Brasil Export
Corredor Bioceânico é destaque na abertura do Centro-Oeste Export
Políticos que representam o Mato Grosso do Sul defendem escoamento de cargas do estado por rota rodoviária em direção ao Oceano Pacífico
O escoamento da carga do agronegócio de Mato Grosso do Sul pelo Corredor Bioceânico Brasil-Chile, em direção ao Oceano Pacífico foi a tônica dos discursos de políticos que representam o Estado durante a solenidade de abertura do Centro-Oeste Export, na noite de segunda-feira (4), em Campo Grande (MS). O fórum regional, promovido pelo Brasil Export: Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária, segue com programação de painéis temáticos nesta terça-feira (5), no Hotel Deville Prime, na capital.
Uma das principais autoridades presentes no Centro-Oeste Export, o senador Nelson Trad Filho, o Nelsinho Trad (PSD-MS), garante que essa rota de escoamento dos produtos com destino aos portos do Chile, no Oceano Pacífico, vai gerar desenvolvimento não só para Mato Grosso do Sul como também para o País.
“Este corredor bioceânico, como é conhecido, em função de interligar o Oceano Atlântico até o Pacífico. É um eixo rodoviário de quase 2.300 quilômetros, que depende hoje da conclusão de dois trechos que já estão em andamento”, disse o senador.
Segundo ele, uma dessas vias em construção é o trecho rodoviário da Rodovia PY-09, no Paraguai, conhecida como Transchaco. “O chaco paraguaio equivale ao Pantanal no nosso país e já tem 50% desses 354 quilômetros, que dá mais de 100 quilômetros já prontos, de rodovia nova”, revelou Nelsinho Trad. Já o outro trecho citado por ele é a ponte que passará por sobre o Rio Paraguai, ligando Porto Murtinho (MS) a Carmelo Peralta, no país vizinho.
Ainda de acordo com o parlamentar, essa última obra já está em fase avançada. “Através de esforços que conspiraram a favor dessa realização, o (consórcio) Itaipu Binacional bancou o orçamento relativo à projeção desse gasto”.
Nelsinho Trad comentou ainda que o projeto da Rota Bioceânica atraiu o interesse da Associação dos Embaixadores do Sudeste Asiático (Asian). O senador, inclusive, criou uma frente parlamentar no Senado para debater sobre o desenvolvimento logístico e o intercâmbio turístico.
Mercado asiático
Em seu pronunciamento, o deputado estadual Felipe Orro (PSD-MS) falou sobre a perspectiva do Estado de escoar a carga pelo Oceano Pacífico e não mais pelo Atlântico, para atender o mercado asiático. Atualmente, grande parte dos produtos do Centro-Oeste são escoados pelos portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP).
“Nossa perspectiva é essa saída para os portos do Pacífico, barateando os custos enormemente e agregando valores aos produtos que são em grande parte exportáveis aqui do Estado, que são minério, ferro gusa, grãos e carne. Enfim, proteínas, produtos primários que são exportados em sua maior parte para a Ásia, principalmente, a China. Antes, os maiores compradores eram os Estados Unidos e Europa. Acredito que vamos viver um potencial econômico muito grande”, afirmou o parlamentar.
Orro ressaltou ainda a falta de infraestrutura em Mato Grosso do Sul. “Nós temos pouca infraestrutura no Estado, seja de rodovia, ferrovia ou hidrovia. Nós precisamos de investimentos grandes”, salientou o deputado estadual.
O ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro, destacou o papel da região Centro-Oeste e do Brasil frente à guerra na Ucrânia e o alerta sobre uma possível crise alimentar global.
