sexta-feira, 22 de novembro de 2024
Dolar Com.
Euro Com.
Libra Com.
Yuan Com.

Participantes da missão técnica do Brasil Export visitaram o megaterminal PTP, 15o maior complexo marítimo do mundo em movimentação de contêineres (crédito Leopoldo Figueiredo)

Singapura

Hub ports serão cada vez mais importantes, diz CEO da PTP

Atualizado em: 10 de novembro de 2023 às 9:14
Leopoldo Figueiredo Enviar e-mail para o Autor

Marco Neelsen se reuniu com empresários do setor portuário e de navegação brasileiro na Malásia durante missão do Brasil Export

Os portos concentradores de carga – os “hub ports” – e as operações de transbordo serão cada vez mais importantes para a navegação mundial e a atividade portuária, principalmente diante da intensificação das mudanças climáticas. A análise é de Marco Neelsen, CEO do Pelabuhan Tanjung Pelepas (PTP), décimo-quinto maior complexo portuário do mundo e o segundo da Malásia em operação de contêineres. Ele falou sobre suas perspectivas para o setor durante reunião com empresários brasileiros que participam da missão internacional do Brasil Export, durante visita às instalações da PTP nessa quinta-feira, dia 9.

A missão internacional do Brasil Export levou mais de 80 empresários e autoridades dos segmentos de navegação e portuário brasileiros em visitas a terminais e empresas de infraestrutura de Singapura e da Malária nesta semana. A programação teve início no domingo, dia 5, e termina hoje, dia reservado para reuniões particulares entre executivos do Brasil e dos países asiáticos.

Na quinta-feira, o destaque da programação foi a visita ao complexo da PTP, localizado no sul da Malásia, no distrito de Johor Bahru, nas proximidades da fronteira do país com Singapura. Construído em 2000 e, atualmente, administrado a partir de uma parceria entre o grupo malaio MMC e a APM Terminals, da dinamarquesa Maersk, o porto se destaca por suas operações de transbordo e pelo rápido crescimento, tendo movimentado 10,5 milhões de TEU (sigla de Twenty-feet Equivalent Unity, unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) no ano passado, resultado que o levou a conquistar a 15a posição no ranking dos maiores complexos marítimos do mundo na movimentação de contêineres. 

O grupo brasileiro foi recebido por Neelsen, que destacou os planos do complexo para os próximos anos, sua estratégia operacional e as perspectivas para a navegação e o setor portuário mundial. Questionado sobre os principais desafios desses mercados, ele afirmou que contornar os impactos logísticos das mudanças climáticas já é e continuará sendo a grande meta deste segmento.

“O setor de navegação continuará crescendo e a concorrência nele também. Nesse cenário, as amadoras continuarão lutando para ampliar suas receitas, reduzindo perdas. E a grande preocupação são os impactos das mudanças climáticas, com suas tempestades, ressacas, tufões cada vez mais frequentes. E isso não é mentira, está acontecendo. E quando ocorre, temos portos fechando por cinco, seis dias, uma semana ou mais, com impactos sérios na cadeia logística. São perdas preocupantes”, explicou o executivo.

Neelsen lembrou dos reflexos, para a cadeia logística global, do fechamento do Porto de Shanghai (China), o maior do mundo em movimentação de contêineres, por meses durante a epidemia de covid-19. “Com o porto parado, cargas ficaram presas, navios perderam escalas e o setor sabe que deve evitar isso.
A solução para mitigar os impactos das mudanças climáticas na navegação passa pela consolidação dos portos concentradores, que devem ser complexos localizados em áreas do planeta menos propensas a fenômenos climáticos intensos. Esses portos vão concentrar as cargas de uma região, facilitando as operações das companhias de navegação. Esses complexos vão receber os grandes navios ligando suas regiões a outros pontos do globo e, ainda, as embarcações menores, trazendo e levando as cargas para as áreas próximas. “Esse é um modelo que terá sua importância cada vez mais ampliada. Não estamos falando apenas de uma redução dos custos logísticos, mas também sobre como evitar que o fechamento de um porto devido às condições climáticas não afete muito a cadeia de suprimentos, que deixam de escalar em várias localidades atrás das mercadorias para se fixar nos portos concentradores, em áreas mais seguras”, afirmou.

O CEO do TPT explicou que, caso uma tempestade feche um porto menor, suas cargas ficarão retidas nele, mas isso terá um impacto inferior na logística global. “Com o maior volume de cargas estando nos portos de transbordo (concentradores), o transporte continuará. Uma parte das cargas poderá ser afetada naquela região, pois estará presa com o fechamento de um porto (secundário), mas a grande maioria continuará a ser movimentada”, disse.
Marco Neelsen também destacou os planos de crescimento da PTP. Com uma capacidade para movimentar 13 milhões de TEU por ano, o complexo malaio conta com um cais de 5,1 quilômetros e berços com 18,5 metros de profundidade, capazes de receber os maiores conteineiros em circulação no planeta, que transportam 24 mil TEU. E ja tem planos para amplia suas instalações, expandido sua faixa de cais por mais 13,75 quilômetros, o que elevará sua capacidade operacional para 54,15 milhões de TEU por ano.

Para garantir o crescimento de suas atividades e, principalmente, de sua eficiência, a PTP aposta em sistemas de gestão digitalizados. Atualmente, todas as suas operações são mensuradas digitalmente e programas de inteligência artificial buscam projetar as melhores condições para se reduzir perdas de tempo e performance na movimentação de cargas nos pátios e no cais e, também, no tráfego de navios entre as áreas de fundeio e os berços.

 “Tudo é mensurado. Tudo são dados. Acompanhamos para saber como está nossa eficiência a cada momento, onde precisamos melhorar e, ainda, para prever onde teremos gargalos, onde temos de ter mais atenção. Tudo isso a partir dos dados que coletamos em tempo real”, destacou Neelsen. 

 

Principal empresário de Cingapura recebe comitiva do Brasil Export

A agenda da missão internacional do Brasil Export nessa quinta-feira, dia 9, também contou com uma reunião de integrantes da comitiva com o empresário número 1 de Singapura, o CEO da Tee Yih Jia Food Manufecturing, Sam Goi (em destaque). Ele recebeu executivos brasileiros na sede de sua companhia e falou sobre seus negócios. A Tee Yih´Jia é a maior produtora de alimentos da ilha-nação asiática, especialista em rolinhos primavera e produtos derivados, destinados principalmente para a China e outros países do mercado asiático. Devido a sua ´projeção internacional, Goi, também conhecido como o rei do rolinho primavera, é o embaixador de Singapura no Brasil, cargo que ocupa há seis anos.

 

Compartilhe:
TAGS hub ports impactos logísticos Marco Neelsen mudanças climáticas navegação brasileiro setor portuário