O novo secretário de Estado do Mar de Portugal, José Maria Costa, assumiu o cargo em março deste ano afirmando ter uma visão estratégica para gerenciar a pasta.
Portugal
Novo secretário do Mar quer receber navios ‘verdes’ e gerar energia limpa
Empossado em março deste ano, José Maria Costa, secretário de Estado do Mar, diz que comandará a pasta com visão estratégica para
O novo secretário de Estado do Mar de Portugal, José Maria Costa, assumiu o cargo em março deste ano afirmando ter uma visão estratégica para gerenciar a pasta, com olhos voltados às obras que vão preparar os portos para receber os navios ‘verdes’ e criar polos de energia limpa no país.
Em uma entrevista concedida a um veículo de imprensa português, no início deste mês, José disse que já se reuniu com os principais operadores do setor da economia do mar – encontro que contou com a presença do ministro da Economia, Antonio Costa Silva.
Durante a reunião, foi criada uma força-tarefa com a Confederação Empresarial de Portugal, a Associação das Indústrias Navais e a Marinha Portuguesa. Divididos em oito grupos de trabalho, a intenção é criar um documento para identificar oportunidades e obrigações do setor. Ainda em junho, haverá um segundo encontro para discutir o andamento deste documento.
Incentivador de um modelo operacional mais sustentável, José Maria diz enxergar nos oceanos “territórios do futuro”, que precisam estar no centro das pesquisas relacionadas às alterações climáticas e às novas tecnologias. E para operá-las, o secretário pretende trabalhar em conjunto com o Ministério da Educação com o objetivo de fomentar, ainda em sala de aula, o interesse dos jovens pelas profissões do mar.
“Vamos articular com o Ministério da Educação, por exemplo, a alteração dos currículos sobre as escolas profissionais. Precisamos que os jovens se interessem pelos temas e profissões do mar”, explicou o secretário.
Questionado sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que prevê 252 milhões de euros em investimentos no desenvolvimento da economia do mar, José Maria respondeu que entre os principais projetos estão as instalações dos nove hubs azuis, que serão coordenados pelo Ministério da Economia e do Mar.
“Um dos hubs será a governança dos outros oito, onde serão associados vários polos, como centros de investigação, empresas e municípios. Vamos ter dois hubs no Porto, um em Aveiro, um em Peniche, três em Lisboa e um em Olhão”, detalhou José Maria.
O Hub Azul é um projeto do governo de Portugal que pretende fomentar um modelo de negócio da economia do mar que incentive o compartilhamento de conhecimento e tecnologia entre empresas, universidades, autarquias e outros agentes. Algumas das atividades mais promissoras são a energia renovável de fonte ou localização oceânica, a aquicultura em mar aberto (offshore) e a nova robótica.
Investimentos
José Maria falou ainda sobre os investimentos previstos para a melhoria da infraestrutura dos portos portugueses e as obras necessárias para adaptar as áreas operacionais ao recebimento dos navios ‘verdes’. Para ele, este cenário é uma grande oportunidade para os estaleiros do país.
“Em muitos estudos, o setor da energia e o da construção naval, principalmente a reformulação dos navios, o chamado “green shipping”, são apontados como os que vão crescer muito nos próximos anos”, disse o secretário.
Ele destacou também as expectativas de crescimento estimadas com as obras dos polos de captação de energia eólica e com a instalação, no mar, dos equipamentos necessários para transformar a força das ondas em energia.
“Estão previstos muitos investimentos na área dos portos. O PRR tem instrumentos que vão ajudar a transformar os nossos portos em portos tecnológicos. A transformação energética é uma das preocupações. Temos de ter portos mais eficientes e sustentáveis, mas também temos de ter um sistema de abastecimento de energia elétrica, hidrogênio ou de outro tipo de combustível mais amigo do meio ambiente”, analisou o secretário.
Para ele, Portugal tem capacidade de ampliar sua participação na produção de energia eólica offshore, tendo como o exemplo o Windfloat, o primeiro parque eólico flutuante do país.
Neste sentido, José Maria comentou que a pasta está trabalhando na atualização do plano de situação de ordenamento marítimo para identificar novas áreas de instalação de parques offshore.
“Podemos ter a ambição de nos próximos dez anos atribuir uma capacidade possível de potência na ordem dos dez gigawatts. É uma possibilidade. As turbinas da Windfloat têm oito megawatts”, explicou.
Outro objetivo de seu mandato é integrar cerca de 30% do espaço oceânico do país como áreas marinhas protegidas. “Pretende-se que sejam espaços de conservação, mas também serviços ambientais que passam pela absorção do carbono. Vamos começar a fazer todo o processo legislativo que nos permite classificar as áreas marinhas e criar uma rede”.
A apresentação deste projeto de conservação dos mares deve acontecer na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, que ocorrerá em Lisboa, de 27 de junho a 1 de julho.