo

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