Ao assumir a presidência da Argentina em 10 de dezembro do ano passado, Javier Milei realizou uma reestruturação ministerial, reduzindo o número de ministérios de 18 para 9 (Crédito: Agustin Marcarian/Reuters via Agência Brasil)
Mercosul
Possível demissão de ministro da infraestrutura eleva tensão na Argentina
País vizinho vive incertezas enquanto enfrenta a pior inflação desde a década de 90
De acordo com informações divulgadas pelo jornal Clarín nesta quinta-feira, 25, há indícios de que o presidente argentino, Javier Milei, tenha tomado a decisão de demitir o ministro da Infraestrutura, Guillermo Ferraro.
Apesar de não haver um anúncio oficial, especula-se que a decisão possa estar relacionada ao vazamento de informações de uma reunião, onde Milei teria criticado governadores. Divergências entre Ferraro e o chefe da Casa Civil, Nicolás Posse, também são mencionadas como possíveis motivos para a demissão. Posse teria questionado Ferraro sobre nomeações em seu ministério, gerando conflitos.
Ao assumir a presidência da Argentina em 10 de dezembro do ano passado, Javier Milei realizou uma reestruturação ministerial, reduzindo o número de ministérios de 18 para 9, como parte de sua promessa de campanha de cortar gastos públicos.
Dentre as pastas mantidas, destaca-se a da Infraestrutura, abrangendo setores como Construção, Energia, Transporte e Comunicações.O foco do novo governo argentino tem sido a temática das obras públicas. Desde o início do mandato, Milei se comprometeu a revisar contratos nessa área e interromper o financiamento estatal para tais projetos.
Com a possível demissão de Ferraro em circulação na imprensa argentina, foram levantadas possibilidades sobre mudanças na pasta da Infraestrutura. Uma das hipóteses em discussão é o desmembramento do órgão em secretarias. Além disso, está sendo considerada a incorporação da Infraestrutura ao Ministério da Fazenda, liderado por Luis Caputo, conforme relatado pelo jornal La Nación.
Guillermo Ferraro, formado em administração e doutorado em ciências econômicas pela Universidade de Buenos Aires, seria o primeiro ministro a ser destituído do gabinete de Milei, aproximadamente 45 dias após o início do novo governo. Sua trajetória profissional inclui a posição de diretor de Infraestrutura e Governo na KPMG na Argentina, de 2010 a abril deste ano, e experiência no Banco de Entre Ríos entre 2003 e 2005.
A decisão de MileI levanta questões sobre o futuro da Infraestrutura no governo argentino e será acompanhada de perto pela população, dada a relevância da pasta no contexto das políticas de obras públicas e revisão de contratos empreendidas pelo atual presidente.
Os últimos levantamentos indicam que a Argentina enfrenta uma taxa anual de inflação superior a 211%, atingindo o nível mais alto desde a década de 1990. O presidente Javier Milei, eleito sem experiência política prévia, busca implementar medidas rigorosas de austeridade para combater a inflação, reduzir o deficit fiscal e recuperar as finanças do governo. No entanto, Milei alerta que os resultados podem demorar a serem percebidos, e muitos argentinos já enfrentam dificuldades econômicas, com 40% da população vivendo na pobreza.