Maior porto do mundo em movime ntação de contêineres, Xangai foi impactado pelo lockdown das cidades chinesas
Internacional
Xangai vai reabrir, boa notícia para retomada
Informação foi revelada em ‘live’ do Brasil Export, que também tratou de questões como fretes altos, fertilizantes, restrição de exportações de cereais e crise alimentar
Em meio à crise causada pelo lockdown na China e pela guerra na Ucrânia, uma boa notícia pode indicar o início da retomada rumo à normalidade para o comércio internacional. As atividades econômicas em Xangai, o maior porto do mundo e até hoje impactado pelo fechamento de várias regiões chinesas, devido a novos surtos de covid-19, vão começar a ser restabelecidas nas próximas semanas. Para especialistas, será o começo do fim do caos logístico que vem impactando as cadeias de suprimentos globais nos últimos meses.
Essa foi uma das questões tratadas na live “Impactos da Guerra Rússia-Ucrânia e da situação da China no comércio exterior brasileiro”, promovida ontem pelo Brasil Export – Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária. O encontro virtual, exclusivo para conselheiros, patrocinadores e convidados, foi transmitido ao vivo pelo portal BE News e no canal do Brasil Export no Youtube.
A live foi conduzida pelo CEO do Brasil Export, Fabrício Julião, e teve como convidados o sócio e vice-presidente de Negócios e Estratégias do Grupo H e presidente do Conselho internacional do Brasil Export, Jorge Lima; o diretor-presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Almirante Murillo Barbosa; o economista-chefe da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), Daniel Furlan Amaral; e o presidente do Conselho Administrativo da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei), Ennio Crispino.
A recuperação das operações portuárias em Xangai, na China, foi destacada pelo presidente do Conselho Administrativo da Abimei. Crispino, disse que o setor de máquinas e equipamentos tem sido impactado pelo lockdown chinês, especialmente por causa da suspensão de parte das operações no Porto de Xangai. “Xangai é o maior porto exportador de máquinas, principalmente as de médio e grande porte. Então isso tem causado um grande atraso no despacho de mercadorias adquiridas por empresas brasileiras”, afirmou.
No entanto, Ennio Crispino disse que a atividade econômica em Xangai deverá ser retomada nos próximos dias. “Está previsto para início de junho que as operações portuárias sejam restabelecidas, pelo menos alguns embarques que estamos aguardando. Já recebemos valores de fretes e datas aproximadas”, destacou.
A live também debateu os reflexos da guerra na Ucrânia na logística e no comércio globais. Recém-chegado da Ásia, o executivo Jorge Lima disse que há grande apreensão no exterior quanto à duração do conflito, com o agravamento da crise econômica global e com a aproximação entre a Rússia e a China. “Óbvio que a China vai socorrer (a Rússia), não vai perder essa oportunidade econômica. Mas é um momento bastante perigoso por falta de uma visão completa do cenário na mesa, tanto econômico quanto bélico”, analisou.
Já o diretor-presidente da ATP, Murillo Barbosa, comentou que há uma preocupação com um possível gargalo no estoque de fertilizantes. “Um dos operadores logísticos que importam fertilizantes me disse que, se não houver uma saída do produto na aquisição pelos produtores rurais, daqui a pouco nós vamos ter dificuldade de estoque. Acho que já se previa uma certa restrição do mercado, com restrições à Rússia devido às sanções, então, houve uma importação muito grande”, afirmou.
Barbosa disse ainda que pode haver redução nas importações devido aos altos preços dos insumos ,decorrentes da restrição de oferta no mercado internacional, devido à interrupção dos envios pelos portos da Ucrânia e da Rússia. “Os produtores rurais estão reticentes em comprar novas remessas pelo alto preço. O cloreto de potássio saiu de US$ 220 (2021) para mais de US$ 1.200 no mês passado. Agora, está começando a cair, talvez, porque nós estejamos com bastante fertilizantes. Isso vai impactar bastante a cadeia porque fertilizante é um insumo absolutamente essencial para a nossa produção agrícola”, salientou.
O economista da Abiove, Daniel Furlan, comentou sobre um efeito secundário da guerra na Ucrânia já em curso que é a restrição de exportações de cereais, que, dependendo da duração do conflito, poderá gerar uma crise alimentar global. “Quando o mundo começa a ter picos de preços e reduções de safras por diversas razões, os primeiros efeitos são que os países começam a adotar medidas restritivas de exportação. Vimos isso na Indonésia, em países do Mercosul, em países asiáticos. Então, aquelas cadeias produtivas que dependem do comércio vão ficando cada vez mais dependentes da matéria-prima local”, explicou, complementando que uma consequência são as crises alimentares.
“A preocupação é o quanto essa situação geopolítica entre a Rússia, Ucrânia e Belarus pode gerar outros focos indesejáveis para o mundo todo, e como achar caminhos diplomáticos para minimizar esses efeitos secundários tão importantes que já estamos vendo acontecer”, comentou Furlan.