Importação de fertilizantes segue em alta nos portos do Paraná - Paranaguá, 10/12/2021
Região Sul
Paranaguá: com fila, lotado, mas operações vão continuar
Terminais privados operam com praticamente 100% de capacidade estática preenchida
O Porto de Paranaguá (PR), principal complexo do País em operação de fertilizantes, registra fila de navios para descarregar o insumo e tem pouco espaço disponível para o recebimento de novas remessas. Os terminais privados, responsáveis por operar este tipo de carga no complexo, têm capacidade estática de 3,5 milhões de toneladas em armazenagem, espaço que atualmente está praticamente todo preenchido.
Mesmo assim, Luiz Teixeira da Silva, diretor de Operações da Portos do Paraná (a autoridade portuária do complexo paranaense), afirma que não haverá paralisação na descarga de fertilizantes. O que deve ocorrer é a diminuição dos volumes. “Talvez seja preciso diminuir o ritmo e ao invés de descarregar 40 mil toneladas por dia, sejam descarregadas 20 mil, o que ainda é muita coisa”, pondera Luiz Teixeira.
O diretor explica que vários fatores têm influenciado nesta superlotação do complexo, e a demora para o escoamento do produto para o interior é um dos principais. Localizados fora da área de retaguarda do complexo, os armazéns que recebem os insumos estão com a carga represada, ou seja, não há saída na mesma velocidade que o desembarque. “Quando os sinais de que haveria um conflito na Rússia começaram, em outubro, o setor adiantou as compras de fertilizante com receio de ficar sem. Agora esta carga está parada porque ainda não tem comprador”, explica.
Além disso, há outros motivos que influenciam na lotação. “Muitos agricultores ainda não compraram fertilizantes porque não estão em período de plantio. Há também falta de espaço no destino para receber o produto e, ainda, há quem esteja esperando por preços menores numa expectativa que arrasta as negociações para o segundo semestre”, pontua Luiz.
Questionado sobre os custos da carga parada nos armazéns, o diretor explicou que o porto não tem gerência sobre eles e que os preços são calculados diretamente entre importador e terminal. “Existe a tabela de armazenagem que cobra um valor por tempo que a carga fica no terminal. Talvez os importadores tenham feito essa conta e concordam em pagar este valor enquanto não têm destino para a carga”.
Para o diretor de Operações, a situação só deve se normalizar em julho.
Navios
Só nessa segunda-feira (30), dos 12 navios atracados, seis eram para o desembarque de fertilizantes. Na fila da barra são 34 embarcações, das quais 14 estão carregadas do produto, segundo dados da Portos do Paraná.
Até o fim desta semana, mais cinco navios chegarão trazendo o insumo. Mesmo com a grande quantidade, os números são considerados normais para a época.
Preços
O preço dos principais fertilizantes importados pelo Brasil teve um reajuste de mais de 350%, saindo de uma média de US$ 350 por tonelada, na safra passada, para US$ 1,3 mil por toneladas na safra deste ano, um percentual que, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), pode gerar desabastecimento de alimentos no mercado mundial.
Esse impacto no aumento dos preços, conforme Fernando Cadore, presidente da entidade, não será sentido apenas pelo produtor rural, mas também vai afetar o consumidor final, que pode encontrar menos alimentos nas prateleiras do supermercado.
“Sugerimos à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que acione o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), cobrando explicações das empresas sobre o reajuste no preço considerado pelo setor produtivo como abusivo e inexplicável”, afirma Cadore.
Como exemplo, há o cloreto de potássio (KCL), que variou de US$ 350 para US$ 1,3 mil dólares por tonelada de uma safra para a outra. O fosfato monoamônico, conhecido pela sigla MAP, saiu de uma média de preço de US$ 480 dólares para US$ 1,4 mil dólares por tonelada nesta safra.
Frente à situação, a Aprosoja-MT alerta que os valores atuais são “impraticáveis” e devem inviabilizar a produção agrícola no Brasil.
Na semana passada, o presidente da Aprosoja-MT esteve em Brasília para debater o assunto em reunião com os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Marcos Montes, e Meio Ambiente (MMA), Joaquim Leite.