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Mergulho

12 de agosto de 2023 às 12:42
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

Há esperança para os oceanos!

 

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“Pretendemos inundar a cabeça, o coração e a alma das pessoas com a necessidade de trabalhar conjuntamente para construirmos o oceano que queremos”, diz Alexander Turra, biólogo e professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo e coordenador da Cátedra UNESCO para a Sustentabilidade do Oceano. Às voltas com o evento São Paulo Spocean Week, a partir de 30 de agosto, ele sonha com a maior integração entre o homem e o oceano, lembrando que cerca de 20% do PIB brasileiro é proveniente do oceano. Confira a entrevista exclusiva:

 

Como surgiu a vontade de fazer Biologia? 

Minha vontade surgiu desde criança com relatos familiares de contato com a natureza, que me encantavam: o imaginário do Rio Tietê em uma época em que se nadava e navegava em águas limpas, do oceano em momento da pesca submarina, mergulho. Meus pais tiveram uma participação grande nesse movimento, além da curiosidade natural.

 

O que destacaria no evento São Paulo Spocean Week? 

É um grande festival de aproximação do oceano e da sociedade. Estamos na quarta edição. Ampliamos a abordagem e a proposta é fazer um evento para dialogar com diferentes públicos e diferentes temas desde o futuro do oceano até a relação do ser humano com o oceano, passando pela ciência, pela arte, pela emoção e pela razão.

 

Ainda está distante a integração entre Ciência e Sociedade?

A sociedade e a ciência estão ainda em uma realidade bem distante do que seria ideal. O evento busca fortalecer esses laços e temas para formar cidadãos com visão política, com compreensão sistêmica do mundo e do oceano para se posicionarem de forma ativa e independente.

 

Na proteção dos oceanos, o Brasil está muito atrasado?

O Brasil tem construído caminhos para enfrentar os desafios que se colocam. Temos os arcabouços legais e institucionais para lidar com as ameaças que atingem os oceanos. O que falta, no momento, é um pouco mais de coordenação para essas ações, além de visão de futuro que unifique todos os setores da sociedade. Nenhum setor se beneficia com um oceano doente e degradado. Precisamos também de investimentos estratégicos para ter instituições fortes, incluindo iniciativa privada, terceiro setor e a universidade para fazer esse movimento acontecer.

 

Quais os modelos de desenvolvimento sustentável para o futuro?

Temos hoje mecanismos que amparam esse diálogo com o futuro e a busca do futuro sustentável. A Agenda 2023 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável traz 17 objetivos, entre eles o ODS 14 que dialoga fortemente com as principais questões ligadas aos oceanos. O desenvolvimento depende de um oceano saudável e produtivo. A partir do oceano podemos combater a fome, pobreza, equilibra o clima, entre vários outros desdobramentos. A ONU também criou a Década do Oceano Sustentável até 2030 para fortalecer a busca da ODS 14, produzindo a ciência que precisamos para o oceano que desejamos.

 

Temos leis benéficas de proteção ao meio ambiente?

O Brasil tem políticas públicas arrojadas e estruturadas para lidar com os desafios que se colocam. Passamos por um momento de tentativas de fragilização de legislações no Brasil e esse movimento não vingou. E temos uma legislação moderna e robusta de como podemos caminhar para um futuro sustentável e melhor. Precisamos basicamente investir na implementação e na continuidade das ações para que elas não sejam fragmentadas no tempo e interrompidas.

 

As empresas acordaram para a questão?

A iniciativa privada tem ampliado seu entendimento da importância do oceano e a relação de suas atividades com o oceano, de relação de dependência, mas também de corresponsabilidade. Muitas atividades econômicas dependem fortemente do oceano e isso inclui o agronegócio brasileiro. A chuva que garante que o agro seja pujante como é no Brasil depende do oceano.

 

Há outros movimentos?

A Aliança para o futuro do Oceano já soma mais de 50 instituições da iniciativa privada, do poder público e do terceiro setor para que seja possível em sinergia exercitar o que chamamos de controle social para que as políticas públicas sejam implementadas. 

 

Por que o oceano continua quase desconhecido? 

O oceano é a grande fronteira do conhecimento, especialmente o macrofundo, a área de maior profundidade onde não há luz e a água é muito fria e a pressão muito alta. Sem pensar no oceano profundo, o oceano como um todo é pouco conhecido pela sociedade. O que precisamos é que os sistemas oceânicos estejam cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, incluindo as escolas. A Base Nacional Comum não tem o oceano como destaque, mas traz elementos que são competências e habilidades tratadas que podem ser consideradas com base no oceano.

 

Qual é a dificuldade?

 O grande gargalo no momento é  ter capacitação de professores e estratégias para trabalhar com o oceano, além da produção de materiais de apoio como livros didáticos, paradidáticos, materiais audiovisuais e cadernos de práticas pedagógicas que é o que a Cátedra vem buscando produzir num primeiro momento em relação ao lixo no mar.

 

Há esperança para esse cenário atual?

Sim, a esperança existe e não é romântica. Ela é alicerçada em estruturas e movimentos bastante concretos que vem se avolumando no país e no mundo. Os desafios são gigantescos, mas todas as condições necessárias para promover as mudanças estão sendo buscadas e alcançadas. Precisamos trazer um pouco mais da emoção em conjunto com a razão, com a ciência, que estamos consolidando cada vez mais, para fazer um movimento integrado e volumoso para mudar a realidade do oceano e do planeta. Se o oceano está doente, a sociedade também está. 

 

SP Ocean Week

 

De 30 de agosto a 3 de setembro o evento gratuito acontece no Memorial da América Latina, em São Paulo, com a proposta de levar o público a conhecer o oceano e discutir o futuro de suas águas. O evento é realizado pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, vinculada ao Instituto Oceanográfico (IO) e ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em parceria com a revista Scientific American Brasil. 

 

Serviço

SP Ocean Week 2023
Período: 30 de agosto a 3 de setembro
Local: Memorial da América Latina, Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda
Entrada: gratuita, sem necessidade de inscrição prévia para o público em geral, exceto para escolas

Em caso de dúvida, entre em contato com a organização do evento pelo e-mail contato@spoceanweek.com.brou pelo telefone (11) 3871-2997. 

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TAGS Biologia Ciência e Sociedade oceanos São Paulo