sábado, 23 de novembro de 2024
Dolar Com.
Euro Com.
Libra Com.
Yuan Com.

Estilo BE

Oncologista Rodrigo Munhoz chama atenção para a importância da prevenção contra o câncer de pele

Atualizado em: 6 de abril de 2024 às 13:02
Ivani Cardoso Enviar e-mail para o Autor

Mergulho 

Fotoproteção é investir em uma vida saudável no futuro

Prevenção ainda é o melhor remédio para evitar o câncer de pele, mas a boa notícia é que a maior parte é curada com cirurgia. Nesta entrevista exclusiva, o oncologista Rodrigo Munhoz, coordenador do Comitê de Tumores da Pele da Sociedades Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), médico do Hospital Sírio Libanês e consultor da ONG Melanoma Brasil, traz informações essenciais. O câncer de pele, segundo o Instituto Nacional do Câncer, é o tipo mais frequente no Brasil e corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos. “O lado positivo é que a pele é o maior órgão do corpo e é visível, chama atenção para a investigação e se consegue diagnosticar precocemente”, ele diz. Confira:

 

Quais os tipos mais comuns de câncer de pele?

O câncer de pele contempla diferentes subtipos e esses podem ter biologias diferentes. Os subtipos mais comuns de câncer de pele são os tumores de pele não melanoma, cujos principais representantes são o carcinoma basocelular e o carcinoma epidermóide (células escamosas); os dois agrupados representam 95% dos tumores de pele.  Esses são tumores de fato com evolução mais demorada, quando comparados com outros tumores como o câncer de pâncreas, por exemplo. A incidência é um pouco maior nos homens e a doença vem crescendo principalmente em homens acima dos 60 anos.

Quais os tipos mais agressivos?

Existem tumores de pele dentro dos não melanoma que podem ser agressivos, como o carcinoma de células de merkel, que é um tumor raro de pele. E há o melanoma (5% dos casos), que é um dos menos comuns e mais agressivo, e que quando não diagnosticado precocemente pode ter uma evolução rápida.

Como desconfiar do que pode ser um câncer de pele?

Alguns sinais de alerta diferem do melanoma para o não melanoma. Para o melanoma, temos o chamado ABCDE de cuidado: lesões assimétricas, com bordas irregulares; coloração muito escura ou coloração diferente; lesões com diâmetro maior do que 5 a 6 milímetros (tamanho da borrachinha do lápis; lesões que estejam mudando ou ficando elevadas. Esses sinais também servem para o melanoma em menor grau. Ficar atento a lesões que não cicatrizam, com sangramento, coceira ou dor local e que estejam progredindo. Infelizmente, ainda vemos muito cenários de negligência, até lesões que foram escondidas ou tratadas de forma inadequada.

 Essa geração mais acostumada com protetor solar, tende a sofrer menos no envelhecer?

De fato, o uso da fotoproteção como um todo tem vários efeitos benéficos para a pele. Outras medidas além do protetor solar são importantes como evitar horários de pico, procurar sombra, usar método de barreira (chapéu, roupas com proteção UV, boné etc). Com os cuidados vêm os benefícios a longo prazo, como menos possibilidade de desenvolver câncer de pele, menos rugas, menos marcas da idade.

Em que idade aparecem os tumores de pele?

É muito variável, a base é ampla. Os tumores de pele não melanoma se desenvolvem mais a partir dos 65 anos e a média de idade do diagnóstico é feito entre 60 e 65 anos, mas há muitos pacientes jovens que têm o diagnóstico. O carcinoma de célula de merkel é peculiar, ele aparece a partir dos 70, 80 anos.

Num país tropical como o Brasil, os índices são maiores?

O Brasil é um país de dimensões continentais, com diferentes padrões étnicos de colonização e de fototipos (cor da pele, cor dos cabelos), que têm uma associação com os tumores de pele. Naturalmente a preocupação maior é a densidade de exposição à radiação ultravioleta muito alta o ano todo, principalmente em regiões onde é grande o número de pessoas de pele clara.

O que  a terapia fotodinâmica? Ela é eficaz?

É uma modalidade não cirúrgica de tratamento. Não consideramos para o tratamento do melanoma ou para o merkel, para os outros pode ser considerada. Consiste no uso de um fotossensibilizante (um produto que aumente a sensibilidade da pele à radiação) e é usada uma fonte de luz para tratar a região. É uma ferramenta para cenários muito específicos. A base do tratamento continua sendo a cirurgia. Também temos radioterapia, quimioterapia tópica e muitos outros recursos.

Quais os mais modernos tratamentos?

Como um todo o tratamento do câncer de pele vem avançando, trazendo ferramentas importantes para o diagnóstico e técnicas cirúrgicas modernas. No tratamento para doença mais avançada, os grandes pilares do câncer de pele, quando não se consegue fazer a cirurgia ou usar outras ferramentas, são a imunoterapia (sensibilizar o sistema de defesa para a presença do tumor)  e a terapia-alvo, que trata diretamente o tumor, tentando bloquear mutações que fazem o tumor crescer. Uma novidade é a terapia celular com a terapia celular com linfócitos infiltrantes foi aprovada em fevereiro nos Estados Unidos para tratamento do tumor.

Prevenir o câncer de pele é …

Fazer um investimento numa vida saudável nas décadas seguintes. O risco é que ele se concretiza anos e anos depois da exposição. O ponto principal da prevenção é a fotoproteção e atenção às lesões de pele. Pacientes transplantados ou casos na família associados a síndromes hereditárias merecem um acompanhamento mais próximo.

Compartilhe:
TAGS