Quadro Brasil Export no programa Zerri News destaca premiação do Ministério da Infraestrutura (crédito: Reprodução Youtube)
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Gestão pública eficiente é possível, dizem dirigentes de Itaqui e Suape
Os dois complexos, administrados por gestões públicas, estavam entre os grandes destaques da terceira edição do Prêmio Portos + Brasil, da Secretaria Nacional de Portos
É possível fazer uma gestão pública de qualidade nos portos do Brasil, de acordo com Ted Lago, presidente do Porto do Itaqui (MA), e com Luiz Barros, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Complexo Industrial Portuário de Suape (PE), ambos geridos por autoridades portuárias públicas. Os dois concederam entrevista aos jornalistas Zerri Torquato e Leopoldo Figueiredo na edição de ontem (28) do quadro Brasil Export no programa Zerri News, transmitido pela rádio Santa Cecília FM (107,7 FM, na Baixada Santista).
Participou também Marcus Mingoni, diretor financeiro da Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o Porto de Santos. Os três executivos foram convidados para comentar as premiações de destaque que receberam durante a terceira edição do Prêmio Portos + Brasil, realizado no último dia 23, pela Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA/MInfra).
O Porto do Itaqui foi o mais premiado desta edição, conquistando quatro prêmios no total, o que mostra, segundo Ted, que a gestão pública pode funcionar de maneira efetiva. Ainda assim, para o presidente, a demora nos processos licitatórios e na execução de obras importantes para os portos é um problema dentro da esfera pública.
“É um grande desafio para a autoridade portuária pública ser competitiva dentro desse cenário regulatório”, comentou Ted Lago.
Questionado sobre a desestatização dos portos brasileiros, proposta defendida pelo Governo Federal, Lago respondeu que o modelo é um dos caminhos. “O Brasil precisa avançar na relação público x privado e, principalmente, na questão da regulação. Hoje eu sou um defensor da eficiência da empresa privada, porém com uma boa autoridade portuária pública”, disse.
Em relação aos prêmios recebidos pela boa gestão do Porto do Itaqui, Ted disse que eles refletem uma mudança iniciada em 2015, quando Flávio Dino assumiu o governo do estado. “Ele entendeu que o porto tinha um papel fundamental para a economia e deu liberdade para montar uma equipe técnica, com foco em resultados, e com autonomia de gestão que colhe os frutos de oito anos de continuidade”, explicou.
Para que o trabalho se mantenha mesmo quando uma nova gestão assumir, Ted disse que a Autoridade Portuária implantou em Itaqui uma normatização dos processos portuários através dos ISOs. “Essas certificações são uma garantia de que os avanços conquistados até agora serão permanentes, independente de quem assuma”.
Já Luiz Barros, diretor de Desenvolvimento de Negócios do Porto de Suape, atribuiu os dois prêmios conquistados, entre eles o da categoria “Execução de Investimentos Planejados”, com 94,2% do orçamento disponível executado em 2021, ao modelo implantado pela Autoridade Portuária que se baseia no monitoramento e acompanhamento de indicadores, como também é feito nas empresas privadas.
“Cada diretoria tem suas metas e seus indicadores a serem acompanhados quinzenalmente”, explicou Barros.
O executivo também defendeu a gestão portuária pública e disse que é um modelo que mitiga problemas, principalmente quando há conflitos entre operadores portuários.
Porto de Santos
A SPA ficou em terceiro lugar no ranking do Índice de Gestão da Autoridade Portuária (IGAP). Para Marcus Mingoni, diretor financeiro da estatal, “este é mais um importante indicador que destaca a grande transformação que o setor portuário vem passando, incluindo Santos”.
Para alcançar este resultado, Marcus explicou que a companhia conseguiu restaurar sua saúde financeira com a implantação de medidas de austeridade orçamentárias, investimentos em produtividade, crescimento da movimentação portuária e uma gestão otimizada, sem áreas ociosas no porto atualmente.
Marcus Mingoni afirmou que a SPA tem hoje em caixa cerca de R$ 1,5 bilhão, mas não consegue aplicar o recurso porque “temos um ambiente regulatório na administração pública que dificulta a execução na velocidade que a gente precisa”, pontuou.
“A desestatização seria muito importante para o Porto de Santos porque o privado tem muito mais agilidade e flexibilidade para poder executar processos com a austeridade devida”, concluiu.