Diretores dos portos de Lisboa e Aveiro participam de painel do Think Tank
Portugal
Porto de Lisboa defende Portugal como hub de cargas brasileiras
Consumo de cereais e frutas cresce na Europa e Brasil pode aumentar a exportação desses produtos via portos portugueses, destaca diretor do complexo portuário
Portugal pode se tornar um hub de distribuição de produtos do agronegócio brasileiro, como frutas e cereais, segundo Thiago Fernandes, diretor de Logística do Porto de Lisboa. Ele explica que o consumo desses alimentos vem crescendo na Europa e o Brasil pode acompanhar essa demanda aumentando a exportação pelos complexos marítimos lusitanos.
“Há um potencial gigante nas relações entre Brasil e Portugal, e o Brasil, como grande produtor do agro, tem a possibilidade de criar com Portugal um hub de distribuição desses produtos na Europa”, disse Thiago.
Para o diretor, outro fator que pode favorecer as trocas comerciais entre os dois países é a criação de novas linhas de navegação para transporte de contêineres. “Dividimos o Oceano Atlântico, além do idioma ser empático entre nós. A guerra entre a Rússia e a Ucrânia também vai fomentar a procura de granel do Brasil e esta é uma oportunidade para exportar esse produto para Portugal, que fará a distribuição nos países europeus”, explicou Thiago.
O executivo foi um dos convidados do painel “Compartilhando o Atlântico: fomento do comércio internacional entre Brasil e Portugal”, do Think Tank Brasil Export, evento promovido pelos conselhos temáticos do Fórum Brasil Export, ontem (7), no Cubo Itaú. Além dele, fizeram parte da conversa Fátima Lopes Alves, presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro; Jorge Lima, presidente do Conselho Internacional do Brasil Export, e Raul Sá, integrante do Conselho Internacional.
Fatima lembrou que Portugal tem uma relação antiga com o Brasil, no que se refere à exportação de madeira que sai dos portos do Sul do País. “Há interesse em incrementar essas relações, olhando as particularidades de cada porto e o perfil de cargas que podem ser exportadas por cada um deles”, destacou ela.
Sobre o tema, Jorge Lima destacou que o desafio logístico ainda é grande devido ao desequilíbrio da cadeia mundial, mas que é em momentos de crise que os movimentos de inovação se intensificam e trazem mudanças. “O mercado mudou em termos de frete mundial e hoje, da mesma forma que a Austrália tem uma vantagem grande de negociação com a Ásia, Portugal tem com o Brasil pela proximidade”, apontou Jorge.
Descarbonização
O painel abordou ainda os desafios da descarbonização das operações. Fatima explicou que o setor vem exigindo mudanças tecnológicas nos portos, investimentos em inovação e projetos de transição energética. Neste sentido, desde 2020, o Porto de Aveiro definiu as metas de descarbonização até 2050, no âmbito da política europeia.
“Fizemos um diagnóstico e escolhemos as estratégias para a transição energética e digital do complexo portuário. Destaco um projeto piloto com uma empresa de biocombustível que não trouxe acréscimo financeiro nenhum ao porto. Com ele passamos a usar biocombustível, que emite menos CO2 (gás carbônico), nos rebocadores, nas lanchas, nos guindastes e equipamentos verticais”, explicou Fatima.
O diretor de Logística do Porto de Lisboa, Thiago Fernandes, disse que outra ideia é incluir nos novos contratos de concessão a obrigação de investimentos em energia renovável, painéis solares e aquisição de equipamentos elétricos, além de investimentos na relação porto/academia, que traz bons resultados com pesquisas e soluções de problemas.