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A comunicação é o grande desafio dos portos

29 de julho de 2023 às 12:25
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor
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Núria Bianco, chefe de Comunicação e Marketing da Portos do Paraná, parece estar sempre de bem com a vida. Ela chegou no setor por acaso, mas hoje entende muito e é apaixonada pelo trabalho. Nasceu em Londrina e veio morar em Curitiba para cursar Comunicação Social pela PUC-Paraná e Pós-Graduação em Comunicação Política e Imagem, pela UFPR.

Com uma experiência rápida e desestimulante no Porto de Paranaguá, em 2010, saiu decidida a ficar na iniciativa privada e não voltar. Só que a vida traz surpresas. Quando surgiu em 2018 o concurso para trabalhar no Porto de Paranaguá, ela nem se interessou. O namorado na época fez a inscrição dos dois e ela foi convencida a fazer a prova. Enquanto ele fez cursinho e estudou, Núria foi com a cara e a coragem. Resultado: ela passou e ele não. 

Primeiro veio o susto e o pensamento de concursada: “Vou ficar a minha vida inteira lá”.  Depois resolveu aceitar e mudou para Paranaguá. A distância esfriou o namoro e ela ficou com o porto. Entrou em 2018 como analista portuária jornalista e foi aprendendo a gostar da cidade, embora ainda passe os finais de semana em Curitiba, onde estão os amigos e familiares.

Em janeiro de 2019, o presidente Luiz Fernando Garcia assumiu como Diretor-presidente a Portos do Paraná e Núria foi convidada para coordenar a área de comunicação. “Ele nem me conhecia, mas me chamou para conversar e me deu essa oportunidade” 

No final de  2021, resolveu mudar o rumo profissional, pediu uma licença do porto e foi para Brasília como Gerente de Comunicação na Caixa de Assistência do Banco do Brasil. “Foi um trabalho desafiador e totalmente diferente. Em Paranaguá somos menos de 20% mulheres e lá em Brasília era o contrário. De longe, consegui perceber o quanto o setor portuário em comunicação nos permite fazer tanta coisa que nem se tem ideia. A gente arrisca pouco nessa área”, diz.

A distância de Paranaguá durou pouco e ela foi chamada para voltar ao porto, agora como assessora especialista da presidência. Núria é responsável por toda parte de comunicação, incluindo jornalismo, marketing e eventos. Assessora e acompanha o presidente em reuniões, entrevistas e prepara as apresentações. “Em Paranaguá temos liberdade grande para inovar e fazer um trabalho bem diferente na comunicação. Conseguimos manter nossas redes sociais descontraídas com mais humor.  Investimos em novos canais, como podcast e nossa TV corporativa, além de eventos de integração com a sociedade, como a corrida inédita pelos 5 km do cais, nesse ano, que teve quase dois mil inscritos”.

A comunicação é pautada em três eixos principais: melhorar a relação com a comunidade, melhorar a relação com stekholders de interesse (empresários e usuários) e posicionar o porto junto à opinião pública para além dos problemas. “Sabemos que o porto é um vizinho incômodo, traz trem, caminhão, barulho, sujeira. Temos tentado usar a comunicação para mostrar que não é só isso, que porto gera emprego, gera imposto, queremos envolver o cidadão comum na vida do porto. São 520 funcionários só na Portos do Paraná e três a cada cinco trabalhadores de Paranaguá estão envolvidos  na atividade portuária”.

A grande novidade para esse ano está na área tecnológica: “Temos um projeto grande em andamento, em fase de implantação, que é o Port Community System (PCS), uma plataforma eletrônica de troca de dados entre a comunidade portuária, integrando as informações de toda cadeia logística, promovendo eficiência por meio da redução de tempos e custos”.

Outro destaque é o Port Collaborative Decision Making (PortCDM), em fase de teste. É o gerenciamento das operações em tempo real, para otimizar o fluxo e a troca de informação entre envolvidos no processo de entrada e saída de navios nos portos do Paraná.

Para  ela, na nova gestão, o foco da comunicação mudou: “Criamos uma agenda positiva junto com a imprensa. Quando saía notícia do Porto de Paranaguá era sobre fila de caminhão, sujeira, só coisas negativas. Com a nova agenda, a imprensa nacional e especializada começou a lembrar do porto em pautas de interesse e como referência. Hoje temos um relacionamento muito bom, eles nos entendem como fonte segura e confiável”, afirma.

Escolher jornalismo foi natural, Núria é comunicativa e sempre gostou  de escrever. Aprender também está no seu radar e por isso tem estudado bastante no mestrado em Gestão Portuária e Logística da Fundación Valencia Port, da Espanha.  “Além de aulas presenciais em Valência e em Brasília, fazemos visitas técnicas”, conta. “Depois de seis anos de porto eu acho que sei muito, mas desconheço uma enorme parte, tem muita coisa ainda”.

Núria esteve no Sul Export e adorou: “O Brasil Export como um todo tem a vantagem de trazer debates de temas comuns. Muitas vezes, alguns eventos trazem apenas apresentações, sem discussões”.

Para ela, o grande desafio dos portos hoje é a comunicação: “É entender que para aprovar grandes projetos precisa ter ao seu lado a opinião pública como defensora, e não como detratora. Há grandes obras de engenharia portuária que são judicializadas e atrasam porque a sociedade não entende. É necessário trazer a comunidade para o nosso lado e mostrar de forma transparente a importância que o porto tem na vida dela”.

O grande prazer de Núria é viajar e quer muito conhecer a Ásia. “Quanto mais diferente a cultura, melhor”. A paixão atual é o cachorrinho Sushi, que acabou de adotar. No dia a dia faz questão de manter leveza, bom humor e autenticidade, assumindo as deficiências e as  fraquezas. “Parece que nesse mundo todo mundo tem que ser forte o tempo todo, principalmente das mulheres. Os homens em posição de liderança não ficam se questionando como nós. Quando você viaja a trabalho também ganha a segurança de perceber o quanto seu trabalho é bom”.

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