“É importante que todos tenham consciência da importância do Brasil no mundo, produtor e fornecedor de alimentos. O Centro-Oeste assume uma responsabilidade sem precedentes e temos a obrigação de respondermos à altura aos desafios internacionais, aumentando a nossa produção de alimentos, escoando a nossa produção de maneira eficiente e a baixo custo. Esse esforço também não pode ser só nosso. É importante que cada um de nós entenda que nós seremos mais fortes se estivermos unidos aprofundando a integração regional e trabalhando em harmonia com o Paraguai, Argentina e Chile. Não são nossos competidores, são nossos aliados num desafio internacional de fornecer produtos e serviços de qualidade para o mundo”, declarou.
Por fim, Parkinson também enfatizou a rota com saída para o Oceano Pacífico. “Deixaremos de olhar apenas o Atlântico e passaremos a olhar também para o nosso interior. Lembrando do homem da fronteira, esquecido por muitas e muitas décadas, gerar empregos, facilitar o trânsito fronteiriço e permitir que o nosso empresário construa, através de cooperação, coordenação com outros empresários sul-americanos, um espaço produtivo regional, com parcerias fortes, com cooperativas fortes, com grandes grupos empresariais. Esse é o desafio que o Centro-Oeste, o Brasil e a nossa região têm que enfrentar”, ressaltou.
O desenvolvimento de Mato Grosso do Sul
O CEO do Brasil Export, Fabrício Julião, saudou a todos os conselheiros, empresários e políticos presentes na solenidade, ressaltando o potencial de negócios do agro no estado do Mato Grosso do Sul.
“Um agradecimento mais do que especial ao governador Reinaldo Azambuja e a toda a sua equipe. Fomos bem recebidos na governadoria hoje (segunda-feira) cedo e saímos com a feliz conclusão de que estamos em sintonia ao dialogar sobre os eixos logísticos e questões estruturais de imensa importância para a competitividade do transporte de cargas. Fiquei muito impressionado em ver o desenvolvimento do Estado, as parcerias do poder público com a iniciativa privada e a competência na geração de emprego e renda para os moradores”, afirmou Julião.
Ele ressaltou ainda que neste ano o Brasil Export fechou o primeiro ciclo de fórum do Centro-Oeste Export. “O Brasil Export visitou Rondonópolis, no estado do Mato Grosso, em 2020, e Rio Verde, no estado de Goiás, em 2021. Aqui, no Mato Grosso do Sul, nos deparamos com um estado competitivo e que busca estar ainda mais preparado para o futuro. O estado vem se industrializando e muitas das cargas mais exportadas têm valor agregado, como é o caso da celulose, com destaque para as patrocinadoras Eldorado e Suzano”, enfatizou Julião.
O presidente do Conselho Nacional do Brasil Export, José Roberto Campos, também ressaltou o desenvolvimento do Estado. “Hoje, numa saída que nós demos, em uma alameda eu me senti como se estivesse em Singapura, pela limpeza e pelo tratamento dado à área verde e pelo comportamento da sociedade em mantê-la dessa maneira. Esperamos que o evento de amanhã (terça-feira) traga alguns encaminhamentos a serem defendidos pelo Brasil Export junto às autoridades e que nós tenhamos, num futuro próximo, o Brasil conhecendo mais o Centro-Oeste. O Centro-Oeste é o Brasil que deu certo e que poucos brasileiros conhecem. Se o Brasil ainda está caminhando é por causa do Centro-Oeste”, afirmou Campos
Presentes ao evento
Presentes ainda à solenidade, estavam o sócio e vice-presidente de Estratégias e Negócios do Grupo H e presidente do Conselho Internacional do Brasil Export, Jorge Lima; o presidente da Federação Nacional das Operações Portuárias (Fenop) e do Conselho do Norte Export, Sérgio Aquino; o presidente do Conselho do Nordeste Export, Aluisio Sobreira; presidente do Conselho do Sudest Export, Marcelo Sammarco, presidente do Conselho do Santos Export, Ricardo Molitzas, diretora-executiva do Instituto de Praticagem do Brasil, Jacqueline Wendpap; e o gerente-geral da Granel Química/Odjfell Terminals, Edson Souki.
