A operacionalização e a gestão em larga escala do free flow, sistema automático de pedágio, aplicado nas estradas portuguesas foi apresentado à comitiva do Governo FederalCrédito: Luiz Siqueira/MT
Portugal
Referência no uso do free flow, Portugal auxilia Brasil a implantar tecnologia
Pedágio eletrônico já é usado em larga escala no país lusitano
O Brasil usará a experiência de Portugal com a implantação de pedágios free flow para aprimorar sistema previsto em novas concessões rodoviárias brasileiras. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (20) pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, que cumpre agenda no país.
A operacionalização e a gestão em larga escala do free flow, sistema automático de pedágio, aplicado nas estradas portuguesas foi apresentado à comitiva do Governo Federal. A delegação conheceu a experiência da concessionária portuguesa Brisa Autoestradas, diretamente do centro de controle da empresa, próximo à cidade de Lisboa.
Prevista nos projetos de concessões rodoviárias sob nova modelagem desenvolvida pelo Ministério dos Transportes, a tecnologia free flow deverá ser implantada nos primeiros cinco anos de administração pela empresa vencedora do leilão. Atualmente, ela está presente, ainda em fase de testes, na Rio-Santos, na BR-101, da concessionária CCR.
“Essa troca de experiências é muito relevante porque podemos ver o que deu certo, o que deu errado, e implantar no Brasil um modelo com mais acertos”, disse Renan.
“No momento em que lançamos nossa política de concessão, a troca com outros países que já têm uma maior curva de experiência é muito importante para avançarmos na modernização dos contratos e trazer inovações como o free flow”, continuou o ministro.
Implantar a tecnologia é uma das inovações do Governo Federal para aumentar a fluidez nas rodovias brasileiras, já que o motorista não precisa parar o veículo para pagar o pedágio, reduzindo o tempo de viagem.
Neste tipo de sistema, a placa do automóvel é identificada de forma automática e eletrônica, através de sensores e câmaras, sem necessidade de praças de pedágio. A cobrança também é feita por quilômetro rodado, o que facilita a redução das tarifas.
O free flow é visto também como uma tecnologia sustentável, pois ao evitar que o veículo freie, diminui a emissão de gases poluentes. Para o secretário-executivo da pasta, George Santoro, a ideia é, a partir dessas referências, fortalecer o compromisso da gestão com medidas de sustentabilidade.
“Projetos de infraestrutura têm que considerar sempre o impacto que geram na vida das pessoas e no meio ambiente, levando em conta o enfrentamento das mudanças climáticas e o processo de descarbonização”, declarou.
A secretária nacional de Transporte Rodoviário, Viviane Esse avaliou que é importante sinalizar o uso do free flow nas rodovias brasileiras para que mais empresas que trabalham com essa tecnologia tenham interesse em atuar no país.
Outras ações, como o uso de carros elétricos e de energias alternativas fazem parte das iniciativas que a delegação brasileira foi ver de perto, explicou a secretária. “Viemos para saber quais dispositivos e sistemas que eles usam para identificar um veículo que teve um sinistro de trânsito ou uma pane mecânica”.
Bilateral
Antes da visita à empresa Brisa, a delegação reuniu-se com o ministro das Infraestruturas de Portugal, João Galamba, para troca de experiências técnicas, sobretudo no que diz respeito à concessão de rodovias e mecanismos contratuais que facilitaram os processos.
O gestor português destacou que Portugal tem hoje a terceira melhor malha rodoviária da União Europeia, resultado de investimentos na capacitação dos agentes do setor público e na superação dos desafios referentes às concessões.
Renan Filho apresentou a nova política de concessões rodoviárias e ferroviárias e reforçou a necessidade de atrair investimentos para a infraestrutura brasileira, principalmente diante do crescimento da produção agrícola.
O ministro falou ainda sobre o pipeline de projetos do Governo Federal para o setor, da importância de conversar com os grandes players do mercado europeu e de atrair novas empresas de engenharia para o Brasil.
Assim como o Brasil, Portugal também trabalha em um plano nacional para expandir a malha ferroviária, e o governo se colocou à disposição do Ministério dos Transportes para troca de conhecimento e apoio técnico nesse sentido.
Nesta sexta-feira (22), o grupo apresentará a carteira de projetos de rodovias e ferrovias a cerca de 40 grupos de diversas partes da Europa – entre fundos de investimentos, operadores, concessionárias, entidades financeiras, de representação jurídica e empresarial, no roadshow Brasil Transport Invest – Portugal.
Recentemente, a carteira de projetos foi incrementada com o Novo PAC, lançado em agosto, com oportunidades que totalizam R$ 280 bilhões (€ 53 bi) em rodovias e ferrovias nos próximos anos.