Com uso de balsas, são feitas perfurações no leito do rio em uma área de 24 metros quadrados; depois, usando um tubo guia, os explosivos são introduzidos nos furosFoto: Reprodução/Instagram/Semil
Região Sudeste
SP faz 1ª detonação subaquática para ampliação do canal de Nova Avanhandava
Operação resultará na retirada de 552 mil metros cúbicos de rochas na hidrovia Tietê-Paraná
A Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) de São Paulo fez na segunda-feira, dia 21, a primeira detonação de rochas para ampliação do canal de navegação de Nova Avanhandava, no trecho da Hidrovia Tietê-Paraná, no município de Buritama. Segundo o Governo do Estado, a operação tem investimentos da ordem de R$ 300 milhões, recursos oriundos em parceria com o Governo Federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), e prevê a retirada de 552 mil metros cúbicos de rochas, o que permitirá manter as condições de navegabilidade na hidrovia, mesmo em períodos de estiagem.
O desmonte inicial acontecerá em uma área de 24 metros quadrados, onde serão retirados cerca de 100 metros cúbicos de pedras. A expectativa é de que sejam removidos de 19 a 21 mil metros cúbicos de rocha por mês. Para minimizar as implicações com a fauna aquática local, a detonação receberá técnica para manter os peixes afastados.
A intervenção, que de acordo com o Governo de São Paulo deve gerar mais de 1,4 mil empregos e beneficiar diretamente os municípios de Buritama, Brejo Alegre e Birigui, visa permitir o aprofundamento do canal em 3,5 metros em uma calha com largura de 60 metros, ao longo de 16 quilômetros de rio. Isso permitirá maior flexibilidade na operação das usinas hidrelétricas de Três Irmãos e Ilha Solteira, eliminando eventuais conflitos entre navegação e geração de energia.
Para a secretária da Semil, Natália Resende, a obra evidencia o caráter sustentável das hidrovias.
“O transporte hidroviário é prioridade dessa gestão, pois além de obtermos resultados importantes para o meio ambiente, é um eixo fundamental para o escoamento de produtos e bens no Estado”, analisou.
A Semil relembrou que o processo de derrocamento do pedral – fragmentação da rocha por explosão – que estava paralisado desde 2019, teve início em abril deste ano, com previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2026.
“No modal hidroviário, ao transportar uma tonelada de carga, com um litro de combustível, é possível percorrer uma distância três vezes maior do que pelo ferroviário, e nove vezes maior em relação ao rodoviário. Ainda, com a utilização das hidrovias para o transporte e a consequente diminuição dos veículos nas rodovias, é possível um ganho significativo para o meio ambiente, uma vez que a ação contribui para a redução de mais de 20 milhões de toneladas de emissão de dióxido de carbono”, afirmou o Governo Estadual, em nota sobre a operação no Canal de Nova Avanhandava.
Métodos
De acordo com a Semil, o método adotado para a operação, com uso de explosivo encartuchado (em invólucros como cartuchos), foi tido como o mais eficiente e rápido para o desmonte das rochas, principalmente as mais duras, como é o caso do basalto na região. Com uso de balsas, são feitas perfurações no leito do rio em uma área de 24 metros quadrados; depois, usando um tubo guia, cuja extremidade permanece fora da água, os explosivos são introduzidos nos furos.
Para a detonação, a técnica combina os cartuchos explosivos com um acessório (linha silenciosa) que diminui os efeitos da explosão subaquática por conter o lançamento de fragmentos de rocha. Além disso, para minimizar os riscos à fauna local, no entorno da área serão ligadas cortinas de bolhas de ar geradas por mangueiras com microfuros, com o objetivo de circundar o local. O equipamento, cujo funcionamento é similar ao das bombas de aquários residenciais, “afasta” os peixes por alteração na pressão do ambiente, sem causar qualquer tipo de dano ou provocar riscos às espécies.
Todas as etapas do processo são acompanhadas por técnicos habilitados, e o chamado “plano de fogo” (que prevê duas explosões diárias) segue todas as normas definidas pelos órgãos reguladores.
Hidrovia Tietê-Paraná
Com um total de 2,4 mil quilômetros navegáveis, a Hidrovia Tietê-Paraná atende, sobretudo, o transporte da produção agrícola até o Porto de Santos. Com 30 terminais intermodais para carga e descarga de produtos, conecta os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais, Goiás e São Paulo.
O trecho paulista possui 800 quilômetros. Somente nos primeiros seis meses deste ano, foram transportadas 810,7 mil toneladas, principalmente soja in natura e farelo de soja, 76% a mais do que no mesmo período do ano passado.