Até o momento, já foram assinados 18 Memorandos de Entendimento (MoU) com companhias interessadas na implantação de projetos de hidrogênio verde no Porto do Pecém, mais especificamente na área da ZPE Ceará
Região Nordeste
Pecém planeja iniciar produção de hidrogênio verde em 2025
O Porto do Pecém (CE) planeja iniciar a produção de Hidrogênio Verde (H2V) em 2025 e estima que, até 2030, conseguirá fornecer 1,3 milhão de toneladas do “combustível do futuro”.
As datas para o início dos trabalhos de instalação das usinas são variadas, mas o complexo já está em tratativas com os principais players globais do ramo para que o pontapé inicial aconteça, entre eles as empresas AES, EDP, Engie, Fortescue, Qair, Total Eren e Transhydrogen Alliance.
Até o momento, já foram assinados 18 Memorandos de Entendimento (MoU) com companhias interessadas na implantação de projetos de hidrogênio verde no Porto do Pecém, mais especificamente na área da ZPE Ceará – a única Zona de Processamento de Exportação em operação hoje no Brasil.
ZPEs são áreas destinadas à instalação de empresas voltadas à produção de bens que serão comercializados no exterior. As companhias situadas em ZPEs recebem também isenções tributárias.
Com isso, o Porto do Pecém caminha para se tornar o primeiro HUB de hidrogênio verde país e da América Latina devido, principalmente, a sua localização geográfica e estratégica, que torna a exportação de H2V mais curta entre a América do Sul e a Europa, gerando custos menores para a operação. Além disso, o Ceará tem sol e vento constantes, fatores essenciais para a geração da energia renovável utilizada na produção do novo combustível.
O hidrogênio verde é o nome dado ao combustível hidrogênio (H2) em sua versão “verde”, ou seja, quando é produzido utilizando fontes de energia “limpa”, sem emissão de poluentes como o CO2, e renováveis, como é o caso da eólica (ventos) e da solar.
Quando as instalações das usinas no porto começarem, há grande expectativa em torno da geração de empregos, renda e a contribuição direta para a descarbonização do planeta até 2050, um dos compromissos assumidos por diversos países do mundo no Acordo de Paris.
Em entrevista exclusiva concedida ao BE News em abril deste ano, o presidente do Complexo Industrial e Portuário de Pecém, Danilo Serpa, disse que o porto está trabalhando para se tornar um grande fornecedor mundial de H2V.
“Nos últimos anos, vem surgindo no planeta a demanda por uma matriz energética sustentável e o hidrogênio verde atende essa necessidade com perfeição. Para produzir hidrogênio, você tem de fazer a hidrólise da água, quebrando sua molécula (H2O) em gás hidrogênio (H2) e gás oxigênio (O2) e, para o combustível ser verde, esse processo deve utilizar energia limpa. E o Ceará tem energia eólica e solar, que podem até ser utilizadas conjuntamente”, explicou o executivo.
World Hydrogen 2022
Representantes do Complexo do Pecém participaram do World Hydrogen 2022, um dos maiores eventos de discussão sobre o hidrogênio verde do mundo, realizado no mês passado. A visita fez surgir novos horizontes ao porto, que já discute com parceiros a ampliação da cadeia de valor do Hidrogênio – que seria a produção de combustíveis sintéticos derivados do H2V. Quem explica é a Diretora Comercial do Complexo do Pecém, Duna Uribe.
“Nosso pensamento é considerar novos mercados para atração de investimentos para o Complexo do Pecém nessa cadeia logística, ou seja, além do H2V e da amônia verde, temos a possibilidade de produção de combustíveis sintéticos aqui”, detalhou a diretora.
Além disso, os executivos estudaram questões relacionadas à infraestrutura, ao transporte e à logística que envolvem o novo combustível. Visitaram também empresas que produzem eletrolisadores e conheceram as tecnologias que fazem parte de toda a cadeia de produção do H2V.
Compromisso
Durante o evento, os representantes do porto cearense assinaram uma carta que foi enviada à Comissão Europeia, em que o Porto de Roterdã se compromete a entregar 4,6 milhões de toneladas de Hidrogênio Verde até 2030 a países europeus.
O objetivo é contribuir com o abastecimento energético desses territórios com fontes limpas. O documento teve a adesão de 70 empresas do setor e países exportadores.
O Porto de Roterdã é sócio do Governo do Ceará no Porto do Pecém, com 30% das ações do empreendimento. O complexo europeu enviou, inclusive, uma equipe ao complexo cearense que auxilia o projeto de tornar o local um hub de H2V no Brasil. O Porto de Roterdã também será o centro de recepção e distribuição do H2V brasileiro na Europa.