Durante o evento “Aviação, Substantivo Feminino”, as especialistas, todas mulheres, abordaram vários temas, como a falta de uma maior representatividade feminina no setor (Foto: Reprodução/Anac)
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Mulheres relatam desafios a serem vencidos no setor aéreo
Especialistas participaram de um painel promovido pela Anac em alusão ao Dia Internacional da Mulher
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizou na sexta-feira, 8 de março, o evento “Aviação, Substantivo Feminino”, em celebração ao Dia Internacional da Mulher. Em colaboração com a Universidade de Brasília e a Associação das Mulheres Aviadoras do Brasil, o painel reuniu especialistas, todas mulheres, que abordaram os desafios enfrentados por elas ao ingressar e progredir nas carreiras do setor aéreo.
Desde 2019, a Anac possui um Comitê de Equidade de Gênero como parte de sua política de sustentabilidade. O diretor da agência, Ricardo Bisinotto, destacou a importância dessas iniciativas, incluindo a destinação de 50% das vagas em cursos de formação de mecânicos e novos pilotos para mulheres, em busca de uma maior igualdade de gênero.
“A relevância dessa escolha institucional parte de dados, como o fato de que somente 3% dos pilotos brasileiros são mulheres. A diversidade realiza justiça social e é também estratégica para o desenvolvimento sustentável da aviação civil”, ressaltou.
Jurema Monteiro, presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), enfatizou a constante necessidade de reafirmar a presença feminina no mercado de trabalho.
“A gente não pode abrir mão do nosso olhar feminino quando vê um problema. A gente tem que sempre lembrar que estamos ali também para trazer essa contribuição, olhar o tema com outras perspectivas, pensar em outra forma de se resolver o problema”.
Juliana Pavão, diretora de Relações Institucionais e Governamentais da Boeing, destacou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres devido à misoginia no setor.
“Existe a penalidade da maternidade. As mulheres recebem uma penalidade por se tornarem mães e os homens têm o bônus da paternidade. Quando o salário da mulher cai porque ela se tornou mãe — quando muitas vezes a maior parte do trabalho é para ela —, ela é quem mais se desenvolve na gestão de conflitos e gestão do tempo. É ela que tem o trabalho prejudicado, as oportunidades prejudicadas, enquanto o homem no mercado de trabalho, quando se torna pai, é visto como uma pessoa comprometida, responsável”.
Verônica Prates, diretora de Relações Institucionais da Embraer, afirmou ser necessário acabar com os estigmas sobre o universo feminino para criar ambientes seguros.
“A gente tem muitos mitos a serem vencidos, sendo um deles essa questão de a mulher competir com mulher. Contraditório, porque não é do feminino essa concorrência. Existem questões de maternidade, de assédio, sobre vestimenta e questões diversas que são particulares do nosso universo e precisam ser trocadas em um espaço seguro entre mulheres”, enfatizou.