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8 de julho de 2023 às 15:47
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

 

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Ricardo Delfim, diretor comercial do Jan De Nul Group, empresa familiar belga, está muito otimista para os negócios em 2023. E tem bons motivos: “Nossa empresa está preparada para as duas pautas que vem sendo fortemente discutidas, que são dragagem em hidrovias e concessões de acessos aquaviários. Na área de dragagem somos a maior empresa mundial ou, no mínimo figuramos no topo da lista. Sobre hidrovias, fizemos campanhas de dragagem pioneiras no Rio Madeira, onde por primeira vez na história um navio SOLAS (capazes de navegar em qualquer porto comercial do mundo) chegou à altura de Porto Velho”.

Para a segunda pauta, o portfólio de experiências é vasto: “Tivemos a concessão na Argentina por 35 anos no sistema Paraná/Prata somado ao acesso marítimo até Buenos Aires; também em 2019 assinamos um contrato de concessão até 2044 para o canal de acesso em Guayaquil- Equador, compreendendo 90 km de acesso marítimo e outros 90 km de acesso fluvial”.

Conta que há várias novidades e projetos interessantes ainda para esse ano, no setor público e privado, acreditando que o segundo semestre será bem aquecido: “As autoridades portuárias, de portos marítimos estão contratando estudos, há também alguns desenvolvimento em proteção costeira e alargamento de praias, mas pelo visto a agenda da Secretaria de Portos, conforme foi anunciado no último Nordeste Export, boa parte do orçamento de 2023 deve ficar alocado em hidrovias”.

No Brasil, a empresa vem fazendo várias intervenções de alargamento de praias para reverter a situação de áreas em risco de erosão costeira: “Este projetos visam proteger a costa contra a erosão marinha e, de quebra, somam com a atração de mais turistas e geração de receita para o comércio local, com praias mais amplas, maior espaço de recreação e prática de esportes”.

O primeiro projeto que a empresa executou de alargamento nas praias no Brasil foi em 1998, na praia de Piçarras (SC). Antes, não havia tecnologia disponível no mercado nacional e o tema ainda era quase desconhecido.

Hoje a preocupação é grande, a erosão costeira é um processo dinâmico, toda praia está em constante evolução geológica: “Nas cidades, as ocupações urbanas acabaram por fixar linha de costa sem planejamento. A natureza faz o trabalho dela, oscilando entre períodos de erosão e de assoreamento. O problema é que com a fixação da linha de costa, o quantitativo de areia que serviria como uma reserva natural contra eventos climáticos mais drásticos é eliminada do ciclo”.

Para o trabalho de dragagem portuária e hidroviária, boa parte dos equipamentos vêm de fora: “São ativos muito caros, quase não há produção local nem de peças de reposição. Outras obras, como as de praia, a exemplo das que recentemente fizemos em Balneário Camboriú (SC), Matinhos (PR) ou Meaípe (ES), contam com um pouco mais de conteúdo local”.

A empresa há vinte e cinco anos vem desenvolvendo vários negócios no Brasil. Mais recentemente, entre 2021 e 2023, além do alargamento das praias, fez a dragagem de manutenção no Porto do Rio Grande (RS) e a obra de implantação no terminal da Comgás do grupo Cosan em Santos (SP).

Delfim lista outros serviços: “Afretamos equipamentos para a dragagem de manutenção do Porto de Santos (SP); Afretamos equipamentos e expertise na dragagem para instalação de uma termoelétrica flutuante na Bahia de Sepetiba (RJ); fizemos dragagem do Porto de Ubu (ES) para a Sammarco, em Portocel (ES) para Suzano, Porto de Itaqui em São Luís (MA) e a já dita dragagem da Hidrovia do Rio Madeira, entre os estados de Rondônia e Amazonas”.

Ricardo Delfim nasceu em Presidente Prudente, Interior de São Paulo, e atualmente mora no Rio de Janeiro. Formado em Oceanografia pela Univale em Itajaí, Santa Catarina, comenta que a escolha da carreira foi natural: “Sempre gostei muito do mar, mesmo sendo do Interior. Oceanografia me pareceu uma oportunidade de juntar pesquisa, navegação e geologia, tudo que eu gosto, inclusive a área de dragagem. Na época eram poucos os cursos no Brasil”.

Depois de formado, voltou para São Paulo para fazer Mestrado voltado para Geologia na USP. “Desde a minha formação o tema dragagem me acompanha, o primeiro trabalho de minha carreira era fiscalizar dragagem no acompanhamento da obra”.

Atuou na Autoridade Portuária de Santos por um ano e meio como assessor especialista em dragagem e infraestrutura marítima. De 2011 até 2016 se fixou pela primeira vez na Jan De Nul, morando no Maranhão. Depois assumiu contratos temporários de consultoria para empresas daqui e do Exterior. Em 2018 foi para a área de administração dos portos de Paranaguá e Antonina.

Em 2021 retornou para a empresa belga, que detém números significativos: “Atualmente estamos com 84 navios principais na frota (entre dragas e equipamento de instalação, transporte e comissionamento de eólicas offshore) e rebocadores e outros equipamentos auxiliares (somados são mais de 700 unidades). Nossos navios são muito novos, a Jan De Nul é conhecida por isso. Como fazemos o projeto da construção dos navios, nosso diferencial é aplicar melhoria contínua em nossa frota, ampliando o conhecimento e melhorando o resultado final”.

Sobre o problema permanente da dragagem de manutenção no Porto de Santos, opina: “Santos é um mercado interessante para as empresas de dragagem, tem volume e oferece a interface com operadores do Brasil inteiro. São contratos de dragagem cobiçados, mas exigem uma execução precisa”.

Aponta, ainda, outro fator que pesa muito em Santos: “O porto opera muito próximo do seu limite operacional, qualquer centímetro que perder no calado pode impactar a cadeia toda”.

Sobre o túnel entre Santos e Guarujá, revela que a Jan De Nul está executando uma obra de um túnel similar à que está sendo pretendida para Santos. “Tivemos a oportunidade de levar o Ministro Márcio França para conhecer o canteiro de obras no Porto de Zeebrugge, onde estamos construindo os elementos que seguirão para instalação do túnel submerso em Antuérpia, a cerca de 55 quilômetros da capital do país, Bruxelas”.

O projeto é semelhante e tem dimensões parecidas, o que difere é a profundidade do canal, como explica: “Enquanto Santos tem por volta de 15, o local onde vamos instalar na Bélgica, a coluna d’água está na ordem de 30 metros. A tecnologia utilizada na construção é semelhante à que deve ser adotada na estrutura da ligação entre as cidades de Santos e Guarujá, no litoral sul de São Paulo. O túnel submerso Santos-Guarujá terá 800 metros de extensão, enquanto que o de Antuérpia terá cerca de 1.200 metros de extensão”.

Patrocinador do Brasil Export e Conselheiro do Sudeste Export, Ricardo trabalha e viaja muito, mas procura garantir sempre tempo para a família. E para seus hobbies: pescar e cozinhar.

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