Diante dos frequentes congestionamentos nas estradas do Sistema Anchieta-Imigrantes, autoridades e empresários do Porto de Santos defendem a construção de uma nova rodovia ligando o complexo marítimo à capital paulistaCrédito: Divulgação/Ecovias
Região Sudeste
Nova rodovia São Paulo-Santos “não é prioridade” para o Estado, diz Benini
Secretário estadual debateu empreendimento viário em reunião com autoridades e lideranças do setor ontem, durante visita à Baixada Santista
O secretário de Parcerias em Investimentos (SPI) do Estado de São Paulo, Rafael Benini, disse nesta quarta-feira (20) que uma nova ligação rodoviária entre São Paulo e Santos “não é uma prioridade” para o Governo Estadual. Apesar dessa posição, a necessidade de uma nova via, pensando especialmente no Porto de Santos (SP), é vista como primordial para autoridades e lideranças do setor portuário.
Uma nova ligação entre a Grande São Paulo e o Porto de Santos, o principal complexo marítimo do Brasil, foi uma promessa de campanha do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que já sabia da necessidade de um novo acesso rodoviário ao cais santista enquanto esteve à frente do então Ministério da Infraestrutura.
A declaração de Benini ocorreu durante reunião em Santos com lideranças empresariais e autoridades locais. Participavam o CEO do Grupo Brasil Export, Fabrício Julião; o diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini; o vice-presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), Leonardo Ribeiro; o presidente da concessionária Ecovias, Rui Klein; e o deputado estadual Paulo Mansur (PL).
Durante o encontro, o secretário estadual foi questionado sobre o projeto de uma nova rodovia ligando a Grande São Paulo ao cais santista, defendida pela grande maioria dos presentes. Sua resposta foi: “Esta não é uma prioridade”. E ainda disse que não saberia “como viabilizar financeiramente essa obra”.
Em nove meses da atual gestão, o Governo Estadual ainda não apresentou projetos definitivos sobre a nova ligação rodoviária. A futura rodovia passaria por estudos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) e seria encaminhada ao PPI (Programa de Parcerias em Investimentos) de São Paulo.
Entre as opções apresentadas e discutidas para uma nova ligação, está a chamada Estrada da Zona Leste (também conhecida como Via Verde ou Via Green), um novo corredor que ligará o Rodoanel Leste até a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, com destino final à margem esquerda do Porto de Santos, no município de Guarujá. Projeto esse que é defendido pelo prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiushi (PL), pois estaria incluso uma alça de acesso do Rodoanel que atravessaria o município da Grande São Paulo.
A outra opção seria uma terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, integrando ao Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), trecho da concessionária Ecovias.
Possibilidade de colapso
A única via de acesso para a chegada de caminhões ao Porto de Santos é a Rodovia Anchieta, a mais antiga do Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI), que está chegando a seu limite.
Conforme números apresentados pela concessionária Ecovias e também pelo Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), pelo menos 12 mil caminhões descem pela via Anchieta por dia, com o número podendo ser diretamente afetado em razões de intercorrência na rodovia, principalmente no que diz respeito a seu trecho de serra.
Em junho, o presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, afirmou que iria pleitear junto ao Governo de São Paulo a implementação de uma terceira pista ligando o Planalto ao complexo portuário.
Segundo ele, relatórios apontam que, até 2030, pode haver um colapso na malha rodoviária da região, sobrecarregando ainda mais a Rodovia Cônego Domênico Rangoni, muito utilizada por caminhões que se dirigem ao Porto e trafegam entre Santos, Guarujá e Cubatão.
No mês de julho, durante um workshop promovido pelo Instituto de Engenharia, que discutiu uma nova ligação do Planalto à Baixada Santista, Pomini revelou que os problemas logísticos na malha rodoviária que faz acesso ao Porto de Santos já trazem reflexos negativos, com a ‘fuga de cargas’ para outros portos.
Inauguração
Durante a manhã de quarta-feira (20), Benini, o diretor da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), Milton Persoli, e representantes da concessionária Ecovias inauguraram a segunda fase da remodelação da nova entrada de Santos.
De acordo com a concessionária, que foi a responsável pelas obras, agora o acesso à Cidade de Santos passa a ser feito pelas pistas centrais, enquanto o fluxo em direção ao Porto de Santos seguirá pelas pistas laterais e central norte.
Também na solenidade foi entregue a alça de acesso chamada de “Rabo do Dragão”, que dá acesso à entrada no bairro Jardim Casqueiro, no município de Cubatão.
Segundo a Artesp, as duas obras custaram cerca de R$ 420 milhões.