O primeiro dia do Centro-Oeste Export teve extensa programação. Às 8h30, no horário local — 9h30, no horário de Brasília —, participantes foram recepcionados pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), no Palácio do Governo de Mato Grosso do Sul. Em seguida, ocorreu a visita à sede do Sebrae Mato Grosso do Sul, em Campo Grande.
Já no período da tarde, após as 14h (horário local, 15h pelo horário de Brasília), parte da comitiva fez uma visita técnica ao frigorífico da JBS, em Campo Grande, e o outro grupo visitou a sede do Sest/Senat.
Programação do 2º dia
A programação do Centro-Oeste Export segue nesta terça-feira (5), no Hotel Deville Prime, à Av. Mato Grosso, 4.250, Carandá Bosque, em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul.
Às 8h30 (horário local, 9h30 pelo horário de Brasília), o presidente do Conselho Nacional do Brasil Export, José Roberto Campos, e o presidente do Conselho do Centro-Oeste Export, Edeon Vaz Ferreira, farão a abertura da programação técnica.
Às 8h45 (horário local, 9h45 pelo horário de Brasília), o painel 1 terá como tema “Alternativas logísticas para o desenvolvimento da região Centro-Oeste”, com apresentação do presidente do Conselho do Sudeste Export, Marcelo Sammarco, e moderação do secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Turismo na Prefeitura de Rio Verde, Denimarcio Borges. Para o debate, foram convidados o conselheiro Nacional do Brasil Export e ex-diretor da Antaq, Adalberto Tokarski; a diretora-executiva da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), Marcella Cunha; o presidente da Brado Logística, Marcelo Saraiva; e o ministro da carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores, João Carlos Parkinson de Castro.
Às 10h15 (horário local, 11h15 pelo horário de Brasília) haverá coffee-break.
Às 10h30 (horário local, 11h30 pelo horário de Brasília), será aberto o painel 2 “Conexão do agronegócio com a infraestrutura portuária da região Nordeste”, com apresentação do presidente do Conselho do Nordeste Export, Aluisio Sobreira. Já os debatedores são o diretor executivo do Movimento Pró Logística e Presidente do Conselho do Centro-Oeste Export, Edeon Vaz Ferreira; o diretor da Agemar Infraestrutura e Logística, Manoel Ferreira; e o diretor comercial da Companhia Docas do Ceará, Mario Jorge Cavalcanti.
Às 12h (horário local, 13h pelo horário de Brasília), pausa para o almoço.
Às 14h (horário local, 15h pelo horário de Brasília), iniciará o painel 3 “Armazenagem de cargas: desafios e soluções”, com apresentação do conselheiro do Centro-Oeste Export, Everaldo Fiatkoski, e moderação do presidente do Conselho do Santos Export, Ricardo Molitzas. Os debatedores são o gerente-geral da Granel Química/Odjfell Terminals, Edson Souki; a assessora técnica de Logística e Infraestrutura da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Elisangela Lopes; e o gerente técnico da Federação da Agricultura e Pecuária do Mato Grosso do Sul (Famasul), José Pádua.
Às 15h30 (horário local, 16h30 pelo horário de Brasília), haverá um coffee-break.
Às 15h45 (horário local, 16h45 pelo horário de Brasília), será aberto o painel 4 (Distribuição de energia e a adoção de alternativas renováveis na indústria e no agronegócio) que contará com os debatedores Marcio Cota, executivo de Negócios e Energia e Celulose da Eldorado Brasil; Daniel Furlan, executivo de Economia da ABIOVE; Jorge Lima, sócio e vice-presidente de Estratégias e Negócios do Grupo H e presidente do Conselho Internacional do Brasil Export. É esperado o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, que ainda confirmará a sua presença.
Às 18h15 (horário local, 19h15 pelo horário de Brasília), haverá a leitura da Carta do Centro-Oeste Export 2022 e anúncio da sede do fórum regional em 2023.