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Autoridades e ambientalistas discutiram decreto federal que autorizou a operação com ácido sulfúrico

Região Nordeste

Maceió: revogação de decreto sobre armazenamento de ácido sulfúrico em pauta

Atualizado em: 21 de agosto de 2023 às 10:28
Vanessa Pimentel Enviar e-mail para o Autor

Órgãos ambientais se reuniram para debater questão que envolve movimentação do produto no porto

Representantes de órgãos ambientais de Alagoas se reuniram na terça-feira (15) para discutir sobre um decreto federal (10.330), de abril de 2020, que passou a permitir o armazenamento de ácido sulfúrico no Porto de Maceió (AL).

O debate está aquecido desde que a empresa Timac Agro Indústria e Comércio de Fertilizantes Ltda solicitou licença ambiental para armazenar este tipo de carga no complexo portuário. O produto é tóxico e, em caso de acidentes, pode contaminar o meio ambiente. Caso o terminal seja instalado, o Porto de Maceió será o único operador portuário especializado nesse tipo de carga.

O encontro organizado pelo Conselho Estadual de Proteção Ambiental (Cepram) teve a participação do secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gino César, que quer a revogação do decreto.

Em sua visão, é importante invalidar a lei para proteger a população da cidade. “Alagoas não pode ser o espaço para o desenvolvimento predatório, onde o meio ambiente e questões sociais sejam menos importantes do que o lucro. A regra é o desenvolvimento sustentável, até porque o nosso estado depende economicamente, por ser destino turístico, das belezas naturais, como é o caso das piscinas naturais e recifes próximos ao porto”, declarou.

Representantes do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) também participaram da reunião e apresentaram o parecer técnico que analisou e indeferiu, em junho, a licença requerida pela empresa Timac para armazenar ácido sulfúrico no porto.

O parecer técnico do IMA abordou uma série de preocupações relacionadas a potenciais riscos ambientais. Um dos destaques é a localização do Porto de Maceió, próximo a áreas ecologicamente sensíveis, como piscinas naturais e recifes marinhos. Estes ecossistemas são considerados de “valor inestimável para a biodiversidade local” e para o turismo sustentável, o que, para o órgão, realça a importância de evitar qualquer prática que possa prejudicá-los.

Além dos impactos ambientais, foi apontada a necessidade de observar as normas urbanísticas do município de Maceió. Conforme estabelecido pelo Código de Urbanismo e de Edificações da cidade, a instalação de atividades envolvendo produtos químicos, tóxicos e poluentes está sujeita a requisitos específicos.

O Artigo 500 do código, por exemplo, declara que empreendimentos deste tipo devem estar, no mínimo, a 500 metros de distância do perímetro urbano do município, o que não ocorre com as instalações previstas pela empresa.

De acordo com o secretário, a decisão que será tomada em relação à revogação do decreto terá consequências significativas para a proteção ambiental e a segurança da população maceioense.

O caso

O decreto federal Nº 10.330, de 28 de abril de 2020, qualificou o Terminal MAC10, no Porto de Maceió, para movimentar e armazenar granéis líquidos, principalmente ácido sulfúrico.

A Timac conseguiu o direito de operar o terminal no porto alagoano por 25 anos (prorrogáveis) ao ganhar o leilão em dezembro de 2020. Porém, a instalação de uma Unidade de Recebimento e Estocagem de Ácido Sulfúrico está sendo questionada por especialistas, entidades ambientais e pelo Ministério Público de Alagoas (MP-AL), que pediu a impugnação da construção devido aos riscos que o produto traz ao meio ambiente e à saúde humana.

No projeto apresentado pela empresa, o terminal onde o ácido sulfúrico ficará armazenado será construído em uma área de 8 mil metros quadrados, localizado entre as principais praias urbanas da cidade.

O produto estocado será utilizado por uma das fábricas de fertilizantes da empresa, localizada em Santa Luzia do Norte, região metropolitana de Maceió. O transporte também oferece riscos, já que será feito por vias urbanas.

 

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TAGS ácido sulfúrico Comércio de Fertilizantes órgãos ambientais revogação de decreto