Divulgação Wilson Sons
Região Sul
Porto de Rio Grande fará simulação para reduzir restrições a meganavios
Objetivo é analisar efeitos das manobras na dragagem de manutenção do canal, realizada no ano passado
O terminal de contêineres do Porto de Rio Grande, em Porto Alegre (RS), fará, em março, uma simulação de manobra de grandes navios com o objetivo de observar os efeitos dela na dragagem de manutenção do canal, realizada em novembro do ano passado. A intenção é reduzir restrições às embarcações de grande porte e abrir espaço para que o porto possa captar mais ganhos.
Um grupo técnico, formado pela Portos RS, Praticagem do Rio Grande, Sintermar, Technomar Engenharia e Marinha e Wilson Sons, que também conta com a supervisão de autoridades portuárias, é quem realiza as simulações para otimização do calado de giro para navios de grande porte (300 metros) desde abril de 2023.
A primeira etapa foi integralmente virtual, servindo para que as embarcações deste tipo operem no terminal sem restrições. O procedimento, que contou com 24 manobras e buscou reduzir eventuais impeditivos, teve a supervisão da Capitania dos Portos, assegurando a abordagem de questões de segurança para navegação.
O relatório técnico conclusivo foi emitido no início de dezembro após oito semanas de atuação, incluindo fase de estudo batimétrico, análise histórica de giros de navios na área focal, alinhamento operacional, parametrização do simulador e execução da simulação. A análise, realizada pelos órgãos responsáveis, apontou parecer positivo para a viabilidade do giro de navios de até 305m de LOA (Length Overall, comprimento total do navio), com possibilidade de calado de 12,4m (proa) e 14,2m (popa), atingindo um calado médio estimado de 13,2m. Já nos navios de classe 335m, a viabilidade aponta para um calado de 11,7m (proa) e 14,2m (popa), com calado médio de 12,9m.
“Entendemos que essa iniciativa é muito importante, e para isso estamos utilizando todas as ferramentas disponíveis no mercado para que esses navios venham e executem o giro em Rio Grande cumprindo com todos os procedimentos de segurança necessários”, relata Guido Cajaty, presidente da Praticagem de Rio Grande.
Para Fabiano Rampazzo, engenheiro naval da Technomar, o objetivo do projeto é proporcionar aos stakeholders de Rio Grande uma ferramenta que possa ser utilizada na tomada de decisão sobre as operações. “Seja para as embarcações conteinerizadas ou graneleiras, queremos dotar a comunidade de uma capacidade de avaliação de manobras, com limites superiores aos convencionais”, enfatiza.
“Consideramos esta operação conjunta como fundamental para todo o Porto do Rio Grande, uma vez que, ao se reduzir as restrições para o giro de navios de grande porte, favorece também a expansão do nosso porto e, consequentemente, toda a cadeia produtiva gaúcha”, observa Romildo Fernandes Bondan, diretor de operações da Portos RS. Ele salienta que a Portos RS, como empresa pública responsável por organizar, gerenciar e fiscalizar todo o sistema hidroportuário do Estado, envolveu tanto sua área de operações quanto a de infraestrutura.
No ano passado, o terminal registrou um volume movimentado de 663,4 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), o que representa um crescimento de 21,9% em comparação a 2022. Destaque para o aumento nos fluxos de transbordo e de exportação, com 33,1% e 28,8% de aumento respectivamente.
Para Giovanni Phonlor, diretor de operações do Tecon Rio Grande, este processo potencializa a condição do terminal de se tornar um hub logístico do Cone Sul. “Esta iniciativa usou tecnologia e experiência operacional para que, de uma forma segura, seja possível reduzir restrições sem a necessidade de investimento em dragagem”, destaca. “O avanço na redução das restrições significa que grandes navios poderão escalar o Porto do Rio Grande com mais carga, colaborando diretamente para o processo de se tornar um concentrador de cargas do mundo todo, localizado no extremo sul da América”, complementa.